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Estudo da Unicamp revela que 11% dos trabalhadores sofreram violência psicológica no Brasil

Pesquisa aponta que assédio e humilhações no ambiente de trabalho afetam especialmente mulheres

 Publicado em  10/07/2025 às 12h45  Brasil  Trabalho e emprego


Os principais agressores foram chefes ou superiores hierárquicos

Os principais agressores foram chefes ou superiores hierárquicos
Foto: Divulgação

Por Flávia Girardi

 

Um estudo conduzido por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp revelou que mais de 15 milhões de brasileiros entre 18 e 69 anos foram vítimas de violência psicológica no período de um ano anterior à Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019. Os dados, publicados na Revista Brasileira de Epidemiologia, mostram que 11% das pessoas ocupadas relataram ter sido humilhadas, ridicularizadas ou ofendidas na frente de outras pessoas, caracterizando situações de abuso emocional.

A análise aponta que esse tipo de violência é mais comum entre mulheres, jovens de 18 a 29 anos, pessoas negras (pretos e pardos), trabalhadores sem cônjuge e com renda de até meio salário mínimo. Entre os que disseram ter vivenciado o problema no ambiente de trabalho, os principais agressores foram chefes ou superiores hierárquicos, responsáveis por 28,8% dos casos, o equivalente a cerca de 2 milhões de pessoas. Outros responsáveis incluíram colegas de trabalho e até desconhecidos.

Segundo a médica do trabalho e pesquisadora Marcia Bandini, uma das autoras do artigo, a violência no trabalho não acontece por acaso. Ela acredita que isso está inserido em uma cultura que naturaliza comportamentos abusivos, reforçada por estruturas machistas, racistas e autoritárias presentes na sociedade brasileira e refletidas no ambiente laboral.

O levantamento utilizou dados da PNS, conduzida pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, e aplicou uma pergunta direta aos entrevistados: “Alguém te ofendeu, humilhou ou ridicularizou na frente de outras pessoas?” Embora simples, a pergunta possibilitou que muitas pessoas relatassem suas experiências, especialmente por ter sido feita fora do ambiente de trabalho, o que garantiu mais liberdade para responder, segundo a epidemiologista Priscila Bergamo, também autora do estudo.

A pesquisa também reforça o quanto as relações interpessoais no trabalho impactam a saúde física e mental. O estresse constante, a tensão muscular e a liberação prolongada de cortisol, por exemplo, estão ligados a doenças inflamatórias como tendinites e a síndrome do túnel do carpo, além de transtornos psíquicos.

Dados da PNS 2019 revelam que, apesar de 11% dos trabalhadores relatarem violência psicológica, a magnitude real do problema pode ser ainda maior. Segundo Bandini, muitos casos não são percebidos pelas próprias vítimas devido à naturalização da violência, e o número tende a ser subnotificado. Além disso, a informalidade no mercado de trabalho brasileiro, onde apenas cerca de 30% dos trabalhadores têm vínculo formal dificulta a coleta e análise de dados em larga escala.

A pesquisa destaca também a importância de políticas públicas que reconheçam os riscos psicossociais no trabalho. Em 2023, o Ministério da Saúde atualizou a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, incluindo distúrbios causados por assédio moral, violência institucional e fatores ligados à organização do trabalho. Este ano, esses fatores foram incluídos no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), parte da Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-1). Os pesquisadores aguardam agora os dados da próxima edição da PNS, prevista para 2025, com o objetivo de ampliar as análises sobre violência no trabalho e suas consequências.

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