Publicado em 18/10/2022 às 14h25 Indaiatuba Opinião
*Rafael Cervone
O segundo turno da eleição à Presidência da República é uma ótima oportunidade para os dois finalistas concentrarem suas campanhas na apresentação de propostas viáveis para o crescimento sustentado e ascensão do Brasil a um patamar mais elevado de competitividade e renda. O processo eleitoral pode ser muito rico na discussão do País e suas prioridades, abrangendo não apenas os planos dos candidatos, como também as sugestões dos setores produtivos e da sociedade.
Quando o debate e a análise das ideias ficam eclipsados pela troca de acusações e agressividade verbal, dissipam-se as proposições e se perde a oportunidade de auscultar os distintos segmentos econômicos e as instituições representativas da população. Cabe salientar que os vencedores de uma eleição também podem e devem aproveitar bons projetos apresentados por seus adversários, pois não há “patente” nem “direito autoral” quando se trata de converter o conteúdo das campanhas em ações concretas para o bem de um país.
É por isso que, neste segundo turno, esperamos mais soluções efetivas e menos bate-bocas – chega de improviso! A indústria paulista tem sido muito proativa em termos propositivos no presente processo eleitoral. Apartidários enquanto representação classista e focados unicamente no propósito da prosperidade do Brasil e de São Paulo, promovemos, na sede do CIESP e da FIESP, encontros com os principais postulantes à Presidência da República e ao governo paulista.
Foram vários eventos em alto nível e muito produtivos, nos quais pudemos ouvir os candidatos e lhes apresentar as propostas contidas em um documento do CIESP e da FIESP sobre diretrizes de um projeto de país. Uma das prioridades que apontamos é a adoção de políticas industriais modernas, as quais têm sido cada vez mais empregadas por importantes economias. Trata-se de consenso atual e avançado, baseado nas experiências internacionais frente a um novo paradigma tecnológico e sustentável, recolocar o setor manufatureiro como o motor da retomada econômica.
Precisamos acelerar a transição à Indústria 4.0. Para isso, é preciso definir seu marco legal, adequando incentivos e reduzindo custos de financiamentos para o setor. Deve-se, ainda, fomentar o desenvolvimento produtivo e tecnológico de fornecedores e startups, além de especializar e criar instrumentos para as médias, pequenas e microindústrias. Definir uma agenda de investimento também é fundamental, contemplando a redução do custo e melhora no acesso ao crédito para o investimento produtivo.
O fortalecimento da infraestrutura é outro fator urgente. Cabe fomentar o investimento público, mantendo a sustentabilidade fiscal, e incentivar o empreendedorismo, por meio de concessões e parcerias público-privadas. Também são prioritárias a reforma administrativa, para se alcançar uma estrutura fiscal saudável, e a tributária, com isonomia na taxação de todos os setores, instituição do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em nível nacional e desoneração das exportações e dos investimentos.
A proposta do CIESP e da FIESP abrange, ainda, o aprimoramento das políticas públicas de saúde, com foco na gestão, avaliação dos gastos e melhorias na estrutura gerencial. Outra prioridade é elevar a qualidade do ensino, para que cumpra seu papel como como alavanca do desenvolvimento. Para tanto, é necessário fortalecer a governança da Educação Básica, modernizar a gestão, valorizar os professores e fortalecer o ensino técnico e tecnológico, cuja pertinência é demonstrada de modo inequívoco pelo êxito do Senai na formação de milhares de brasileiros.
Esperamos que, no segundo turno, as ideias e as propostas sobreponham-se à truculência verbal. O debate e a apresentação de um projeto de país, não de governo, e de longo prazo sob absoluta segurança jurídica – fortalecem as eleições como plataforma democrática para delinearmos uma agenda eficaz para o presente e o futuro do Brasil.
*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).
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