Publicado em 24/04/2025 às 13h10 atualizado em 24/04/2025 às 13h14 - Rafard Cultura e lazer
Foto: Mais Expressão
Por Flávia Girardi
Rafard é até domingo (27), o cenário de uma verdadeira imersão cultural e histórica. A Fazenda São Bernardo, conhecida por ter sido o berço da artista modernista Tarsila do Amaral, abre suas portas para o 7º Arranchamento Indígena, evento gratuito que reúne diversas etnias do Brasil em uma jornada de trocas, respeito e valorização das culturas ancestrais.
O encontro é uma realização da Abaçaí Cultura e Arte, com apoio dos Amigos da Fazenda São Bernardo e da Prefeitura Municipal de Rafard, por meio da Diretoria de Cultura, Esporte e Turismo. A programação, que ocorre sempre a partir das 9h, envolve atividades como apresentações musicais e de dança, rodas de conversa, vivências culturais, além de artesanato indígena, gastronomia típica e caminhadas pela natureza.
Tarsila e a força da terra caipira
Durante a visita nossa equipe, o anfitrião Toninho Macedo, idealizador da Abaçaí e responsável pela preservação cultural do espaço, nos guiou pelos ambientes da fazenda e compartilhou histórias emocionantes sobre Tarsila do Amaral. “Foi nesse cantinho aqui que ela nasceu e viveu até os 8 anos. É uma casa de pau a pique, tem essa importância de ser o berço da Tarsila e ser um elemento agregador do modernismo brasileiro. Tarsila, apesar de toda a importância histórica e artística, morreu pobre. Um erro médico a deixou entrevada em uma cama. Mesmo assim, ela continuou pintando e entregava seus quadros para o Chico Xavier, para ajudar na obra espírita. Pouca gente sabe disso”, revelou Toninho.
Além do valor histórico, a casa também é um espaço de encontro de saberes populares.
“Ela mesma dizia que, quanto mais mergulhava na cultura daqui, mais caipira se sentia. Temos aqui na casa muito do artesanato brasileiro. E é isso que queremos manter vivo”, destacou.
Encontro entre culturas
Entre os representantes indígenas presentes, está Yrabzú Kariri-Xocó, que falou com o Mais Expressão sobre temas urgentes e contemporâneos como a crise climática e imagem estereotipada dos povos originários no imaginário popular. “Tem muitas coisas que as crianças precisam saber. Índio hoje não vive na aldeia nu, dependendo só da natureza. Hoje, nossa sobrevivência é pelo artesanato, porque não dá mais para viver só da caça, pesca e lavoura. A floresta foi muito desmatada. Então a gente preserva nosso espaço e busca sustento pela venda do artesanato”, contou.
Yrabzú Kariri-Xocó destacou que é fundamental levar às crianças a importância de cuidar da natureza. “Se a gente maltrata a natureza, nós seremos maltratados. As estações mudaram, não sabemos mais a época de plantar. A gente diz ‘manda chuva, Deus’, mas ele não é culpado. Nós somos, por conta da ganância”, desabafa.
Durante os dias de evento, o público tem a oportunidade de adquirir diretamente das mãos dos artesãos indígenas peças exclusivas, como colares, cestarias, instrumentos musicais e adornos cerimoniais. A gastronomia também tem seu espaço: a cantina da fazenda oferece pratos da culinária caipira, como feijão tropeiro, cuscuz, bolos caseiros e sucos naturais.
O espaço conta ainda com o Centro Cultural Luz de Pirilampos da Abaçaí, que abriga exposições permanentes como a “Sala Tarsila”, dedicada à trajetória da pintora, e o “Acervo da Cultura Tradicional Paulista”, que reúne objetos, documentos e obras que retratam a identidade cultural do interior do estado.
Um compromisso com a educação e a memória
O Arranchamento Indígena reforça o papel da Fazenda São Bernardo como um centro cultural a céu aberto, com iniciativas voltadas à valorização da diversidade e à formação cidadã.
“Nós estamos aqui até domingo. Estamos recebendo escolas e a população em geral. Podem chegar de manhã, a fazenda estará sempre aberta para recebê-los. É de graça, venham conhecer, ouvir, experimentar. É uma oportunidade única de aproximação com os povos originários e com a história viva do Brasil”, reforça Toninho Macedo.
A estrutura do evento foi planejada para receber visitantes de todas as idades, com acessibilidade garantida — exceto em áreas tombadas. Escolas interessadas devem agendar visitas pelos telefones (19) 3496-1438 ou (19) 99137-5451.
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