Publicado em 10/08/2013 às 09h00 Nova Odessa Variedades
O dia era 17 de julho. O músico Rafael Mendes era ovacionado após sua apresentação da peça “Ponteio para Euphonium e Banda” no V Congresso Ibero-americano que acontecia no município de Llíra, em Valência, na Espanha. Mas poucos dos que estavam presentes ali conheciam a história dele.
Mendes nasceu em 1985 em Nova Odessa e teve seu primeiro contato com a música aos 9 anos na igreja que frequentava. O músico conta que a escolha pelo eufônio, instrumento de sopro no qual se especializou, aconteceu por acidente. “Eu faltei no dia da escolha dos instrumentos. A maioria das crianças escolheu trompete e sax no dia e o que sobrou para mim foi o eufônio”, relata.
Apesar de começar como um acidente, ele gostou do instrumento e começou a se aperfeiçoar nele. Seu desempenho chamou atenção dos professores Devair Moreira e Rogério Lima, que convidaram Rafael Mendes, então com 10 anos, para se juntar a Banda Sinfônica Municipal Profº Gunars Tiss.
Então, aos 15 anos, o músico também entrou para Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. No mesmo ano, estreou como solista. Posteriormente, ele também viria a tocar com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Brasileira de Sopros, Banda Sinfônica de Sumaré, Orquestra Sinfônica de Limeira, Banda Carlos Gomes, Banda Sinfônica de Rio Claro, entre outras.
Aos 17 anos, Mendes ganhou seu primeiro prêmio. Muitos se seguiram. O mais importante deles foi o prêmio “Prelúdio”, que foi entregue para o músico pela TV Cultura em uma transmissão ao vivo em 2008.
No ano de 2007, Rafael Mendes rompeu as fronteiras brasileiras e se apresentou no Festival “Trombonanza” em Santa Fé na Argentina. Esse concerto abriu várias portas para o músico, que foi convidado não só para vários festivais na América do Sul e na Europa, mas também para ministrar cursos sobre seu instrumento dentro e fora do Brasil. Rafael chegou a dar aulas no renomado Conservatório do Peru.
Em uma apresentação no festival “Peru Low Brass”, que acontecia na cidade de Lima no Peru, Mendes conheceu Steven Mead, músico responsável por popularizar o eufônio no mundo. Os dois se tornaram amigos e Mead convidou o músico brasileiro para realizar um concerto com ele na Inglaterra. “Foi um sonho pra mim. Eu estava tocando com Steven Mead, o músico que, ao lado do pianista brasileiro Nelson Freire, foi a maior inspiração para a minha carreira”, declarou o músico. Hoje, Mendes exibe uma carta de recomendação escrita por Mead, em que o músico recomenda-o como solista e professor.
Então, surgiu o convite para que o músico de Nova Odessa fosse se apresentar no V Congresso Ibero-americano, que aconteceu na Espanha. “Esse foi um momento de grande alegria, mas também muita apreensão em minha vida. Eu tinha acabado de passar por uma cirurgia e o médico havia me recomendado total repouso. Então eu não pude ensaiar nenhuma vez no Brasil. Só consegui treinar na Espanha alguns dias antes de me apresentar no Congresso”, relatou Rafael Mendes.
Mendes contou também que o público do Congresso, que era composto majoritariamente por músicos profissionais, estava curioso pela apresentação. O principal motivo para essa curiosidade era a peça “Ponteio para Euphonium e Banda” que Mendes iria executar. A peça foi composta em 15 dias pelo compositor paulista Ricardo Silva.
Apesar de toda a pressão que sofreu, Mendes foi ovacionado e considera a apresentação no Congresso o melhor momento de sua carreira. “Nunca irei esquecer a reação do público depois da minha apresentação. Vi músicos experientes me aplaudindo de pé ali. Mas esse momento nunca teria acontecido na minha vida se não fosse o maestro Marcelo Maganha, que encomendou essa peça especialmente para mim e Ricardo Silva, que compôs em pouquíssimo tempo uma peça tão belíssima. Agradeço também maestro Dario Sotelo, que foi 1º secretário no congresso e muito me apoiou e o Buffet-Group Besson, o grupo que me patrocina”, agradeceu o músico.
Hoje, Rafael Mendes tem 28 anos. Ele continua tocando na Banda Sinfônica de Nova Odessa e na Orquestra Sinfônica de São Paulo. Depois do Congresso da Espanha, o músico tem recebido convites para tocar e lecionar tanto no Brasil quanto no exterior.
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