Publicado em 11/07/2017 às 13h42 Estado de São Paulo Esportes
Em meados da década de 1970, o jornalista esportivo e ex-técnico de futebol João Saldanha, cujo centenário de nascimento se comemora neste mês, decepcionou a ala feminina da plateia de uma universidade na qual palestrava ao responder sobre o que achava de mulheres praticando o esporte mais popular do País. "Sou contra. O sujeito tem um filho, que leva a namorada para conhecê-lo. O pai faz a pergunta clássica: ´Você trabalha ou estuda?' 'Trabalho', ela responde. 'Em quê?', quer saber o velho. 'Sou zagueira do Bangu.'" Conclui Saldanha: "Pega mal, vocês não acham?"
Se Saldanha, conhecido e celebrado até os dias de hoje como um homem visionário e libertário no que diz respeito a futebol e comportamento, foi capaz de uma declaração dessas, imagine as dificuldades pelas quais as mulheres passaram para se inserir na modalidade diante de uma sociedade muito mais conservadora do que o ex-treinador do Botafogo e da Seleção Brasileira.
Foi para combater esta linha de pensamento e tentar contribuir para a inclusão de mulheres em atividades físicas no geral e no futebol em especial, que Priscila Martins, técnica em Organização Esportiva pela Escola Técnica Estadual (Etec) de Esportes – Curt Walter Otto Baumgart, na Capital, desenvolveu como trabalho de conclusão de curso (TCC) o artigo científico Futebol feminino – uma história de lutas por reconhecimento social e profissional.
Ela conta que já estava disposta a abordar o tema antes de iniciar o curso na Etec, em 2016. "Entrei decidida a debater o assunto em todas as disciplinas, para que mais meninas possam jogar, discutir, trabalhar e continuar a luta delas pelo espaço nesse esporte que ainda é de dominância masculina", diz Priscila. Defendido no final do primeiro semestre de 2017, o artigo acaba de ser incluído no acervo permanente do Museu do Futebol, do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Pacaembu, na Capital.
Muito a evoluir
Quarta e domingo, o programa predileto de Priscila é assistir aos jogos do Corinthians, o time do coração, pela TV. O primeiro contato com o futebol veio ainda criança, por meio do avô, que jogava na várzea. Desde os 3 anos de idade batia bola com os meninos da rua onde morava, em São Bernardo do Campo, na Região do Grande ABC. Ela teve uma breve carreira profissional, entre 16 e 17 anos, no São Bernardo Futebol Clube e no Botafogo (RJ). Também praticou outras modalidades: muay thai, capoeira, boxe, handebol e diversos esportes radicais – atualmente tem uma empresa na qual é instrutora e monitora para atividades do gênero.
Priscila avalia que a inserção de mulheres no universo do esporte melhorou desde os tempos de João Saldanha, mas ainda tem muito a evoluir. "Estamos muito longe do ideal não apenas dentro das quatro linhas. A presença de mulheres na gestão de clubes e times, na medicina esportiva e na imprensa especializada ainda é tímida, apesar de mais comum hoje. Precisamos debater mais o assunto desde o ensino básico para naturalizar a presença da mulher na prática de atividades físicas e de esporte profissional".
Quem não puder ir ao Museu do Futebol, pode acessar Futebol feminino – uma história de lutas por reconhecimento social e profissional pela internet.
Serviço
Futebol feminino – uma história de lutas por reconhecimento social e profissional
Local: Museu do Futebol
Praça Charles Miller, s/nº Capital
Quando: Permanente
Horário: das 9 às 16 horas (de terça a sexta-feira), das 10 às 17 horas (aos sábados, domingos e feriados). Horário especial de funcionamento em dias de jogos no Estádio do Pacaembu
Sobre o Centro Paula Souza – Autarquia do Governo do Estado de São Paulo vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, o Centro Paula Souza administra as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e as Escolas Técnicas (Etecs) estaduais, além das classes descentralizadas – unidades que funcionam com um ou mais cursos técnicos, sob a supervisão de uma Etec –, em aproximadamente 300 municípios paulistas. Nas Etecs, o número de matriculados nos Ensinos Médio, Técnico integrado ao Médio e no Ensino Técnico, para os setores Industrial, Agropecuário e de Serviços, ultrapassa 211 mil estudantes. As Fatecs atendem mais de 80 mil alunos nos cursos de graduação tecnológica.
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