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O rastro dos tropeiros: origem da cidade remonta antes de 1859

Indaiatuba nasceu como pouso de tropas e cresceu à sombra das trilhas que um dia virariam ferrovias

 Publicado em  08/12/2025 às 16h00  Indaiatuba  Cidades


O tropeirismo atravessou séculos encontrou declínio com as ferrovias

O tropeirismo atravessou séculos encontrou declínio com as ferrovias
Foto: FLILIPE SCALLET

Por: Flávia Girardi 

Indaiatuba celebra 195 anos de história oficial como município. Mas sua origem remonta a bem antes da emancipação política de 1859. No século XVIII, quando o interior paulista se transformava em rota de circulação entre Minas, Goiás e o Sul, a pequena paragem de “Indayatuva” já era pouso para tropeiros que cruzavam a região.

O tropeirismo foi uma das atividades mais marcantes do período colonial. Com a proibição da pecuária e da agricultura nas áreas de mineração pela Coroa Portuguesa, era necessário criar um sistema de abastecimento das vilas mineradoras. A solução veio dos tropeiros: homens que, montados em mulas resistentes vindas dos pampas do Sul, conduziam tropas carregadas de mantimentos, tecidos, ferramentas e até notícias.

Esses viajantes movimentaram a economia e deram origem a vilas e cidades em suas rotas. “Indaiatuba prova velmente nasceu como fruto desse movimento”, afirma Antônio da Cunha Penna em seu livro Tipos notáveis da popularidade e algumas histórias mal contadas.

 Indaiatuba como pouso

Um documento de 1794 já registra “a paragem de Indayatuva”, indicando que o local era ponto de descanso de tropas. Ali, viajantes encontravam água limpa, sombra de árvores e espaço para recompor forças antes de seguir viagem. O jatobá ainda hoje preservado entre as ruas Siqueira Campos e Sete de Setembro é testemunha desse período, tendo servido como referência e abrigo para os primeiros moradores.

Com o tempo, a pequena vila cresceu. De ponto de parada, passou a reunir lavouras e comércio de apoio às tropas. Mas até meados do século XIX, como descrevem cronistas da época, Indaiatuba ainda era uma povoação modesta, marcada por uma economia de subsistência e pelo trânsito constante de viajantes.

Nem todos seguiam viagem. Uma das histórias preservadas é a de um tropeiro gaúcho que, ao chegar à região em meados do século XIX, decidiu se estabelecer em uma casa próxima à futura estação da ferrovia. Sua escolha tinha lógica: acesso à água e localização estratégica, em plena rota de passagem.

O tropeirismo atravessou séculos, mas encontrou seu declínio com o advento das ferrovias. As estradas de ferro, que no final do século XIX e início do XX cortaram o interior paulista, substituíram as tropas de mulas pelo transporte em vagões. Se antes o ritmo era marcado pelo trote dos animais, agora o progresso chegava em trilhos de ferro.

O último respiro dessa tradição ocorreu já no século XX. Em obituário publicado pela Folha de S. Paulo em 2014, sobre o tropeiro Mário Magalhães, registrou-se: em 1954, após três meses conduzindo mais de 200 mulas do Rio Grande do Sul até Sorocaba, ele percebeu que sua profissão estava em extinção. Caminhões e automóveis já tomavam as estradas.

Da trilha ao trilho

A Jornada do Patrimônio que este ano destacou as ferrovias, remete diretamente a esse processo. As linhas férreas mudaram a paisagem do estado e também sepultaram o tropeirismo. Em Indaiatuba, a chegada da estação da Companhia Ituana e, depois, da Mogiana, marcou a transição, a cidade deixou de ser pouso de tropeiros para se integrar à era industrial.

De paragem humilde a município estruturado, a história mostra como a cidade se desenvolveu ao ritmo das grandes transformações do Brasil. Em seus 195 anos, carrega na memória a poeira das tropas e o apito dos trens símbolos de um passado que explica seu presente.

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