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Jorge Ricardo – O jóquei do Guinness Book

Aos 52 anos, Ricardinho ainda não pensa em aposentadoria

 Publicado em  03/12/2013 às 15h10  Brasil  Esportes


Filho do jóquei e depois treinador Antônio Ricardo, líder das estatísticas do turfe nacional na época em que corria, Ricardinho acompanhava o pai pela vila hípica do Jockey Club do Rio de Janeiro, no bairro da Gávea. Foi aí que começou seu amor pelos cavalos e pelo esporte. “Costuma-se dizer que filho de peixe, peixinho é”, brinca ele, bem humorado, durante a conversa. Depois da escola de aprendizes de jóqueis, Ricardinho seguiu para as raias, onde ganhou sua primeira corrida aos 16 anos (1976), em um cavalo que seu pai treinou.

“O esporte é lindo. Tem toda uma adrenalina sobre você. O dia-a-dia com os cavalos, pessoas do mundo do turfe e a grande paixão que eu tenho por competir e ganhar, tudo isso me faz querer correr. O maior desafio é tentar vencer em uma profissão extremamente competitiva e com grande rivalidade”, conta. Isso, porém, não o desestimula em nada. Parece, na verdade, ter exatamente o efeito oposto. É de onde tira o gás a mais para vencer. A rivalidade e competitividade constroem o esporte, o que o faz tão apreciado pelos profissionais do círculo e pelo público que assiste às corridas.

A busca pelo título

Depois de ganhar as estatísticas do hipódromo da Gávea por quase três décadas seguidas e inúmeros prêmios ao longo de sua trajetória, como os Grandes Prêmios Latino Americano, São Paulo, Internacional Carlos Pelegrini e Brasil, em 2006 ele decidiu se transferir para o turfe argentino em busca do sonho do recorde mundial.

Não existem grandes oportunidades de montarias no Brasil. A pista da Gávea, no Rio de Janeiro, representa a melhor chance de vitórias e volume de corridas. Em Buenos Aires, três hipódromos diferentes – Palermo, San Isidro e La Plata –, combinados, proporcionam corridas durante os sete dias da semana, aumentando o volume de corridas e, consequentemente, o ritmo de vitórias do jóquei.

“O turfe na Argentina é muito forte. Há corridas todos os dias, o que achei que ia me auxiliar na luta pelo recorde. No princípio, é claro, fiquei meio temeroso. Culturas diferentes, saudade da família e amigos, enfim”, explicou ele sobre a decisão. Apesar das dificuldades que encontraria, Ricardinho sabia que era a escolha certa na busca pelo título, assim como a sua família, que ele afirma ter lhe dado todo o apoio.

Por causa do histórico do esporte no país, talvez exista certo preconceito em relação a ele. “Na Argentina existe uma grande paixão pelo esporte e pelo cavalo de corrida, maior divulgação e apoio do governo e outros investidores. No turfe existe muito espaço para quem quer seguir a profissão, em qualquer parte do mundo. Talvez o que falte para o Brasil seja incentivo e divulgação”, afirma Jorge Ricardo.

Em seu primeiro ano no vizinho sul-americano, o piloto ganhou as estatísticas gerais dos Hipódromos de Palermo, San Isidro e La Plata. E em 2007, quando atingiu a vitória número 9521 de sua carreira, alcançou o título de maior recordista mundial de todos os tempos.

O cotidiano da profissão

Mas a carreira dele não é feita apenas de vitórias e bons momentos. Para alcançar os resultados que o público vê, já foram muitas quedas e ossos quebrados, além do tempo longe da família. “Trabalho e corro muito. Levanto muito cedo para os treinos matinais, corro à tarde, tenho que manter a forma física e também cuidar do peso”, diverte-se ele. Não se pode ter mais que 58 kg. O peso ideal é entre 48 e 50 kg. Vida de jóquei não é fácil.

Quando questionado sobre o tempo que sobra para a família, Ricardinho – que mora com a mulher e duas filhas pequenas em Buenos Aires, e tem dois filhos mais velhos, que vivem no Brasil – explica que é difícil equilibrar. “Procuro fazer o possível para conciliar a profissão com minha vida pessoal, mas é difícil, principalmente na Argentina, onde acontecem corridas todos os dias”, desabafa ele.

Além desses desafios – árduos treinamentos, manter o físico, achar o tempo para a vida pessoal – e de praticar uma profissão perigosa, Ricardinho tem também outro obstáculo para manter o título: o jóquei canadense erradicado nos Estados Unidos, Russel Baze. Na competição entre os dois, cada vitória pesa. “A disputa é acirrada, mas saudável. Nos dá mais vontade de seguir competindo para conquistarmos o objetivo, que é o recorde mundial”, diz o atleta.

Mas, no meio do caminho tinha uma pedra

Em 2009, após sofrer uma queda durante o G.P. Latino Americano, Jorge Ricardo anunciou que pararia de competir por algum tempo para tratar um câncer no sistema linfático. “Apesar de saber que já possuía esta doença desde 2007, nunca imaginei, em nenhum momento, que teria que deixar de correr por tempo indeterminado. Foi um dos dias mais tristes da minha vida”, revelou emocionado.

“Durante o tratamento sempre tive a certeza de que me curaria. O apoio dos amigos e, principalmente, da minha família, foram muito importantes para mim. Aprendi a dar valor a tudo que antes não me parecia relevante. Graças a Deus me recuperei e pude voltar a exercer uma das coisas que mais amo, minha profissão. Minha volta foi um sonho e uma grande alegria estar curado e poder competir”.

Ricardinho retornou ao turfe em 2010, depois de nove meses parado. Durante esse período, Russel Baze alcançou o título, deixando uma margem de 180 vitórias para o brasileiro recuperar. Na busca pela liderança mundial, o jóquei ganhou as estatísticas gerais de 2011, diminuindo a diferença do canadense para sete vitórias. No dia 26 de maio de 2012, retomou o recorde ao alcançar a marca de 11.594 vitórias. E no dia 26 de maio de 2013, dia que está se tornando um marco na vida do carioca, Ricardinho foi o primeiro jóquei a alcançar a marca de 12.000 vitórias.

Em agosto deste ano, mais um baque. O jóquei sofreu uma queda e fraturou a face e o cotovelo. A previsão é de que fique parado por seis meses. Até o começo de setembro, as estatísticas contabilizavam 12.101 vitórias de Ricardinho contra 12.037 de Baze. Triste, mas otimista, o piloto não se deixa abater pelos problemas que encontra no caminho: “Tanto eu quanto os médicos temos as melhores expectativas. Apesar de todas as dificuldades da vida, não podemos perder a esperança. Espero poder voltar antes do previsto. Quanto à luta pelo ranking mundial, essa vai seguir até que um de nós se retire. No momento sigo com a vantagem, e espero poder voltar ainda com a liderança”.

O futuro

Quando questiono então sobre a aposentadoria, o jóquei, de 52 anos e 37 de carreira, ri e responde: “Boa pergunta. Não tenho previsão. Seguirei correndo até onde meu corpo e minha cabeça permitirem”. Quanto ao Brasil, ele planeja, sim, voltar. “Sem dúvida, vou voltar. Amo meu país e minha vida toda é aqui”, afirma ele.

Depois de mostrar a importância do turfe sul-americano e deixar como herança recordes que possam vir a nunca serem quebrados, Ricardinho aconselha: “Para quem pretende começar, amor a profissão acima de tudo, muito trabalho, humildade e perseverança, e acreditar sempre em seu potencial”.

 

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