Publicado em 06/09/2024 às 12h43 Indaiatuba Cidades
Foto: Divulgação
Na última terça-feira, dia 3, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou o avanço de 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre, acima das expectativas de mercado. Para Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a indústria foi essencial para este crescimento sustentado.
“É a atividade com o maior fator de multiplicação, gerando R$ 2,44 para cada R$ 1,00 que produz”, destaca Cervone. Embora tenha puxado a economia no período, com incremento de 1,8%, a indústria de transformação segue enfrentando obstáculos, que causaram a queda de sua participação no PIB. “Nas últimas quatro décadas faltou uma política eficaz para o desenvolvimento do setor. O mais preocupante é que continuam sendo adotadas medidas prejudiciais à manufatura”.
Como exemplo, o presidente do Ciesp citou o projeto de lei que majora as alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e do imposto sobre a renda retido na fonte incidente sobre os juros sobre capital próprio, que o Governo acaba de encaminhar ao Congresso Nacional.
Ainda segundo o dirigente, outros problemas recentes preocupam, como a incerteza sobre a desoneração da folha de pagamentos, que foi derrubada depois de 13 anos e será paulatinamente extinta até 2027, sem que se apresente solução alternativa eficaz para reduzir os custos trabalhistas no Brasil. O problema atinge 17 segmentos, a maioria deles industriais.
Competição
Também preocupa a competição desleal com produtos vendidos pelas plataformas internacionais de e-commerce, que estão pagando apenas 20% do Imposto de Importação para encomendas de até US$ 50, muito menos do que as empresas nacionais, depois de gozarem de quase um ano de isenção.
O presidente do Ciesp aponta outras duas decisões lesivas à indústria e à economia adotadas pelo atual governo: a tributação das subvenções para investimento e custeio (incentivos de ICMS – Lei 14.789/2023), que acarreta perdas estimadas em R$ 25,9 bilhões, e a limitação temporal ao aproveitamento de créditos tributários federais decorrentes de decisão judicial (Lei 14.873/2024), com perdas estimadas em R$ 24 bilhões.
“Esse conjunto de medidas limita os impactos de políticas públicas como a Nova Indústria Brasil (NIB) e a Depreciação Acelerada antes mesmo de começarem a apresentar resultados”, pondera Cervone. Para ele, “o PIB do segundo trimestre demonstrou que o fomento do setor, que não tem sido priorizado no País, é fundamental para o crescimento sustentado mais robusto da economia”.
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