Publicado em 19/02/2025 às 09h17 Brasil Educação
O avanço das tecnologias digitais trouxe o celular para o centro da vida de crianças e jovens, tornando-o um companheiro constante. Com a aprovação da Lei 15.100/25, que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas, o debate sobre a tecnologia na educação ganha nova relevância: como equilibrar restrição e educação para formar jovens mais responsáveis no uso dessas ferramentas?
A proibição do uso de celulares nas escolas pode ser uma medida estratégica e necessária para proteger o ambiente educacional e assegurar o foco dos alunos. Embora os dispositivos móveis tenham papel fundamental no mundo digital, seu uso desregulado em sala de aula frequentemente gera mais prejuízos do que benefícios.
Pesquisas mostram que o uso indiscriminado de celulares está diretamente relacionado a problemas como distração, dificuldades de concentração e impacto nas interações interpessoais, além de aumentar a ansiedade. Esses fatores comprometem o desempenho acadêmico e dificultam o desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais para a vida em sociedade.
Para Meire Bacci, Coordenadora Pedagógica na ONG Parceiros da Educação Rio, a medida pode ser eficaz para melhorar o ambiente escolar. "A proibição cria um espaço mais propício à aprendizagem e à interação social. Sem a constante interferência das notificações, os alunos têm mais oportunidades de desenvolver habilidades essenciais para a convivência e o pensamento crítico", afirma.
O impacto da tecnologia no aprendizado é evidenciado em dados recentes. Segundo o Pisa 2022, 65% dos estudantes da OCDE relataram distrações causadas por dispositivos digitais em aulas de Matemática, número que ultrapassa 80% no Brasil. Já o Pisa 2024 apontou que alunos que utilizam tecnologia de forma moderada (uma a cinco horas diárias voltadas à aprendizagem) obtêm melhores resultados. Por outro lado, aqueles que gastam mais de uma hora por dia em atividades digitais de lazer apresentam desempenho acadêmico significativamente menor. O impacto é claro: alunos que dedicam cinco a sete horas ao lazer digital têm, em média, 49 pontos a menos em matemática, mesmo considerando fatores socioeconômicos.
Esses dados mostram que a proibição do uso de celulares no espaço escolar é uma medida necessária para conter os impactos negativos do uso indiscriminado. No entanto, a proibição não pode ser o único caminho. "Não basta apenas proibir. É fundamental que a escola trabalhe com os estudantes e suas famílias para que compreendam os prejuízos do uso desregulado e os benefícios do uso pedagógico da tecnologia", pontua Meire Bacci.
Com ou sem proibição, os celulares continuarão presentes na vida dos alunos fora da escola. O desafio da educação no século XXI vai além de banir dispositivos: ele passa pela capacidade de repensar práticas e reeducar para o uso responsável da tecnologia. "A proibição minimiza os danos imediatos, mas também nos convida a refletir sobre como formar jovens que saibam usar a tecnologia de forma ética e equilibrada", conclui Bacci.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe como uma das competências gerais a formação de estudantes que sejam capazes de "agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários". Portanto, a proibição é um passo importante, mas a educação deve seguir promovendo o equilíbrio: ensinar quando e como usar a tecnologia para que ela seja uma aliada no aprendizado e na construção de um futuro mais humano e consciente.
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