Publicado em 21/03/2025 às 11h39 Indaiatuba Cultura e lazer
Foto: Divulgação
Por Fábio Alexandre
Nascido em Itu em 1961, mas residente em Indaiatuba desde este mesmo ano, o maestro, compositor e arranjador Marcelo Antunes Martins faleceu nesta quinta-feira, 20 de março, deixando um legado em prol da Cultura de Indaiatuba. Informações dão conta de que foi vítima da dengue.
Desde muito pequeno, Marcelo mostrou interesse pela música, estimulado pelas retretas da banda no coreto da praça nas noites de domingo. Em 1980, matriculou-se no Curso de Composição e Regência na Universidade Estadual de Campinas e simultaneamente, estudou clarineta no Conservatório Dramático Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí.
Em 1985, fundou o Coral da Cidade (Sociedade Cultural Cantátimo), mantenedora de um Madrigal e da Orquestra de Câmara de Indaiatuba. Nos anos seguintes, realizou cantatas, concertos e óperas no Estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal.
Em 1998, com o apoio da Fundação Banco do Brasil, produz o álbum Ladainha, Lamentos e Ladeiras - Mestres Mineiros (Selo Eldorado), com o Madrigal Cantátimo, solistas e Orquestra de Câmara de Indaiatuba, fruto de diversas pesquisas realizadas.
No mesmo ano, cria o Prêmio Nabor Pires Camargo, que segue difundindo a obra de seu homenageado e revelando grandes instrumentistas brasileiros. Também foi um dos mentores do Projeto Guri em Indaiatuba, o primeiro polo no interior do Estado de São Paulo.
Em 2001, assumiu o cargo de diretor artístico do Instituto ‘O Menino e o Mar’ de Ubatuba, montando uma oficina de construção de rabeca e instrumentos típicos, em trabalho com ensino musical e danças da tradição caiçara, projeto premiado pela Unesco.
Em 2003, mudou-se para a capital para dirigir a Companhia Filarmônica de São Paulo, realizando os concertos Beatles Sinfônico e Cinema pelo Brasil durante 12 anos.
Arranjador
Dois anos depois, passou a trabalhar como arranjador e na criação de trilha incidental para Record e Rede Globo, projetos no teatro e cinema, e foi arranjador de diversos espetáculos e gravações com artistas da MPB como Dominguinhos, Lenine, Margareth Menezes, Heraldo do Monte, Gereba, Lobão, entre outros.
Em 2007, inicia a execução da primeira etapa do projeto Mestres Mulatos, com as mais antigas partituras encontradas até Carlos Gomes, realizando uma série de concertos públicos sobre história da música brasileira, que deu origem ao álbum Os Mestres Mulatos, que teve dez mil cópias distribuídas gratuitamente por todo Brasil para escolas e entidades.
Em 2010, criou a Filarmônica Mário de Andrade, uma Escola Orquestra para formação e capacitação profissional de jovens músicos, em São Paulo. Em 2013, produziu o projetos Concertos Toyota Trilhas Culturais, dirigindo a Orquestra da Companhia Filarmônica de São Paulo.
Quatro anos depois, inicou projeto de educação musical no Clube 9 de Julho, com foco em experiências na produção de entretenimento com novos formatos, chamados de Concertos Inesperantes, onde a interação artista e espectador se confundia no decorrer do evento.
Em 2017 fundou a Oficina de Música de Concertos em Geral, em parceria com o músico Sílvio Donato. No mesmo Ano, a Oficina realiza duas produções. Também editou e gravou o arranjo A Primavera Colorizada, sobre o concerto A Primavera, de Antonio Vivaldi, adaptado para o Quinteto Brasileiro de Sopros.
No ano seguinte, reeditou o musical O Fantasma do Cine Rex, com a Corporação Musical Villa-Lobos, Coral do Clube 9 e atores locais. Em 2020, dá início a um ciclo de palestras digitais sobre Percepção Sonora Objetiva, abordando a reconexão da cognição auditiva aos outros aparelhos sensoriais.
Em 2024, conclui as gravações do álbum Ouvido V!u, lançado no início deste mês de março de 2025 e que traz dez exemplares de diferentes gêneros musicais explorando a espacialidade do tempo a partir de diversos pontos de observação.
“Perdi um amigo de grandes papos, um artista que acompanho desde a adolescência, desde o primeiro compacto duplo que gravou, do qual fiz a capa inclusive, como fotógrafo”, lamenta o fotógrafo, escritor e historiador Antonio da Cunha Penna.
“Marcelo é o músico de Indaiatuba mais irriquieto e criativo que conheci, artisticamente falando. Responsável por dois álbuns de pesquisa de música sacra brasileira e maestro do Madrigal Cantátimo”, continua. “Estes álbuns são obras-primas que serão referência por muito tempo e que não são divulgados como deveriam. Muitos não conhecem. Ouço sempre e me surpreendo pela qualidade. Vai fazer muita falta como intelectual, artista, pessoa generosa e controversa, mas acima de tudo, um grande amigo”.
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