QUE TAL UMA PAUSA?

Foto: fisioterapeuta Márcia Aparecida Pereira da Silva / @marciapereira639822

Por Flávia Girardi

Em um mundo cada vez mais acelerado, momentos de pausa se tornaram raros e necessários. Entre tantas estratégias para desacelerar, a massagem ocupa um espaço especial. Ela atua em níveis profundos, tocando emoções, acalmando a mente e até ajudando na reconexão com o próprio corpo.

Para entender melhor esses efeitos, conversamos com a fisioterapeuta Márcia Aparecida Pereira da Silva, que observa na prática, como o toque consciente pode gerar transformações significativas.

Muito além do físico

Márcia é direta ao afirmar que os benefícios não se limitam ao corpo. “Além de relaxar músculos tensos e aliviar dores, a massagem ativa o sistema nervoso parassimpático, promovendo uma sensação de calma e segurança.” Esse efeito fisiológico é acompanhado por mudanças químicas no organismo. “Ela estimula a liberação de neurotransmissores como dopamina, serotonina e ocitocina, associados ao prazer, à empatia e ao vínculo emocional. A massagem reduz o cortisol, o hormônio do estresse, ajudando a equilibrar o humor e melhorar a resiliência emocional.”

A profissional também destaca a importância do ambiente e da intenção por trás do toque. “Ela cria um espaço de presença e cuidado, onde pertencimento e acolhimento acontecem, algo essencial em momentos de sobrecarga emocional.”

O que acontece logo após uma sessão

Os resultados podem ser sentidos imediatamente. No corpo, explica Márcia. “Há diminuição da tensão muscular, redução da dor por liberação de endorfinas e relaxamento, melhora da circulação sanguínea e linfática e respiração mais profunda e ritmada, porque reduz a pressão arterial.”

No cérebro, o impacto é igualmente notável. “A sensação de calma mental acontece por uma diminuição da atividade cerebelar, relacionada ao medo e ao estresse, enquanto outras áreas aumentam a atividade ligada ao prazer e à empatia, trazendo a sensação de ‘reset’.”

Massagens mais indicadas para ansiedade, estresse e sobrecarga emocional

Nem todas as técnicas têm o mesmo objetivo. Segundo a fisioterapeuta, alguns tipos de massagem se mostram especialmente eficazes para quem está passando por períodos de tensão emocional:

Massagem sueca: “Técnica suave, fluida e relaxante. Excelente para desacelerar e reconectar com o corpo.”

Massagem muscular: “Atua em pontos específicos, dando equilíbrio e melhorando o fluxo de energia vital (Qi).”

Massagem ayurvédica: “Traz uma visão holística do ser. Ajuda a restaurar o equilíbrio mente-corpo por meio de toques profundos, óleos e técnicas de respiração.”

Massagem com aromaterapia: “A combinação de óleos essenciais como lavanda, bergamota ou vetiver potencializa o efeito calmante da massagem.”

Terapias integrativas com toque consciente: “Como a massagem tântrica ou somática, que trabalham a reconexão corpo-emocional-espiritual, ajudando a desbloquear traumas e restaurar o sentimento de presença.”

Reconexão com o corpo

A vida corrida pode nos afastar de nossas próprias sensações. Para Márcia, a massagem ajuda a mudar isso. “Ela cria um espaço seguro de escuta corporal, onde a pessoa é convidada a perceber sensações, tensões e emoções muitas vezes ignoradas no dia a dia. O toque ensina que pode ser curativo, amoroso e sem julgamento, algo essencial para reconstruir uma relação saudável com o próprio corpo.”

Essa consciência não se perde quando a sessão acaba. Pelo contrário, pode se transformar em um ponto de virada para quem deseja cuidar mais de si.

Autocuidado como hábito, não luxo

Márcia reforça que a massagem pode ter papel ativo na construção de um estilo de vida mais equilibrado. “A prática regular de massagem reforça a ideia de que cuidar de si é importante e necessário, podendo se tornar um hábito de bem-estar e não apenas um ‘luxo ocasional’.”

E essa mudança de mentalidade, segundo ela, abre espaço para outras práticas saudáveis. “A vontade de se cuidar motiva outras práticas, como dormir melhor, se alimentar com mais atenção e se movimentar com mais prazer. Isso acontece quando temos consciência de quanto é importante fazer o que gosta e ficar atento aos sintomas do corpo, porque ele fala com você.”

O valor do toque consciente

Em um contexto em que tantas interações são mediadas por telas, o toque humano ganha ainda mais significado. A massagem, quando feita de forma consciente e respeitosa, não apenas alivia, mas ensina o corpo a confiar novamente. Como lembra Márcia, é nesse espaço seguro que o relaxamento se transforma em autoconhecimento e o cuidado físico se converte em cuidado integral.

Seja para aliviar tensões, reconectar com o corpo ou criar uma rotina de bem-estar, a massagem mostra que o autocuidado não precisa ser complicado. Às vezes, tudo começa com um toque e a disposição de ouvir o que o corpo tem a dizer.