Pesquisa revela que mudanças climáticas impactam o comportamento humano

Ecoansiedade é a angústia emocional e psicológica causada pela percepção das mudanças climáticas
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Flávia Girardi

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios globais da atualidade, com implicações que vão além das esferas ambientais e econômicas, atingindo o domínio psicológico e comportamental das pessoas. O impacto das mudanças climáticas no comportamento humano é uma área emergente de estudo, que revela uma série de efeitos complexos e interligados, abrangendo desde alterações na percepção individual à manifestação de estados emocionais negativos, como a ecoansiedade.

Segundo o professor de Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Carlos Manoel Rodrigues, as mudanças climáticas têm o potencial de desencadear uma série de efeitos psicológicos que influenciam o comportamento humano, tais como a sensação de incerteza e impotência. “À medida que eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes e intensos, as pessoas podem sentir que estão perdendo o controle sobre o ambiente ao seu redor levando a e a ecoansiedade”, destaca.

Além disso, o psicólogo afirma que a percepção das mudanças climáticas como uma ameaça iminente pode afetar a tomada de decisão das pessoas. “A sensação de que os recursos naturais estão diminuindo e de que o futuro é incerto, pode levar a comportamentos de pânico, como a compra excessiva de produtos ou o planejamento excessivo para cenários hipotéticos. Por outro lado, algumas pessoas podem adotar uma mentalidade de negação como forma de evitar o estresse emocional associado às mudanças climáticas”.

Ecoansiedade

A ecoansiedade é um termo novo utilizado para descrever a angústia emocional e psicológica causada pela percepção das mudanças climáticas e pela ameaça que elas representam para o planeta e para as futuras gerações. Aqueles que sofrem de ecoansiedade podem experimentar sentimentos de tristeza, raiva, desesperança e impotência diante das notícias e evidências das mudanças climáticas. Essa ansiedade pode ser intensificada pela sensação de que os esforços individuais ou coletivos para combater as mudanças climáticas são inadequados diante da magnitude do problema.

Para Carlos Manoel Rodrigues a ecoansiedade pode ter implicações profundas na mudança de comportamento humano. “Algumas pessoas chegam a se sentir esmagadas pela magnitude das mudanças climáticas e acreditam que qualquer ação que tomem será insignificante. Isso pode resultar em comportamentos de evitação ou negação, onde as pessoas tentam ignorar ou minimizar a gravidade das mudanças climáticas como uma forma de proteger suas emoções”.  

Mas também há, segundo o psicólogo, o efeito contrário, com uma busca por atitudes mais sustentáveis. “A intensidade das emoções associadas à ecoansiedade pode motivar as pessoas a redução do consumo de recursos, a utilização de transportes públicos e a escolha de fontes de energia renovável”, destaca.