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Veneno da aranha armadeira mostra potencial no combate a tumores cerebrais

Pesquisadora da Unicamp isola moléculas do veneno que reduzem migração de células tumorais

 Publicado em  18/10/2025 às 12h00  Brasil  Saúde


O veneno da aranha armadeira tem efeitos sobre células tumorais

O veneno da aranha armadeira tem efeitos sobre células tumorais
Foto: Divulgação

A picada da aranha armadeira, também conhecida como aranha da bananeira, é temida por causar dor extrema e, em casos mais graves, convulsão e até paralisia em adultos enquanto em crianças e animais o risco de morte é real. Mas há décadas, o potente caráter neurotóxico dessa espécie atrai pesquisadores interessados em compreender a ação do veneno no sistema nervoso central e seus efeitos sobre células tumorais. Uma dessas pesquisas foi desenvolvida pela biomédica Natália Barreto dos Santos em sua tese de doutorado pelo programa de Biologia Molecular e Morfofuncional do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Ela realizou testes laboratoriais com moléculas isoladas do veneno em amostras tumorais humanas, observando a redução da migração de células de tumores cerebrais de diferentes graus de malignidade, incluindo o glioblastoma – o mais agressivo e letal. O trabalho rendeu à pesquisadora o Prêmio Tese Destaque 2024/2025 da Unicamp e resultou na criação de um biobanco de linhagens tumorais. Para a orientadora da tese, professora Catarina Rapôso, que há mais de 20 anos pesquisa venenos de animais peçonhentos, a importância do trabalho está na aplicação translacional. “Sempre acreditei na aplicação farmacológica dos venenos. Este tipo de pesquisa permite sair da etapa básica e avançar para soluções que podem impactar a vida humana”, destaca. O estudo envolveu a coleta de 14 amostras de células tumorais de pacientes, com acompanhamento das cirurgias pelo neurocirurgião João Luiz Vitorino Araujo, coordenador do Setor de Neurocirurgia Oncológica da Santa Casa de São Paulo e coorientador da tese. Três amostras foram analisadas em laboratório para verificar a resposta às moléculas isoladas do veneno, observando-se redução na migração das células tumorais independentemente do perfil molecular do glioma. As amostras agora compõem um biobanco de linhagens tumorais, que podem ser cultivadas e congeladas para uso em outras pesquisas. Santos explica que o cuidado no armazenamento e descongelamento foi fundamental para preservar a viabilidade das células, evitando contaminações. Este mês, a biomédica iniciará parceria com a Universidade da Califórnia (UCLA), nos Estados Unidos, para aprender novas técnicas e analisar mecanismos de ação das moléculas, ampliando as possibilidades de aplicação em estudos futuros. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que o Brasil registra anualmente cerca de 11 mil novos casos de câncer do Sistema Nervoso Central, sendo 88% deles no cérebro. A pesquisa é especialmente relevante para o glioblastoma, que se difunde pelo parênquima cerebral, dificultando a remoção completa por cirurgia e apresentando baixa resposta a medicamentos. O veneno da aranha armadeira também mostrou ser capaz de atravessar a barreira hematoencefálica, característica que dificulta a ação de muitos medicamentos no cérebro. Ele atua sobre os astrócitos, células da glia que, quando mutadas, podem gerar gliomas, reduzindo a invasividade do tumor

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