Publicado em 19/03/2021 às 10h01 Indaiatuba Polícia
Eloy Oliveira
Especial para o Mais Expressão
Você já pensou em ter uma arma? A resposta a essa pergunta tem mexido com a cabeça de muita gente em Indaiatuba e tem gerado ações dessas pessoas, assim como acontece em todo o Brasil desde a chegada de Jair Bolsonaro (sem partido) à Presidência da República, em janeiro de 2019.
O delegado titular da cidade, Luiz Fernando Dias de Oliveira, despachantes de documentos para obtenção de porte e posse de armas e o clube de tiro de Indaiatuba estimam um aumento na procura por informações da ordem de até 80% de 2019 para cá.Entre esses números, há um aumento na procura, partindo exclusivamente de mulheres para ter uma arma de fogo, de 30%.
Os entrevistados não têm números oficiais do aumento de registros, já que os responsáveis pela liberação do porte e da posse de armas são o Exército e a Polícia Federal.A PF e o Exército não individualizam os números por cidades.
“A flexibilização na compra de armas e munições e no porte desses equipamentos gerou uma onda forte de procura. Entendo que a garantia do bom uso de armas vem da concessão apenas a pessoas que estejam efetivamente capacitadas”, disse o delegado.
No Brasil, existem dois tipos de registros de armas de fogo. Um deles é feito pelo Exército e tem hoje 1.128.348 registros gerais e mais 496.172 na categoria CACs (Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores, que atuam em clubes de tiro). O outro é feito pela PF e conta com 1.056.670 armas ativas legais.
Estatuto
Em vigor desde 2005, o Estatuto do Desarmamento impôs uma série de restrições para o cidadão comum ter uma arma. A legislação foi definida após um plebiscito que pretendia conter o avanço do número de mortes por armas de fogo.
Porém, após a posse de Bolsonaro foi alteradas normativas e dessa forma flexibilizou o porte e posse de armas.
Os decretos,leis e portarias retiraram do Exército a fiscalização da aquisição e do registro de alguns armamentos, máquinas para recarga de munições e acessórios; aumentaram o limite máximo para a aquisição de armas de uso permitido pela população civil, autorizaram as pessoas que têm porte a conduzir simultaneamente até duas armas e zeraram, a partir de janeiro de 2021, o imposto para importação de pistolas e revólveres.
Outro ponto polêmico das mudanças foia dispensa da exigência de que interessados no porte e posse de armas tenham de passar por exame psicológico e apresentar uma necessidade efetiva.
Algumas das medidas adotadas pelo governo foram barradas pelo Congresso e pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mas só o tempo em que elas estiveram válidas já foi suficiente para causar aumento nas aquisições no mercado nacional e no exterior.
Mercado aquecido
Em Indaiatuba, o aumento da posse de armas gerou empregos e novos negócios. Só de despachantes que fazem o desembaraço da documentação, o número mais que dobrou. Eram apenas dois morando em Indaiatuba e agora já são cinco, fora os que vêm de Campinas, Sorocaba e Jundiaí para atender clientes na cidade.
O aquecimento do mercado criou ainda demanda por instrutores de tiro. O clube de tiro Shooting Club, de Indaiatuba, vai inaugurar ainda neste mês de março uma loja para a venda de armas, munições e acessórios, inclusive com intermediação de importação, que é por onde vem a maioria das armas. O clube também forma atiradores, mas para a área esportiva, o que não inclui a defesa pessoal.“O nosso crescimento rápido justifica a implantação da loja”, disse Danilo Caruso, que montou o clube e já tem mais de 500 filiados.
O delegado titular de Indaiatuba, Luiz Fernando Dias de Oliveira, defende que todo cidadão que queira ter uma arma deve antes frequentar um curso de tiro.
No clube de tiro Shooting Club, um cidadão aprende a atirar e a manejar armas com destreza e conhecimento básico em quatro meses e recebe aulas de especialistas e certificado de registro do Exército como atirador, além de praticar em um espaço seguro, com proteção de paredes com revestimento de aço.
No clube, além dos cursos, podem praticar o tiro supervisionados por instrutores com as próprias armas ou alugadas, com suporte de munição original, bem como participar de palestras e workshops.
Para se associar, é necessário apresentar laudo psicológico e laudo de capacitação técnica. Também documento pessoal e comprovante de residência. O interessado não pode ter antecedentes criminais.
A senhora Rosa, de 72 anos, nome fictício para preservar a entrevistada, é uma das pessoas que engrossam a fila de interessados em ter uma arma em Indaiatuba e representa uma parcela que não tem experiência em atirar. “Nunca peguei em uma arma, mas estou preocupada e agora decidi”.
Moradora de uma chácara em Itaici, ela ficou assustada com as notícias de invasão de propriedades iguais a dela.
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