Publicado em 06/11/2017 às 09h24 Brasil Turismo
O número de visitantes em parques nacionais deve aumentar 11,5% neste ano. A estimativa é do instituto Euromonitor International, organização voltada para análises de mercado. A projeção é que, em 2018, 8,6 milhões de pessoas visitem as unidades de conservação.
Se for concretizada, a estimativa vai mostrar um movimento de ampliação da visibilidade desse destino entre os turistas. Segundo levantamento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o número foi de 8 milhões de visitantes em 2015, sendo 7,3 milhões em 2014, 6,4 milhões em 2013 e 5,7 milhões em 2012.
Os parques nacionais mais visitados naquele ano foram o da Tujuca (2,9 milhões),
(1,6 milhão), Jericoacoara (780 mil) e de Brasília (294 mil). Hoje há 72 parques nacionais, com 22% das 324 unidades de conservação distribuídas por todo o território e que totalizam cerca de 79 milhões de hectares.
Ainda de acordo com o levantamento do ICMBio, em 2015 a atividade turística nas unidades de conservação federais movimentou mais de R$ 1 bilhão nos municípios próximos e gerou cerca de 43 mil empregos. O valor agregado total, de acordo com o estudo, chegaria a R$1,5 bilhão.
Os turistas gastaram em consumo direto R$ 1,1 bilhão. Os setores mais beneficiados com as despesas foram o de hospedagem, com R$ 267 milhões, de alimentação, com R$ 241 milhões, e de combustível, com R$ 206 milhões.
Na avaliação do presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Vinicius Lummertz, a projeção indica alterações importantes no turismo doméstico. "Esse crescimento representa a mudança de um país que demonstra que pode ir muito além do turismo de sol e praia e que tem a natureza como sua maior riqueza. Trata-se de um posicionamento mundial muito importante, pois somos o país com maior potencial do mundo em atrativos naturais para o turismo”, afirmou.
Privatização
Lummertz defende que a ampliação do movimento passa pela concessão dos parques nacionais à iniciativa privada. Atualmente há quatro unidades nessa situação: Tijuca e Serra dos Órgãos (RJ), Foz do Iguaçu (PR) e Fernando de Noronha (PE). Três são administrados pela mesma empresa, o Grupo Cataratas.
Outras três unidades estão em processo de privatização: Parque Nacional de Brasília (DF), Parque Nacional do Pau Brasil (BA) e Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO). Este último foi recentemente atingido por um incêndio de grandes proporções.
“Temos hoje uma gama enorme de parques que não tem nenhuma visitação. Quando ela acontece é bastante desordenada. São poucas as unidades preparadas para receber visitantes. E, por isso, as concessões são algo que vem para o bem dos parques, com um risco à preservação mínimo”, diz Cláudio Pádua, diretor da empresa Parktur, montada para disputar os processos de concessões de unidades de conservação.
Na avaliação de Silva Futada, pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA), é possível pensar em formas de co-gestão desses espaços (como parcerias público-privadas ou concessões), mas garantindo a função primordial de conservação e educação.
“As concessões devem ser transparentes, manter diálogo com a sociedade por meio de conselhos gestores que acompanham a implementação da área. A região precisa ter planos de manjo aprovados. E os empreendedores locais precisam ser considerados por quem for administrar”, defende.
Regras
Atualmente não há uma legislação própria para a concessão de unidades de conservação administradas pelo governo federal. Os quatro casos citados acima foram repassados à iniciativa privada utilizando normas já existentes.
A definição de regras específicas para este tipo de processo está em debate no governo. A Agência Brasil entrou em contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com o Ministério do Meio Ambiente, solicitando informações acerca da discussão e aguarda posicionamento.
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