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'O controle do uso de redes sociais precisa vir da família', apontam especialistas

Estudo inglês feito com 150 mil jovens mostrou o impacto das redes na saúde mental

 Publicado em  29/10/2021 às 09h50  Indaiatuba  Saúde


Bárbara Garcia
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Se você tem filhos crianças ou adolescentes, com certeza já deve ter se perguntado se o excesso de uso de eletrônicos e redes sociais pode ser prejudicial para o desenvolvimento deles.

A primeira geração que nasceu tendo contato com a internet foi dos nascidos até por volta de 1993, portanto, alguns estão se tornando adultos agora. Da chegada da internet para cá, a comunidade científica tem publicado muitos estudos científicos sobre o impacto dessas ferramentas no desenvolvimento e cotidiano das crianças e adolescentes.

De acordo com o médico psiquiatra Marco Antônio Abud, da USP São Paulo e criador do canal “Saúde da mente”, no Youtube, o maior estudo já publicado sobre o assunto foi da Royal Society of Public Health (em tradução livre, Sociedade Real de Saúde Pública), da Inglaterra. Nesse estudo, participaram 150 mil jovens, de 14 a 24 anos, e foram avaliadas as redes Youtube, Facebook, Instagram, Snapchat e Twitter.

Desses cinco, o Youtube foi o que teve o melhor impacto na saúde mental, levando em consideração indicadores como ansiedade, autoestima e autoimagem corporal. Porém, as outras redes mostraram impactos negativos, principalmente o Instagram e Snapchat.

Isso se explica, na visão do psiquiatra, porque nesses dois sites é comum os usuários e influenciadores digitais postarem fotos muito posadas, produzidas e com vários filtros, mostrando um padrão de beleza irreal e levando às pessoas a altos níveis de comparação.

A recomendação é que o máximo de tempo considerado saudável para o uso são duas horas. Marco reconhece, que às vezes é difícil para os pais controlarem o uso, porém, medidas proibitivas não são aconselháveis, porque podem gerar mais conflitos agressivos entre os adolescentes e família.

Para o jornalista e professor de Sociologia da Escola de Comunicação e Artes da (ECA-USP), o problema envolve uma questão sem solução:

“de um lado, as grandes empresas da internet querem aumentar seus mercados e consequentemente ampliar o tempo de uso de cada público-alvo. Ao mesmo tempo, pais e responsáveis não conseguem acompanhar o uso que seus filhos fazem das plataformas.

A solução proposta pelas gigantes de médias digitais são ferramentas de “autocensura ou modelos ainda mais invasivos de controle da privacidade e intimidade, tornando a convivência familiar ainda mais difícil”, explica Schwartz.

O professor destaca ainda que o impasse explícito está na necessidade de ampliar os lucros, por parte das empresas de mídia, e a incapacidade das famílias de lidar os efeitos prejudiciais.

"Por isso, o mais importante é que a família esteja verdadeiramente conectada na vida real, de forma que essas crianças e jovens que passam grande parte de seus dias colados na tela, também peguem gosto pelo mundo que existe fora da virtualidade”, completa o sociólogo.

O psiquiatra Marco Abud, ressalta ainda que é muito importante os pais afirmarem para os filhos que as imagens altamente produzidas e embelezadas que elas encontram nessas redes, são apenas “um mundo maquiado”, e que não devem buscar essas idealizações em seu cotidiano.

O psicanalista lacaniano Christian Dunker, professor do departamento de Psicologia da USP, no canal do Youtube que leva seu nome, já gravou vídeos sobre o impacto psicológico das redes sociais e aplicativos. Em um deles, ele afirma que um estudo francês mostrou que o uso de tablets e celulares pode ser prejudicial para o desenvolvimento de crianças pequenas, de até três anos, em vários aspectos: neurológicos, emocionais e até de aprendizado.

Para pais e mães que estão em meio a esses dilemas, vale sempre a pena estudar e se atualizar sobre o assunto, para que as novas gerações se tornem adultos saudáveis.

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