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Karatê Kyokushin - missão Indaiatuba

Neto do precursor dessa modalidade no Brasil abre escola na cidade, oferecendo turmas para todas as idades

 Publicado em  28/10/2025 às 11h01  Indaiatuba  Educação


Por: Ágatha Lemos

 

O que vem à sua mente quando você ouve a palavra caratê (karatê)? Se você estiver na faixa etária 40 +, provavelmente virá à sua mente o personagem Daniel LaRusso, o Daniel San do filme Karatê Kid, de 1984. 

É bem verdade que a série Cobra Kai (Netflix), já na sexta temporada, trouxe à memória todo o encanto em torno da arte marcial. Aliás, neste texto, vamos aproveitar para desmitificar o que é e o que não é essa prática. 

Para tanto, conversamos com um casal carateca que escolheu Indaiatuba para ensinar tudo aquilo que nem o filme ou a série mostram. Estamos falando do educador físico e professor faixa-preta Eduardo Tadatoshi Tanaka e sua esposa, a bióloga e professora de caratê Fernanda Zaninello Miyamura.

 

Como tudo começou

Eduardo Tanaka é a terceira geração de uma família de caratecas. Na verdade, seu avô, o renomado Seiji Isobe, foi designado ao Brasil pelo mestre Masutatsu Oyama em missão de expandir a arte marcial na América do Sul. Isobe instalou-se na Liberdade, bairro de São Paulo conhecido pela presença japonesa. 

O que era para ser um ano de experiência no país se tornou 53 anos de história e vida no ocidente. Isobe, não só fundamentou o estilo de Karatê kyokushin, ou seja, com mais contato e, por isso, passível de ser uma ferramenta de autodefesa, como também constitui família aqui.

Seiji Isobe começou sua jornada dando aula no fundo da casa de um amigo. Ao conquistar cada vez mais alunos, alugou um espaço na rua São Joaquim, permanecendo na Liberdade, local onde a academia funciona até hoje.

 

A trajetória de Eduardo Tanaka no caratê

Os pais de Eduardo também se conheceram por causa do caratê.  E nem poderia ser diferente. Apesar de sua mãe treinar em uma academia e o pai em outra, na grande são Paulo, o esporte os uniu. O encontro aconteceu em campeonatos e demais eventos. 

Já como casal, foram morar na Penha, zona leste da capital paulista. Ali, abriram uma academia de caratê.

Eduardo começou a treinar aos cinco anos e aos onze já havia se tornado faixa-preta (veja o quadro que representa a evolução hierárquica pelas faixas no caratê). Muito ativo em campeonatos nacionais e internacionais, viu algumas portas se abrindo por meio do esporte. Aos 17 anos, foi morar nos Estados Unidos e até os 27 dividiu sua vida entre o estudo e a carreira como atleta amador internacional, quando, inclusive, chegou a se classificar em sétimo lugar no Campeonato Mundial de Karatê Kyokushin no Japão.

Eduardo deu aula, aprendeu inglês e viajou pelo mundo, conhecendo muitas culturas. Formou-se em Educação Física e concluiu pós-graduação em Fisiologia do Exercício.

 

Parece história de cinema

Eduardo, filho e neto de professores de caratê, seguiu o mesmo caminho e tradição familiar. E, ao substituir um professor que não poderia comparecer no período da manhã, acabou conhecendo a Fernanda, que viria a ser sua esposa.

Fernanda, de descendência japonesa, buscava uma atividade física que também pudesse lhe oferecer recursos de defesa pessoal. Coincidentemente, havia uma academia de caratê ao lado da sua casa, na época. Foi ali que ela conheceu Eduardo e, a união que o caratê lhes proporcionou, rendeu frutos até mesmo para Indaiatuba. 

 

Um dojô Kyokushin para Indaiatuba

A Hyakusen – escola de Karatê Kyokushin e artes marciais – é uma iniciativa do casal Eduardo Tanaka e Fernanda Miyamura. O esporte que os uniu é o mesmo que oferece à cidade uma modalidade cuja filosofia vai muito além do imaginário coletivo criado pelas telas. "Gostamos de destacar que muita gente procura a escola com uma visão romantizada porque viu a série Cobra Kai e acha que o caratê é o que se passa na ficção. Isso me faz lembrar que antigamente as pessoas assistiam ao Bruce Lee, por exemplo, e buscavam aprender o Kung Fu pelo Kung Fu. Ou então, assistiam ao Van Damme e buscavam aprender a luta pela luta em si e não por um suposto status ou fantasioso enredo", disse o proprietário da academia.

Isso faz muito sentido especialmente quando se trata de adolescentes ou jovens adultos. Já no caso de pessoas mais velhas, normalmente elas buscam o caratê na expectativa de um retorno à atividade já praticada na juventude, como que numa junção de memória afetiva com a vontade de se exercitar regularmente.

Quanto às mulheres, elas buscam na arte marcial o aprendizado da defesa pessoal, já que esta modalidade, trazida pelo avô de Eduardo ao Brasil, incorpora a autodefesa.

E os pais levam seus filhos porque entendem que o caratê é um tipo de educador extra, que ajuda a incutir bons valores desde pequenos.

 

A filosofia do Karatê Kyokushin

O caratê do estilo Kyokushin tem suas próprias características e é um caratê de contato. Diferentemente de outros estilos de caratê e outras artes marciais, nele é permitida a finalização na luta por nocaute. Mas há outros estilos de caratê que possuem o esquema de pontuação com semicontato ou sem contato.

Contudo, ao ingressar numa escola dessa linha é importante saber que há muita coisa antes de uma luta. Conceitos como disciplina, respeito à hierarquia e ao próximo, e até mesmo o senso patriótico fazem parte do pacote. Isso se dá porque no Japão, a arte estava presente entre aqueles que visavam à defesa do país. "Oferecemos uma arte marcial que enxerga o ser humano de modo integral: corpo, mente e espírito. Ao entrar aqui para aprender a se defender, realizar um combate em pé, ou apenas para fazer uma atividade nova, a pessoa precisa entender que ela vai receber muito mais do que isso", elucida Eduardo Tanaka.

Diante disso, pode-se entender que o caratê tem função educativa também. Ao moldar o caráter, indicando bons valores, torna o indivíduo mais propício ao desvio de vícios. O bônus? Um corpo mais saudável, um adeus ao sedentarismo e à depressão e mais autoconfiança para mediar possíveis conflitos.

 

Karatê Kyokushin em Indaiatuba

A Hyakusen – escola de Karatê Kyokushin e artes marciais – é a única escola de caratê do estilo Kyokushin em Indaiatuba. Ela tem turmas a partir dos quatro anos de idade. Crianças, adultos e mesmo os 60 + são bem-vindos. "Na verdade, a nossa intenção inicial era atender os adultos, porém a própria cultura da cidade favoreceu nossa abertura de turmas infantis. Os pais desejam que seus filhos façam uma atividade que contemple a educação e a saúde integral das crianças", explica a proprietária e, também, professora da turma de quatro a seis anos, Fernanda Miyamura.

Tendo como maior público o infantojuvenil, a escola fez adaptações para esta faixa etária. Sendo assim, o treino ocorre da seguinte maneira:

  • Aquecimento geral para trabalhar todo o corpo, a flexibilidade e a mobilidade articular. Neste momento, o professor ensina a criança a sentir o músculo e o próprio corpo, a fim de que desenvolva consciência corporal.

  • Passagem de técnicas mais simples, com avanços graduais, capazes de ativar o sistema de alerta. A ideia é que a criança repita os movimentos.

  • Exercícios e brincadeiras lúdicas que estimulam o desenvolvimento cognitivo e motor, além de promover a sociabilidade entre as crianças.

  • As lutas só acontecem com o professor. Isso evita que haja excessos. No entanto, as crianças mais graduadas, já capazes de controlar a aplicação dos golpes, podem (com supervisão) praticar a luta entre elas.

 

O aquecimento com foco nos movimentos funcionais do corpo é uma estratégia intencional das aulas. Tanaka entende que as crianças estão perdendo algumas habilidades por passarem mais tempo nas telas do que em atividades que mexam com seus corpos e ofereçam ludicidade. "Nosso objetivo é que, antes de aprender a lutar, os alunos retomem ao básico, isto é, voltem a se movimentar, a se desenvolver motora e fisicamente", afirma.

Não é à toa que a procura pelo caratê tem sido cada vez maior para crianças com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), TOD (O Transtorno Opositor Desafiador) e autismo, por exemplo. Além das vantagens físicas, a arte marcial ajusta bastante o foco.

 

Sonhos e planos para o futuro

Para Eduardo e Fernanda, os planos consistem em expandir a academia, fazendo parcerias que incluam outras artes marciais. Mas, mais do que isso, Eduardo espera dar continuidade ao legado familiar de disseminação do caratê e sua filosofia no Brasil. "Mesmo sendo um educador físico, eu sei que a minha missão é dar continuidade ao trabalho que meu avô começou há mais de 50 anos atrás. O caratê é o que sempre moveu nossa família, não por ser um negócio, mas por ser nosso estilo de vida", concluiu Eduardo.

E por falar em estilo de vida, Eduardo Tanaka não dá aulas apenas, antes, ele mesmo treina todos os dias caratê – perto de pegar ao seu quarto grau (dan) na faixa-preta, aumentando sua influência e credibilidade como professor. "Meu desejo é ser como meu avô, que alcançou nove graus na faixa-preta. Ele é um homem muito reconhecido no Brasil, e um tipo de celebridade que ocupa capas de revistas no Japão. E tudo isso porque dedicou toda a sua vida ao caratê. Em Indaiatuba espero poder propagar ainda mais esse estilo de vida, mas também a luta por meio de campeonatos e eventos", entusiasmou-se Tanaka.

 

 

Hierarquia por faixas no Caratê

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