Publicado em 28/10/2025 às 11h05 Brasil Educação
Martha Beck
Foto: Mike Blabac
Por: Flávia Girardi
A inteligência artificial se tornou parte da rotina de trabalho de milhões de pessoas no mundo. Em questão de segundos, ela responde dúvidas, resume relatórios, sugere estratégias e até escreve e-mails completos. Mas, em meio à crescente automatização, uma pergunta se impõe: o que acontece quando ela não está disponível?
A dependência por soluções prontas e assistentes digitais não é mais uma tendência é uma realidade consolidada. Em muitas empresas, a IA já substitui o pensamento analítico e o esforço criativo em tarefas que antes exigiam reflexão, estudo e tentativa. O problema não está na ferramenta em si, mas em como ela está sendo usada: como muleta, não como apoio.
Esse cenário expõe um risco silencioso nas organizações, o de formar profissionais que executam, mas não pensam. Que automatizam tudo, inclusive sua capacidade de raciocínio. A crise não é tecnológica, mas humana. E a saída passa, necessariamente, pela educação, sobretudo, a corporativa.
Revolução na Aprendizagem: pensar antes de automatizar
Para a especialista em educação corporativa Flora Alves, autora do recém-lançado Revolução da Aprendizagem (DVS Editora), o caminho está em reconstruir o papel da aprendizagem dentro das empresas. A proposta é abandonar os treinamentos genéricos e focar em experiências reais, conectadas ao dia a dia e à performance das equipes.
“O aprendizado precisa ser contínuo, estratégico e coletivo”, afirma Flora. Para ela, criar ambientes seguros, que estimulem a curiosidade, a autonomia e a tomada de decisão, é mais importante do que oferecer apenas cursos prontos.
Outro ponto crucial da obra é o reposicionamento do RH como consultor de performance, capaz de analisar dados e identificar os verdadeiros gargalos de aprendizagem, que muitas vezes não estão ligados à falta de conhecimento, mas à ausência de pensamento crítico, emocional e criativo.
Criatividade como ferramenta de saúde mental
A socióloga Martha Beck, autora de Ansiedade e Criatividade (Intrínseca), propõe outro olhar sobre o mesmo fenômeno: a ausência de criatividade como um agravante da ansiedade contemporânea. Segundo ela, estamos tão ocupados buscando respostas externas que esquecemos de acessar nossos próprios recursos internos.
“A criatividade não é pintar ou escrever. É encontrar caminhos novos diante dos mesmos problemas de sempre”, afirma Beck. Ela defende que o estado criativo ajuda a interromper a espiral da ansiedade, oferecendo ao cérebro novas conexões para lidar com o imprevisível, algo cada vez mais comum em tempos de IA intermitente.
Para isso, propõe exercícios simples de atenção, silêncio e reconexão com o presente. “Criar é, antes de tudo, perceber. E percepção exige pausa”, diz. Sua obra aponta que o acesso à criatividade é um antídoto poderoso para o medo, o controle excessivo e a paralisia.
Sem criatividade, IA é só média estatística
Francisco Del Giudice, idealizador do World Creativity Day de Indaiatuba, traz uma reflexão provocativa. “A inteligência artificial é mediana. Ela entrega respostas médias. O diferencial está em quem pergunta”.
Para ele, estamos vivendo um paradoxo. Ao mesmo tempo em que nos encantamos com o poder da IA, esquecemos de que é justamente o fator humano, a sensibilidade, a emoção, o olhar lateral, que torna qualquer ideia realmente valiosa. “Criatividade é a fonte da inovação. Sem ela, a IA apenas repete padrões.”
Francisco também defende o valor do tédio e do ócio criativo. “As pessoas não sabem mais esperar. Mas é no metrô, na fila, no banho, que surgem as boas ideias. Quando preenchemos todos os silêncios com estímulos, deixamos de ter tempo para pensar”, alerta.
Segundo ele, o futuro não será dominado por máquinas, mas por quem souber usá-las com propósito. “O que for feito com alma será mais valorizado”, afirma.
IA: apoio ou atalho?
O grande desafio da educação corporativa contemporânea não é adotar a IA, mas aprender a conviver com ela de forma crítica. Ferramentas podem até acelerar processos, mas não substituem competências humanas como julgamento, empatia, imaginação ou coragem para inovar.
Quando a inteligência artificial falha e ela vai falhar, eventualmente é o repertório humano que precisa assumir. E esse repertório só se desenvolve com experiências de aprendizagem reais, envolventes e conectadas à vida prática.
A revolução que especialistas como Flora, Martha e Francisco propõem passa por um reposicionamento urgente da educação no ambiente de trabalho. Ensinar a pensar. Ensinar a sentir. Ensinar a criar. Só assim será possível construir um futuro em que, com ou sem IA, o ser humano continue protagonista.
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