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Você sabe o que é bipolaridade? Conheça essa condição e aprenda a ajudar

O transtorno bipolar atinge cerca de 6 milhões de brasileiros e pode ser mais complexo do que se pensa

 Publicado em  20/04/2023 às 10h03  atualizado em 20/04/2023 às 12h52 - Indaiatuba  Saúde


Bipolaridade está relacionada a falta ou excesso de alguns neurotransmissores no cérebro

Bipolaridade está relacionada a falta ou excesso de alguns neurotransmissores no cérebro
Foto: Google

BÁRBARA GARCIA

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Ao contrário do que muita gente pensa, o Transtorno Afetivo Bipolar (também conhecido como TAB) não é sinônimo de uma pessoa que “muda de ideia toda hora”, ou, no jargão popular, “temperamental”. 

Essa condição é, na verdade, um conjunto de alterações de humor, causada por falta ou excesso de alguns neurotransmissores no cérebro, e que também podem estar associados a vivências traumáticas, como discriminação, violência, descuido, estresse e outras. Segundo o psiquiatra Marco Antônio Abud, Universidade de São Paulo, para a psiquiatria o humor diz respeito aos níveis de energia física e mental, bem como à sensibilidade para a dor e o prazer. 

Sendo assim, as oscilações de pensamentos ou comportamentos pouco têm a ver com alegria e tristeza, mas sim com ciclos em que a energia está decaída (depressão) e fases em que a energia está aumentada (euforia ou também chamada de mania). 

É uma condição mais comum do que se imagina, já que dados da Organização Mundial da Saúde apontam para o acometimento de 6% da população mundial, ou seja, 254 milhões de pessoas. A Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), estima que 6 milhões de brasileiros tenham transtorno bipolar.

Em Indaiatuba, o Centro de Atenção Psicossocial Adulto (CAPS 2) atualmente cuidam de aproximadamente 700 pacientes com diagnostico de TAB. O tratamento eficaz para este diagnostico se da com combinação de medicamentos e intervenções psicossociais. As medicações disponíveis de Alto Custo no município são: Clozapina, Lamotrigina, Olanzapina, Quetiapina e Risperidona.

Fases

Essa condição possui gradações, sendo que a forma mais leve é chamada de ciclotimia, em que o paciente apresenta episódios de depressão não tão intensos, e episódios de expansão do humor também menos exuberantes (hipomania). Apesar de se apresentar de forma mais branda, a ciclotimia também causa muito sofrimento e prejuízo para quem passa por isso. Os descontroles emocionais podem vir se tornar perdas, em várias áreas da vida.

Neste quadro clínico, existem fases de depressão, como sintomas mais conhecidos como falta de disposição, perda de prazer em coisas que gostava, isolamento, tristeza, apatia e visão pessimista da vida, que incluem pensamentos catastróficos. 

Já nas fases de euforia, a pessoa pode apresentar pensamento acelerado com fuga de ideias (em que ela não consegue terminar um raciocínio), muita irritabilidade, ideias grandiosas que não podem ser aplicadas na realidade, e comportamentos compulsivos envolvendo compras, álcool, comida, drogas ou sexo. 

Existem também os episódios mistos, onde o paciente se encontra extremamente deprimido e agitado ao mesmo tempo. Esses são os mais perigosos, segundo o médico Marco Abud, pois a pessoa está extremamente triste, porém agitada, o que leva a maior incidência de pensamento de morte e ideações suicidas. 

É um assunto delicado, mas vale lembrar que 96% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, sendo o TAB um dos mais comuns. Em casos mais graves, são necessárias internações, seja qual for a fase do adoecimento.

Em todos os casos, deve ser feito um acompanhamento cuidadoso por um psiquiatra, já que os medicamentos e doses necessárias podem variar de acordo com cada fase que o paciente está passando. O contato contínuo e a confiança para com o médico fazem toda a diferença.

Tratamento

O diagnóstico só pode ser feito por um psiquiatra competente, e muitas vezes é difícil chegar a esta conclusão, pois alguns sintomas podem se confundir com a depressão clássica, o TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) e até com esquizofrenia. 

É importante salientar que a pessoa com bipolaridade se mantém lúcida e com a inteligência preservada, e estatisticamente, são pessoas que apresentam níveis elevados de coeficiente de inteligência, se tornando muito produtivos e criativos em suas áreas de atuação, tanto profissional quanto intelectualmente.

Portanto, é preciso enfrentar o estigma e o preconceito: ter variações de humor não ter nada a ver com “loucura”, e precisar de medicação e terapia não é vergonha ou demérito. Aceitar o tratamento é um sinal de força e resiliência, que fará a pessoa conseguir ter mais qualidade de vida. 

Outra informação importante é que o Transtorno Afetivo Bipolar tem fatores genéticos e biológicos, portanto, é um sinal de alerta caso alguém da família já tenha sido diagnosticado. É preciso compreender que por causa das alterações neuroquímicas no cérebro, é uma condição permanente, mas que tem tratamento e controle. 

Somente médicos psiquiatras podem prescrever os medicamentos, e psicólogos seriamente comprometidos podem oferecer o acolhimento e acompanhamento necessários. Se você tem esses sintomas ou sentimentos semelhantes, não tenha medo de procurar ajuda médica. É o primeiro passo para construir uma trajetória saudável e construtiva.

Alguns dos medicamentos utilizados são disponibilizados na rede pública em farmácias populares. O lítio, carbamazepina, sertralina, clonazepam, ácido valpróico e fluoxetina são consideradas medicações básicas, já a olanzapina, lamotrigina, quetiapina, risperidona e outras são consideradas de alto custo. 

Para as medicações básicas é necessário apresentar o cartão do SUS, RG e receita médica do especialista. Para as de alto custo, são necessários mais alguns documentos. Orientações sobre isso podem ser obtidas no site do SUS ou nas próprias farmácias populares. 

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