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Ler é o que me deu o gosto por escrever, diz vencedora em três concursos

Estudante Sabrina Max, de 15 anos, foi convidada para o "Sala de Visita" da Academia de Letras da nova gestão

 Publicado em  05/09/2022 às 12h48  Salto  Cidades


"Sala de Visita" da Academia de Letras da nova gestão
Foto: Divulgação

Se depender da estudante do 1º ano do ensino médio no Colégio Prudente de Moraes, em Salto, Sabrina Marx, de 15 anos, ela nunca encarnará o cumprimento da sentença da frase célebre de Paulo Francis: “Quem não lê, não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo”.

Ganhadora de três concursos literários entre o ano passado e este, a estudante foi a convidada deste sábado (3) para o “Sala de Visita”, um espaço de entretenimento e informação que antecede as reuniões ordinárias da Academia Saltense de Letras na nova gestão.

Sabrina disse que sempre leu muito (chega a ler cinco livros ao mesmo tempo, segundo sua mãe, a pedagoga que lecionou arte em Itu, Samantha Seratti) e que isto a fez tomar gosto por escrever e agora por participar de concursos para mostrar seus trabalhos fora de casa.

Acompanhada da mãe e do coordenador do ensino médio do Prudente, José Augusto Silva, o Guto, ela disse que tem preferência por poesia (no ano passado foi a vencedora do 29º Prêmio Moutonnée de Poesia, na categoria infanto-juvenil, com a poesia “5 x 5”), mas escreve outros textos.

Para ela, a poesia é uma forma de consolo e de esperança. Para exemplificar esse entendimento, a estudante declamou uma poesia chamada “Fotografia” que fez para a avó e falou que não despreza os clássicos do gênero. “Gosto da poesia de todos os tempos, com rima ou sem”.

A poesia “5 x 5” retrata de forma intensa a pressão exercida pela pandemia do Coronavírus. A estudante mostra a gradação da sua angústia e da sua frustração por causa da doença. No texto, faz uma redução a cada estrofe, de 5 x 5 a 4 x 4, 3 x 3, até o verso final: “Eu não sou mais eu”.

Consciência crítica

Um dos outros tipos de texto que Sabrina faz foi o vencedor do XXI Prêmio Câmara de Meio Ambiente de 2022, na categoria texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Descarte de materiais: faça da maneira correta e colabore com o meio ambiente”, onde mostrou que pensa e muito.

O mesmo aconteceu no concurso do Colégio Prudente de Redação e Poesia de 2022, que venceu na categoria juvenil com a poesia “Descobertas”. “É muito difícil fazer um jovem ler, mas essa é uma luta que vale a pena”, disse o coordenador do ensino médio ao se referir à Sabrina.

A mãe Samantha Seratti contou que a filha participa de Sprints de Leitura no Youtube, onde os estudantes têm 40 minutos para ler uma história. Afirmou que sempre deu um livro junto com o presente de cada aniversário da filha, mas que nunca cobrou a leitura ou que escrevesse.

Depois da exposição sobre os trabalhos vencedores e sobre como vê a literatura (“é a minha paixão”), a estudante respondeu a perguntas dos acadêmicos. Disse que usa a internet para ler, mas que prefere o livro físico e que procura redes que tratem de literatura, como o Tik Tok.

Cognição e redes

A postura levou a presidente Anita Liberalesso Néri, cadeira 11, patrono Odmar do Amaral Gurgel, a comentar que o foco faz a diferença. A presidente perguntou quantos livros a estudante tinha em casa (ela disse 30) e citou pesquisa que aponta que quanto mais livros, mais cognição.

A acadêmica Ana Osta, cadeira 2, patronesse Rachel de Queiróz, contou sobre sua experiência no Clube do Livro com os livros digitais. “A garotada usa o livro digital, mas quando gosta da história ou do autor, parte para o livro físico, que não perde o seu encanto nunca”.

A vice-presidente da ASLe, Marilena Matiuzzi, cadeira 39, patronesse Cora Coralina, disse que não acha certo crianças muito pequenas usarem celular. “Vou tentar evitar que minha neta passe por isso”. Também fizeram perguntas comentários por mais 15 minutos vários outros acadêmicos.

 Autora do livro ‘Sentires’ conta que professor do ensino médio a levou a gostar de poesia

“As palavras sempre me atraíram demais. Quando criança, eu fazia jogos com as palavras. Sem saber, estava praticando poesia. Mas foi um professor que tive no ensino médio no Colégio Anglo em Campinas, o saudoso professor Severino, que me fez gostar de poesia”, contou a acadêmica Marilena Matiuzzi, cadeira 39, patronesse Cora Coralina.

A busca pela memória aconteceu na manhã deste sábado (3), logo depois da reunião ordinária da Academia Saltense de Letras, da qual a acadêmica também é vice-presidente, no espaço “Momento Literário”, criado pela presidente Anita Liberalesso Néri para falar de literatura, que é o principal o objetivo da criação da academia de letras.

Marilena contou como foi o seu processo criativo para produzir o seu segundo livro de poesias “Sentires”, lançado em junho deste ano. Ela também falou sobre como vê a poesia e como sempre tratou a sua produção nessa área, que ainda era desconhecida para muitas das pessoas que a cercam e que a acompanham na vida acadêmica.

“Para mim, poesia é uma emoção conjugada com a escrita. Eu gosto da poesia que não gira só em torno da poesia. Meu professor Severino dizia que a gente não tem de pensar para escrever. Tem de escrever e depois pensar sobre o que escreveu. É assim que a poesia flui, que ela surge no meu processo criativo. É como uma mediunidade”.

A escritora contou que outras pessoas a ajudaram a entender a poesia e a concebê-la. “Eu era muito amiga do ex-secretário de Cultura de Salto Marcos Pardim, que também é poeta, e ele me incentivava. Um dia ele me apresentou Hilda Hilst e eu me tornei amiga dela de frequentar a casa. Também conheci Caio Fernando Abreu”.

Essas experiências com produtores de poesia que são expressões no cenário literário brasileiro a fez se aprofundar no tema. Marilena agradeceu ainda a acadêmica Anna Osta, cadeira 2, patronesse Rachel de Queiróz, que a incentivou também a escrever o primeiro livro de poesia “Inquietações”, em 2011, e a se ver como poeta.

A editora do livro “Sentires” e acadêmica Rose Ferrari, cadeira 38, patrono Mário Quintana, que dirige a editora Mirartes, disse que Marilena é poeta de primeira grandeza, comparada aos grandes nomes do gênero. “Ela só não é famosa ainda como os outros, mas seus textos têm o nível de excelência deles sem dúvida”, disse na apresentação.

Marilena Matiuzzi afirmou que seu primeiro livro chegou a ser apresentado na Academia de Letras de Sanremo e de Gênova, na Itália, e já inspirou estudantes em trabalhos escolares. Disse também que ficou lisonjeada com o elogio da poeta Vírginia Liberallesso, que afirmou que ela tinha um refinado processo de descolamento de sentimentos.

Para o futuro, a escritora disse que espera persistir no gênero da poesia, porque gosta muito. “Sou apaixonada por poesia. Perdi tempo com a política (ela foi vereadora por dois mandatos e a primeira mulher candidata a prefeita de Salto), mas agora vou me dedicar mais a essa área”. Marilena é advogada e pinta quadros artísticos.

 

 

 

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  • "Sala de Visita" da Academia de Letras da nova gestão
    Foto: Divulgação

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    Foto: Divulgação

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    Foto: Divulgação

  • Estudante Sabrina Marx, de 15 anos ao centro

    Estudante Sabrina Marx, de 15 anos ao centro
    Foto: Divulgação

  • Acadêmica Marilena Matiuzzi, cadeira 39, patronesse Cora Coralina ao centro

    Acadêmica Marilena Matiuzzi, cadeira 39, patronesse Cora Coralina ao centro
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