Indaiatuba tem quase um suicídio por mês em 2020

Jean Martins
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Os casos de suicídios só crescem no Brasil e em Indaiatuba o cenário também é preocupante. De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde, de janeiro a setembro deste ano, o município teve quase uma morte por mês.

Ao todo, em 2020, foram oito casos de suicídio registrados na cidade. Em 2019, o município fechou o ano com 13 registros, três ocorrências a mais que em 2018. Entre os motivos destaques para o consumo de drogas e álcool, bem como problemas familiares, traição etc.

Para Cleyde Rossi, presidente da Associação Vale a Pena Viver, que auxilia pessoas que precisam de apoio, o número de casos em Indaiatuba é preocupante e, assim como em todo o Brasil, é preciso capacitar os profissionais da saúde para atuarem de forma adequada diante desse cenário.

“Eu não tenho dúvida que falta informação, orientação e uma assistência especializada. É preciso que os profissionais da saúde passem por capacitação e fiquem bem informados sobre a questão do suicídio. O profissional da saúde bem informado e esclarecido, quando for procurado em qualquer posto de saúde, vai perceber nitidamente o que àquela pessoa pretende fazer agir”, salienta.

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Cleyde lamenta ainda que o Brasil, diferente de alguns países pelo mundo, não dá atenção devida à causa, mesmo sendo uma orientação da OMS (Organização Mundial de Saúde).

“OMS pede para que os países se especializarem no tratamento à depressão, ao toque, e a todo e qualquer distúrbio que pode levar ao suicídio. E no Brasil não se faz isso, aqui literalmente empurram com a barriga. Falta de verdade ‘abraçar’ a causa, pois aqui o tema ainda é visto com um grande tabu”, lamenta.

Atendimento
Ainda em 2020, 42 pessoas pretendiam tirar suas vidas, mas decidiram procurar apoio junto à Secretaria da Saúde. No ano passado, 123 pessoas também buscaram ajuda e, em 2018, esse número chegou a 58.   

Segundo a Secretaria da Saúde, a rede de atenção psicossocial do município é formada por todos os equipamentos de saúde, desde a Atenção Básica com as Unidades de Saúde, NASF (Núcleo de apoio à saúde da família), passando pelos serviços de especialidades que são os CAPS (Centros de atenção Psicossocial - Adulto, infanto-juvenil e Álcool e drogas), a UPA, até os serviços hospitalares como o Haoc.

Essa rede atende a pessoa em sofrimento mental nos diversos níveis de complexidade realizando acompanhamento contínuo desses pacientes no intuito de tratar o sofrimento mental e prevenir novas desorganizações psíquicas que levem ao pensamento suicida. Não há necessidade alguma de agendamento para ser atendido. A pessoa pode procurar por qualquer serviço de saúde que será prontamente atendida e seguirá seu acompanhamento na unidade de saúde de referência de acordo com a gravidade do caso.

O acompanhamento também é realizado de forma voluntária pela Vale a Pena Viver, que atua em Indaiatuba. A associação realiza palestras em empresas, escolas e igrejas, além de promover atendimento individual. Por conta da pandemia, esse acompanhamento vem ocorrendo pelo Facebook. Lives educativas e preventivas também são realizadas nas redes sociais. A associação conta ainda com apoio de outros profissionais da saúde, que prestam atendimento aos pacientes de forma voluntária.

Para Cleyde, essa é batalha que precisa ser de todos. “Acredito que o grande segredo desse desafio é o amor. Quando você se interessa pela outra pessoa, você a olha de forma diferente e percebe que algo está diferente, que algo não está como sempre foi. Eu costumo dizer, nas minhas palestras, que cada funcionário pode ser um voluntário da Vale a Pena, olhando o seu colega de trabalho com outros olhos. A pessoa precisa de um acompanhamento médico, mas muitas vezes ela necessita de atenção, de esclarecimento, de uma palavra amiga, pois se sente sozinha. Precisamos sair do nosso casulo e ajudar as pessoas a serem felizes novamente”, salienta Cleyde.

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