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Mangás ‘bombam’ e já apontam mudanças no mercado editorial

Quadrinhos japoneses estiveram entre os 20 livros mais vendidos de março; Companhia das Letras comprou a JBC

 Publicado em  23/04/2022 às 11h03  Indaiatuba  Variedades


Lucas Mantovani

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Os mangás, termo utilizado para nomear histórias em quadrinhos feitas ao estilo japonês, estão bombando no mercado editorial. Segundo levantamento da Publishnews, site especializado no mercado, três mangás estão entre os vinte livros mais vendidos do mês de março no mercado brasileiro, causando também uma movimentação comercial nas editoras.

Trazendo diversas especificidades temáticas, de modelos de traços e arcabouços culturais, os mangás mais vendidos no país durante o último mês foram os volumes 22 e 23 de "Demon Slayer", de Koyoharu Gotouge, e o primeiro número de "My Hero Academia", do autor Kohei Horikoshi.

Em entrevista ao Mais Expressão, Pedro Ferreira, criador da página Fora do Plástico, especializada em quadrinhos, diz que tem notado o crescimento do número de editoras e publicações de mangás, o que tem resultado em mais pessoas interessadas e no aumento do número de vendas. Outro ponto importante que Pedro destacou foi a mudança na formação de um público leitor jovem. “Se os super-heróis, a Turma da Mônica e os quadrinhos Disney fizeram essa função nas décadas passadas, cada vez mais vemos os mangás formando leitores, atualmente”, diz.

Mercado editorial

O salto nas vendas e o aumento nas buscas também trouxeram movimentações em grandes editoras do país. No final de março, a Companhia das Letras acertou a compra de 70% da editora Japan Brazil Communication, a JBC, referência no gênero. A editora é responsável por "My Hero Academia", com mais de 600 mil exemplares vendidos, e tem obras famosas, como "Death Note", "Sakura Cardcaptor" e "Akira" em seu catálogo.

Tutela dos grandes

A JBC foi fundada em 1995 por Masakazu Shoji, em São Paulo, para trabalhar no mercado editorial em língua portuguesa tanto no Brasil como no Japão. É uma editora considerada de médio a grande porte, mas ainda tinha uma aura centralmente familiar. Com a venda para a Companhia das Letras, ainda é cedo para dizer o que essa aquisição representa, mas haverá mudanças, comenta Pedro Ferreira. “Talvez, a reflexão siga no caminho de que as duas maiores editoras que publicam mangás em atividade no Brasil hoje, Panini e JBC, estão sob a tutela de grandes conglomerados editoriais”.

 

Pesquisas na internet mostram retomada do gênero

Dados do Google Trends, ferramenta que analisa os termos buscados no site, a última vez que os mangás estavam sendo tão procurados como agora foi em 2014. Após uma forte queda, os conteúdos do gênero japonês retomaram um mercado maior a partir de janeiro de 2021 e o interesse vem se mantendo alto. Outro dado interessante obtido a partir do mapeamento de pesquisas mostrou que os Estados das regiões Norte e Nordeste atualmente concentram mais pesquisas sobre os produtos da cultura nipônica. 

A analisa de marketing de mangás da editora Panini, Camila Fernandes, diz que os streamings têm trazido proximidade maior entre o público brasileiro e as produções asiáticas. “Com a internet e a ascensão dos streamings, o consumo de conteúdo asiático se tornou natural. Essa aproximação de conteúdos ajudou o crescimento e popularização dos mangás nas gerações mais novas, deixando de ser apenas um nicho e se tornando algo cada vez mais globalizado", comenta.

Mas não é só em novos leitores que os mangás se apoiam para continuar crescendo. Pedro Ferreira, do Fora do Plástico, conta ao Mais Expressão que eles sempre fizeram parte da sua vida. “Se hoje eu sou apaixonado por quadrinhos, foi por causa dos mangás na década de 2000. No momento (estou lendo) as obras do Taiyo Matsumoto, "Sunny" e "Ping Pong", publicados aqui no Brasil pela Devir”, diz.

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