Jornada de trabalho com quatro dias semanais começa a ser testada no Brasil

Semana de quatro dias de trabalho começa a ser testada no Brasil em novembro
Foto: Divulgação

Denise Katahira

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Testada em diferentes países do mundo, a jornada de trabalho com quatro dias semanais já é uma realidade entre algumas empresas brasileiras, e tem como objetivo aumentar a produtividade e melhorar a saúde mental dos colaboradores.

A iniciativa desenvolvida pela organização sem fins lucrativos 4 Day Week Global e pelo Boston College, em parceria com a Reconnect Happiness at Work, uma companhia de São Paulo especializada em felicidade corporativa e liderança positiva, começa a ser testada em novembro e tem chamado a atenção de muitos trabalhadores.

Isso porque a proposta é reduzir a jornada de trabalho a 32 horas semanais, e o novo arranjo pode ser feito de três maneiras: tirar a segunda-feira; tirar a sexta-feira; ou reduzir a carga horária de todos os dias. O projeto tem como intenção utilizar a lógica do “100-80-100”, ou seja, 100% do salário, 80% de tempo e 100% de produtividade.

CLT permite

A jornada de 4 dias por semana não tem impedimento legal. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não proíbe diminuição de carga horária, mas impede a redução de salários. Porém, um dos principais desafios do experimento no país é desmitificar a crença de que a produtividade é proporcional ao número de horas trabalhadas. 

Uma pesquisa aponta que os funcionários que estão com a saúde mental afetada têm uma chance quatro vezes maior de sair da empresa e duas vezes maior de estarem desengajados no trabalho. Portanto, o novo modelo de trabalho seria um ganho não somente para o colaborador, mas também para a empresa. 

Entre os países que já adotaram a semana de quatro dias está o Emirados Árabes, pioneiro na mudança e que desde janeiro de 2022, os funcionários de órgãos públicos colaboram com apenas 36 horas semanais, divididas em quatro dias úteis.

No Reino Unido o experimento também foi realizado, e a grande maioria das empresas participantes (92%) decidiu manter o formato de trabalho depois dos testes. A justificativa é que a receita média aumentou 35% em comparação ao período anterior.

Benefícios para empresa

Estudos apontam que trabalhar menos horas, aumenta a produtividade, e com a semana mais curta, os colaboradores tendem a se concentrar mais em suas tarefas, evitando desperdício de tempo. Além disso, o descanso adicional pode gerar mais energia e motivação no trabalho.

Ao implementar o novo modelo de trabalho, a empresa só tem a ganhar, segundo a pesquisa. E isso se deve a vários fatores, como redução de despesas operacionais; aumento da produtividade; melhora no bem-estar dos colaboradores; retenção de talentos; fomento à inovação; redução da pegada de carbono; e diminuição nos casos da Síndrome de Burnout.