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Leonor de Barros Camargo foi a mãe dos indaiatubanos há quase 90 anos

Além de construir primeiro hospital da cidade, financiou escola e sistema de abastecimento

 Publicado em  09/12/2022 às 15h59  atualizado em 09/12/2022 às 16h08 - Indaiatuba  Cidades


Inauguração do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, em 1930

Inauguração do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, em 1930
Foto: Reprodução

Tamires Ávila

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Todo indaiatubano conhece o Hospital Augusto de Oliveira Camargo, popularmente chamado de Haoc, mas poucos sabem que foi a esposa de Augusto, o homem que empresta o nome ao local, quem o construiu o prédio há 89 anos. O Haoc foi o primeiro hospital de Indaiatuba. Enquanto o marido estava doente, Leonor de Barros Camargo se mobilizou para ajudar pessoas e para melhorar a cidade, utilizando para isso o patrimônio pessoal com a permissão do marido. Em entrevista ao Mais Expressão, a historiadora Eliana Belo conta a história de Leonor e diz que é sua fã.

“A idealizadora do Haoc, ela não conseguiu ter filhos, mas foi mãe de todos. Ela também financiou a primeira escola da cidade em funcionamento até os dias de hoje, a Escola Estadual Randolfo Moreira Fernandes, antes chamada de Grupo Escolar”, diz a historiadora. Segundo Eliana, além de hospitais, Indaiatuba também não tinha sistema de abastecimento à época. A água era levada para as casas pelas das mãos dos moradores, que iam buscá-la nos poços nas ruas. Leonor e Augusto emprestaram dinheiro para criar o que hoje é o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) e não há registros de que o dinheiro tenha sido devolvido pelo Poder Público.

Com expertise suficiente, uma vez que viajou o mundo ao lado do marido em busca de tratamentos para conseguir engravidar, foi Leonor de Barros Camargo quem esteve à frente de toda a obra do hospital, junto de seu irmão Francisco de Paula Leite, que nomeia a avenida onde o Haoc está construído. O projeto é do famoso arquiteto Ramos de Azevedo, mas ela expôs suas ideias a ele, como a criação do jardim. Leonor sofreu embates com a família do marido por causa da obra. A família era contra o dinheiro gasto com isso. Para driblar a ira familiar, ela abriu a Fundação Leonor de Barros Camargo, que administra o hospital desde aquela época. Todos os gestores são descendentes da família de Barros ou Oliveira Camargo.

Seu principal desejo era um hospital que atendesse as pessoas carentes e esse tipo de atendimento é realizado até hoje: o Hospital Augusto de Oliveira Camargo é o único de Indaiatuba que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Leonor planejou também que o Haoc fosse construído totalmente de frente para a Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária. Eles estão na mesma altitude e latitude, respeitando a vontade dela de fazer o paralelo entre o lugar que cuida do corpo e o que cuida da alma.

Como era Indaiatuba na época da inauguração

À época da inauguração do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, Indaiatuba tinha 3 mil habitantes. A cidade utilizava o primeiro sistema de energia elétrica com lâmpadas de tungstênio ainda.

O hospital chamava a atenção naquele tempo pela quantidade de luzes que emitia, iluminando toda a cidade.

As ruas não eram asfaltadas e as viagens eram feitas de trem. Quase ninguém tinha aparelho telefônico e a menor moeda era de cem réis, também chamada de tostão.

Ainda não tinha rádio e TV, as formas de lazer eram passear na praça, assistir à chegada do trem ou ir à missa, celebrada em latim pelo padre virado de costas para os fiéis.

A Casa Feres, tradicional loja de tecidos presente no centro da cidade até hoje, era onde as pessoas menos “adinheiradas” compravam os materiais para costurar suas próprias roupas.

As Casas de Moda eram onde os ricos compravam suas vestimentas prontas e trazidas pelos mascates, inclusive os chapéus, muito utilizado por homens e mulheres.

As escolas separavam meninos e meninas, grande parte das crianças andava descalça, porque sapatos eram inacessíveis.

Pela falta de abastecimento, meninos tinham o costume de carregar água em carrinhos de madeira e vender em casas e comércios.

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  • Inauguração do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, em 1930

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  • A água era conseguida em poucas torneiras públicas e com filas

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