Publicado em 12/03/2019 às 09h40 Brasil Turismo
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil
O Sítio Roberto Burle Marx (SRBM) passa pelos últimos preparativos para a candidatura a Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O dossiê da candidatura, preparado durante todo o ano passado, com 602 páginas, foi encaminhado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) à representação brasileira na Unesco em janeiro e será analisado na reunião do Comitê do Patrimônio Mundial prevista para junho em Baku, no Azerbaijão.
A diretora do sítio, Cláudia Storino, diz que o processo passa por um rito predeterminado, iniciado em 2015 com a inscrição do local em uma lista provisória de candidatos. Caso o dossiê seja aprovado, no segundo semestre uma missão da Unesco visitará o sítio.
“Uma vez que eles considerem o dossiê adequado, na segunda metade do ano a Unesco envia um consultor ou dois em missão de avaliação. Esses especialistas vão ao local para verificar se o que está posto no dossiê corresponde à realidade, se falta alguma informação, se há alguma dúvida. Depois, esse consultor prepara um relatório, que é enviado ao Comitê do Patrimônio Mundial”.
Segundo Cláudia, como o comitê se reúne apenas uma vez por ano, o encontro que avaliará o SRBM será a de 2020, quando poderá ser anunciada a inscrição na lista de Patrimônio Mundial. Anualmente, cada país-membro da Unesco pode indicar apenas um bem para concorrer. O que está em processo de avaliação este ano, e pode ter a inscrição anunciada na reunião de junho, é a cidade histórica de Paraty, no litoral sul fluminense.
A diretora destaca que o sítio está em boas condições, mas necessita de alguns reparos e obras de conservação, além de uma exposição prevista para o ano que vem. Ela afirma que o orçamento necessário fica na faixa de R$ 1 milhão.
“Temos uma série de serviços colocados no nosso plano de ação, mas depende de orçamento suficiente. O sítio vem sendo requalificado desde que entrou para a lista dos candidatos. Já reformamos dois lagos, vários espaços foram restaurados, estamos finalizando a impermeabilização da cobertura do ateliê. Pretendemos restaurar o piso e o altar da capela”.
Para Cláudia, a inscrição na lista de patrimônio mundial é uma chancela importante para dar continuidade ao trabalho de preservação do local, apesar de não envolver nenhum recurso monetário.
“[A inscrição] destaca o sítio como um bem que importa para todo o mundo. Então, a preservação ganha argumento muito mais forte. O sítio já é bem cultural federal, já é importante para o Brasil e para o estado do Rio. Esse é o último degrau que um bem pode subir em termos de importância no mundo. Isso estabelece determinadas regras de preservação para o bem e para o seu entorno, uma área em que certos cuidados devem ser mantidos”.
Tombado como patrimônio cultural brasileiro desde 2000, o sítio é uma unidade do próprio Iphan, após a doação feita em vida por Roberto Burle Marx em 1985, que viveu ali até a sua morte, em 1994. Em janeiro do ano passado, o local recebeu a visita de especialistas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), órgão assessor da Unesco, dentro do processo de candidatura.
Com 405 mil metros quadrados, em que cerca de dois terços se confundem com o Parque Estadual da Pedra Branca, na zona oeste do Rio, a área aberta à visitação percorre um caminho de 1.800 metros, transformada de fazenda de café, banana e mandioca em um complexo e revolucionário jardim de plantas tropicais pelo paisagista mais importante do século 20.
Além da coleção botânica, com mais de 3 mil espécies de diversas partes do mundo, as visitas guiadas incluem a Capela Santo Antônio da Bica, construída em 1681; a Casa Principal, preservada como na época em que ali residiu Burle Marx; a Cozinha de Pedra, construção modernista onde o paisagista oferecia festas e recepções; e o Ateliê, para onde Burle Marx se mudaria no fim da vida, após doar o local ao governo federal. Ele, porém, morreu antes de a construção ser concluída.
De acordo com o Iphan, a inscrição do SRBM na lista de Patrimônio Mundial se justifica por ser obra-prima do gênio criador humano; ser testemunho de um intercâmbio de influências considerável sobre o desenvolvimento da arquitetura, das artes monumentais, do planejamento urbano ou da criação de paisagens; ser exemplo excepcional de um tipo de construção ou de conjunto arquitetônico ou de paisagem; e ser direto ou materialmente associado a acontecimentos e tradições vivas, ideias, crenças ou obras artísticas e literárias que têm um significado universal excepcional.
A diretora do sítio lembra que o trabalho feito por Burle Marx nos jardins do sítio revolucionou o paisagismo mundial. “Foram lugares de experimentação, ali nasceu o jardim tropical moderno, foi uma criação do Burle Marx, ele foi a pessoa que se deu conta de que as plantas tropicais poderiam ser utilizadas em jardim, fez grande transformação no paisagismo. A contribuição do artista para a humanidade é muito importante”.
Ela explica que está sendo feita a catalogação do acervo botânico, georreferenciado e informatizado. “Não é só preservar o acervo, é preciso dar condições de que ele seja divulgado, estudado e colocado à disposição da comunidade científica”.
Ainda dentro do processo de candidatura a patrimônio mundial, o sítio está preparando o plano de gestão, com projetos executivos de reforma do prédio da administração, um estudo sobre os espaços e recursos existentes para traçar a diretriz de uso e intervenção nos espaços tombado pelo Iphan, o desenvolvimento do plano estratégico museológico e o estudo da região do entorno. “O objetivo é verificar de que modo a gente pode atender melhor a comunidade do entorno, como isso pode dar um retorno à sociedade”, acrescenta Cláudia.
Além disso, estão em andamento um estudo de sustentabilidade econômica, a criação de um banco de dados virtual, com o acervo de autoria de Burle Marx, e a constituição do comitê gestor.
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