Sem eleger deputado para Câmara Federal, Indaiatuba depende de emenda impositiva

O único jeito de garantir trabalho de deputado federal alinhado com as necessidades da cidade é elegendo um representante local
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Eloy de Oliveira
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Dos dez deputados eleitos mais bem votados em Indaiatuba, apenas quatro fizeram emendas em favor da cidade: Eli Corrêa Filho (DEM), Kim Kataguiri (DEM), Carlos Sampaio (PSDB) e Celso Russumano (PRB), mas todas as emendas enviadas foram impositivas.

Esse tipo de emenda é aquela que utiliza uma verba pré-definida do orçamento e que em 2021 foi equivalente a 0,9% da receita corrente líquida. De acordo com a lei, 70% dos recursos das emendas impositivas devem ser destinados às áreas da saúde e da educação.

Em razão dessas determinações, não é a cidade que estabelece o que precisa, mas aceita o que é enviado e o prefeito é obrigado a adaptar os recursos que chegam, quando chegam, para justificar o envio ou então acaba perdendo o dinheiro disponível.

Candidato local

Para cientistas políticos, o único jeito de garantir trabalho de deputado federal alinhado com as necessidades da cidade é elegendo um representante local, como já ocorre em nível estadual com pelo menos dois deputados, que têm atuado em sintonia com a cidade.

Nenhum dos dez deputados federais mais bem votados em Indaiatuba, que se elegeram em 2018, é da cidade. Só a votação que só eles tiveram dos indaiatubanos (37.897 votos) foi superior aos 31.718 que elegeram, por exemplo, o deputado Guiga Peixoto (PSL).

Os eleitores da cidade votaram em 987 candidatos diferentes em 2018 e elegeram gente que nunca tomou conhecimento de Indaiatuba, como o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Eduardo Bolsonaro (PSL) que teve 11.473 votos locais.

Só para se ter uma ideia, esse número de votos de Eduardo Bolsonaro em Indaiatuba corresponde a um quarto da votação total que o candidato mais bem votado da cidade obteve e que não foram suficientes para elegê-lo pelo coeficiente eleitoral do seu partido.

Outra que teve votação expressiva na cidade e se esqueceu dos seus eleitores locais foi Joice Hasselmann (PSL). Ela obteve a confiança de 6.586 pessoas e nunca destinou um centavo para Indaiatuba. Sequer se preocupou em responder quando questionada.

Renata Abreu (Podemos), com 3.825 votos; Roberto Alves (PRB), com 1.622; Tiririca (PR), com 1.309; e Tabata Amaral (PDT), com 1.193 também não enviaram emendas e nem se deram ao trabalho de informar do seu trabalho as pessoas que confiaram nelas na cidade.

As emendas

O deputado Eli Corrêa Junior, terceiro mais bem votado em Indaiatuba, com 5.180 votos, foi o que mais recursos enviou à cidade: R$ 10,330 milhões nos três anos de mandato e um dos dois únicos deputados a responder aos questionamentos feitos pelo Mais Expressão.

Além dele, o outro que respondeu foi Kim Kataguiri (DEM), quinto mais bem votado, com 3.811 votos. Ele destinou à cidade R$ 1 milhão em emendas em 2020 e outros R$ 450 mil neste ano. Todas as verbas dele, assim como de Corrêa Júnior, foram para a área da saúde.

Também enviaram verbas Celso Russumano (PRB) e Carlos Sampaio (PSDB), respectivamente: R$ 102 mil para a compra de equipamentos do Procon e R$ 270,454 mil para compra de equipamentos do Hospital Dia. Ambas as verbas referentes ao ano passado.