Publicado em 12/12/2024 às 13h10 Brasil Cidades
ONGs da cidade se dedicam a resgatar e reabilitar animais abandonados
Foto: Divulgação
Por Rayane Lins
Cerca de 4,8 milhões de cães e gatos estão em condições de vulnerabilidade no Brasil, segundo o Instituto Pet Brasil. Uma pesquisa do instituto, realizada durante o ano de 2024 e consolidada em novembro, foca na conscientização sobre o combate ao abandono de animais no país.
Segundo o estudo, por volta de 201 mil animais estão sob a tutela de ONGs ou grupos de protetores independentes. Entre eles, a enorme maioria é de gatos (92%), enquanto 8% são cães.
O Brasil tem avançado para uma maior conscientização. Em março deste ano, o Senado Federal aprovou o PL 6.404/2019, que institui o “Dezembro Verde” como campanha para promover ações educativas e a reflexão sobre o abandono de animais, crime no Brasil desde 1998. O Projeto de Lei ainda precisa da aprovação da Câmara dos Deputados para ser instaurado, mas o Dezembro Verde já é promovido em todo o Brasil.
O estudo do Instituto Pet Brasil foi feito e divulgado em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
Situação nas ONGs e abrigos
Segundo a Secretaria de Relações Institucionais e Comunicação de Indaiatuba, a cidade conta com 5 ONGs que realizam trabalhos relacionados à causa animal, são elas: Anjos de patas, APRAI, UPAR, Focinho Amigo e Cães para Adoção.
Daniela Martinatti, diretora social da UPAR (União Protetora dos Animais de Rua), destaca que a média de animais recebidos mensalmente depende da capacidade do abrigo. Em novembro, por exemplo, foram resgatados 29 novos animais. Esses animais geralmente são expostos ao abandono, negligência de tutores, desnutrição e doenças. Daniela enfatiza que muitos casos de abandono ocorrem dentro das próprias casas, refletindo a falta de cuidados básicos.
“Todos os animais resgatados passam por um protocolo de chegada, incluindo exames de sangue e imagem nas clínicas veterinárias parceiras. A sobrecarga nos abrigos é significativa, com a ONG lidando atualmente com 172 cães e 14 gatos. Essa superlotação afeta diretamente a capacidade de trabalho e a qualidade do cuidado oferecido”, afirma a responsável pela ONG.
Ainda de acordo com Daniela, cães e gatos sem raça definida, especialmente os de pelagem preta, estão entre os mais vulneráveis. Além disso, o abandono aumentou significativamente nos últimos anos, em grande parte devido à falta de planejamento dos tutores e ao comportamento irresponsável.
Adriano Mayoral, responsável pelo CRA (Centro de Reabilitação Animal), reforça que o número de abandonos tem crescido, especialmente em períodos de instabilidade financeira e atualmente conta com 70 gatos e 140 cães, que estão disponíveis para adoção no Centro. Cerca de 60% dos animais abandonados são deixados para trás por tutores que se mudam. O CRA resgata prioritariamente animais doentes, cadelas e gatas prenhes, além de filhotes. Animais saudáveis não são recolhidos devido à falta de espaço e para evitar deseducação sobre o abandono.
Atualmente, o CRA recolhe cerca de 15 a 20 animais por mês, que passam por cuidados veterinários, vacinação, castração, desverminação, microchipagem e são preparados para adoção.
Andreia Passos, diretora da ONG Anjos de Patas, destaca que atualmente a organização abriga 346 animais, entre cães e gatos. Todos os animais resgatados recebem tratamento veterinário, são esterilizados, desparasitados, vacinados, microchipados e encaminhados para adoção responsável após uma avaliação das famílias interessadas. Cerca de 90% dos animais foram retirados de situações de vulnerabilidade ou maus-tratos; apenas 10% foram resgatados das ruas ou deixados na porta do abrigo.
Reflexões sobre a questão do abandono
Andreia Passos, da ONG Anjos de Patas, destaca que o abandono de animais está ligado a problemas sociais mais amplos, incluindo uma cultura que trata animais como objetos de consumo. Ela ressalta que a pandemia intensificou o problema, com um aumento de quase 70% no abandono, causado pela adoção impulsiva e pela falta de planejamento.
Ela ainda enfatiza que a principal causa do problema é cultural, exigindo mudanças sociais e ações do poder público para incluir a questão animal em pautas como saúde, educação e meio ambiente. “Entendo que a falta de consciência – que é construída socialmente, portanto um fator cultural – é a principal causa do aumento do abandono e das situações de vulnerabilidade”, afirma Andréia. Ela reforça que cabe à sociedade, especialmente ao poder público, criar meios para desconstruir essa mentalidade e incluir a questão animal em pautas amplas, como saúde pública, educação e meio ambiente.
Andreia também critica a banalização da causa animal e defende uma abordagem ampla e estruturada para resolver a questão.
Iniciativas de conscientização e combate ao abandono
ONGs como a UPAR, Anjos de Patas e o CRA realizam campanhas de conscientização por meio de redes sociais, palestras em escolas e empresas, e parcerias com a prefeitura para iniciativas como a microchipagem de animais. O Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (COMPDA), junto com o CRA, promoveu a identificação de animais vacinados contra a raiva, criando um banco de dados para facilitar a identificação de tutores em casos de perda ou abandono.
Adriano também menciona o trabalho educativo realizado nas escolas com teatros e banners informativos em transportes públicos, além de feiras de adoção. Ele destaca que, culturalmente, ainda há uma visão equivocada de que animais podem ser abandonados com a expectativa de que "alguém irá recolhê-los", o que raramente ocorre, especialmente considerando a superlotação dos abrigos.
Ambos os especialistas enfatizam a necessidade de políticas públicas mais eficazes, como punições severas para abandono, e campanhas educativas para promover a responsabilidade no cuidado com os animais.
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