Um relato orgulhosamente AMADO sobre o Fab City Challenge: o futuro é ancestral

Foto: Divulgação

Entre os dias 26 de julho e 4 de agosto aconteceu o Fab City Challenge, que selecionou 80 participantes de todo o mundo. Dentre os selecionados, 19 eram da Amado Maker, e sete foram escolhidos para representar o Brasil e a empresa no desafio. Lorena Crepaldi, uma das participantes, foi premiada e compartilhou conosco sua experiência. A Amado Maker está orgulhosa da vitória de Lorena e da dedicação de todos os envolvidos. Confira seu depoimento abaixo.

Ancestralidade, Cultura e Transcendência: essas três palavras definem uma semana de grandes aprendizados, imersão cultural e um exemplo rico de empoderamento feminino e relação intergeracional. As mulheres do grupo Yo’tanTe’ são de San Jerónimo de Tulija, uma pequena vila em Chiapas, no México, um lugar exuberante repleto de lindas cachoeiras e muita tradição Maia, preservada até hoje.

Foi uma experiência muito enriquecedora ser tão bem recebida, e estar tão imersa na cultura e nos ritos. Logo quando chegamos nos receberam com uma frase muito simbólica para a cultura “Ju’un pajal o tanil” que significa “andamos com o mesmo coração”. Essa frase me emocionou por ser tão simples e ao mesmo tempo significar tantas coisas.

Nossa jornada começou meses atrás, quando nos inscrevemos sem saber o que esperar, mas com muito entusiasmo. Sete pessoas viajaram ao México por vários desafios promovidos pelo Fab City Challenge, uma organização que recebe pessoas do mundo todo com a missão de elaborar projetos utilizando tecnologias de fabricação digital em prol de causas de extrema importância social e ambiental. 

Transformação

No primeiro dia, elas contaram histórias de como a vila foi fundada e como o papel da mulher naquela sociedade se transformou ao passar dos anos. Foi um momento muito forte, entender que as mulheres Tsetal conquistaram seus direitos a estudo e trabalho muito recentemente. A partir desse momento, começamos a entender a importância do grupo Yo’tanTe’, um coletivo de mulheres que transcende o papel pragmático e patriarcal ao se organizar para criar uma empresa utilizando máquinas de fabricação digital para transformar ideias e possíveis sonhos em realidade.

Junto com as mulheres do grupo, decidimos que a proposta seria criar, construir e vender móveis para a comunidade, promovendo uma economia circular e gerando um impacto socioeconômico positivo para a vila.

As dez mulheres integrantes do grupo participaram desde o processo criativo, definição de medidas, elaboração, até a construção dos móveis. Foram quatro dias de intenso trabalho e muitos workshops sobre as máquinas, softwares, desenho e uso de ferramentas. O impacto da proposta vai além de gerar um produto que possa ser replicado, mas sim gerar mais qualidade de vida, melhorando a infraestrutura das casas e aumentando a confiança e motivação das futuras gerações da cidade. Crianças e adolescentes se sentem inspiradas para estudar e realizar suas ideia, ao verem o exemplo de suas mães fortificando uma relação entre a ancestralidade e o futuro. 

No último dia foram mais dezesseis horas de viagem de ônibus para Puebla, para que pudéssemos apresentar o projeto implementado aos jurados. Levamos todos os protótipos realizados naquela semana e contamos com a presença de duas integrantes do grupo para relatar suas experiências.

Dentre os nove projetos apresentados, “Artesanato na Selva” foi contemplado pelos jurados com um prêmio de US$ 5 mil para a implementação dos futuros passos do grupo Yo’Tante’. Sinto que os projetos que desenvolvemos na Amado Maker foram fundamentais para me preparar para o desafio, de forma que consegui incorporar muito dos meus conhecimentos adquiridos em mobiliário e design na elaboração da proposta. 

Ao final, o que levo de mais importante é o poder da coletividade. Saio de lá com a certeza de que andamos com o mesmo coração.