Publicado em 26/06/2017 às 11h04 Campinas Cultura e lazer
A água não precisa estar em estado sólido, líquido ou gasoso, como aprendemos na escola. Basta que ela se sinta pressionada o suficiente para surgir uma quarta fase, que a física clássica não é capaz de explicar. A descoberta, feita por pesquisadores americanos quando observaram moléculas de água aprisionadas em um mineral chamado berilo, que compõe as esmeraldas, foi divulgada no fim de 2016. Com esse mote, a diretora Bia Szvat leva aos palcos “O Quarto Estado Da Água”, espetáculo que chega ao Teatro Iguatemi Campinas nos dias 01 e 02 de julho, às 21h no sábado e às 19h no domingo.
Anderson di Rizzi, Kiko Pissolato e Herbert Richers Jr. fazem parte da nova formação do grupo, que tem dramaturgia de Flavio Cafiero (finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura com o livro O Frio Aqui Fora e vencedor do Jabuti na 57 edição com o livro Dez Centímetros Acima do Chão, categoria Contos&Crônicas). O espetáculo também conta com Fabio Cintra na direção musical e traz ao palco instrumentos tocados ao vivo (violoncelo, acordeão e sax), que, juntos formam um quarto personagem em cena e percorrem diversos ritmos (valsa, jazz, tango) criando uma base para que os atores possam criar possibilidades cênicas para deliciar um público sedento por um trabalho que une reflexão e diversão garantida.
Para conseguir dar conta de toda técnica que a peça exige, os atores tiveram aulas extras de flamenco, tango, balé clássico e dança contemporânea.
“O Quarto Estado Da Água” é sobre o homem contemporâneo. A história se passa em cima da laje de um prédio, com três homens que fogem de uma festa de ano novo (no andar térreo) e sobem para respirar um pouco. A partir daí, confissões, angustias e memórias surgem e um jogo de memória entre presente, passado e futuro entra em cena. Do alto do arranha-céu, os personagens questionam qual é o lugar do homem neste mundo contemporâneo, onde novas sexualidades e novas formas de amar estão cada vez mais latentes.
Comédia Refinada: O Quarto Estado da Água é o tipo de comédia refinada, um tanto desalentada e auto irônica, que usa e abusa da escala dramática do ator, levando o público a rir e refletir sobre o mundo contemporâneo. Um espetáculo fluído, cheio de som e imagens e texto enxuto, que traz tudo o que o público espera e algumas surpresas mais para emocionar e relembrar que o teatro acima de tudo é diversão, como dizia o velho mestre Brecht.
A diretora Bia Szvat explica que o espetáculo faz uma analogia da vida dos personagens com os quatro estados da água. “Quero abordar os detalhes e sutilezas do homem contemporâneo e as construções da nova masculinidade, mas sem julgamentos e conclusões. O levantamento de questões de forma criativa e leve tenta resgatar a arte como entretenimento, espaço de reflexão e construção artística”.
Prisma do sensível
A montagem nasceu do encontro entre a diretora Bia Szvat e o ator Anderson di Rizzi. Bia fez a preparação de Anderson para seu personagem Zé dos Porcos na novela Êta Mundo Bom!, da TV Globo. O entrosamento dos dois levou ao desejo de fazerem algo no teatro e foi um caminho natural reestruturarem o grupo que Bia dirige desde 2011. “O Quarto Estado Da Água” faz parte de um projeto de Bia Szvat que contempla a estreia de três espetáculos em 2017. “São espetáculos que focam em grandes temas atuais com o objetivo de sensibilizar e não confrontar”, enfatiza a diretor a.
O primeiro espetáculo é Peça para quem não veio, que já realizou apresentações de abertura do processo criativo no mês de março no Tusp. A montagem, com a atriz e cantora francesa Laurence de Seve, dá continuidade à parceria entre a Cia. Pau D’arco de Teatro, da diretora Bia Szvat e a Compagnie Nie Wiem, da França. O segundo espetáculo é “O Quarto Estado Da Água”, que aborda a nova masculinidade e o homem contemporâneo, e o terceiro, chamado Sobre Alices, discute o feminino com atuação da atriz Lucy Ramos.
Construção cênica
“O Quarto Estado Da Água” parte de uma pesquisa acerca de novas possibilidades da dramaturgia contemporânea, subvertendo o processo tradicional de construção cênica – no qual o desenvolvimento se dá por camadas – e tecendo uma performance em que atuação, construção sonora, dança, canto e direção artística e criação do texto caminharam juntas. A partir de experimentos realizados com os três atores, o dramaturgo Flavio Cafiero apresentou proposições de situações; estas foram retrabalhadas em cena junto à direção e novamente voltaram para o dramaturgo, num contínuo processo de retroalimentação entre as instâncias da criação.
Para o ator Anderson di Rizzi, o tema proposto é complexo e amplo, mas muito atual e necessário. “Na peça, os três personagens discorrem sobre o mundo contemporâneo, divagando a respeito de experiências nas quais um indivíduo pode ter relações e identidades de gênero que não se encaixam nas categorias-padrão. Outro ponto pertinente da montagem é mostrar o homem reagente, já que a mulher mudou de lugar na sociedade atual”, conta ele.
Já Luiza Curvo, em sua segunda incursão pela área da cenografia, ressalta a importância do diálogo e das trocas ocorridas entre a equipe no decorrer do processo. “Conversei bastante com a Bia e a gente se preocupou o tempo inteiro em utilizar a água, enquanto elemento cênico, para além das formas que a gente conhece no dia-a-dia, caminhando para atingir a sensibilidade do público”, frisa.
A luz, assinada com Cesar Augusto Pivetti e Vânia Jacônis é outro elemento importantíssimo na montagem. “a luz deste espetáculo foi um elemento ativo na construção das cenas. Durante cada ensaio o desenho de luz era pensado e utilizado como parte essencial do espetáculo”, diz Bia Szvat.
“Acredito numa forma libertária de direção do grupo, onde a autodisciplina é fator preponderante para que o espetáculo aconteça com a criação de toda uma equipe. Neste sentido, o meu teatro não enxerta uma visão do diretor na peça sem antes ter um sentido de escuta profundo dos atores-compositores e de toda a equipe criativa que constroem o significado do espetáculo juntos, durante a pesquisa artística”, diz Bia Szvat.
O resultado é um espetáculo altamente atraente, uma comédia feita com humor corrosivo, diálogos bem esculpidos cheios de primeiras, segundas e terceiras intenções, repleto de musicalidade, tempos de reflexão para todo mundo que busca algum frescor na forma de se fazer teatro.
FICHA TÉCNICA:
Direção Geral: Bia Szvat.
Dramaturgia: Flavio Cafiero.
Elenco: Anderson di Rizzi, Kiko Pissolato e Herbert Richers.
Stand-in: Francisco Zaiden.
Assistente de Direção: Élder Idelfonso.
Direção Musical: Fabio Cintra.
Músicos: Thayna Oliveira, Ricardo Venturin e Gerson Silva Jr.
Design de Luz: Cesar Pivetti e Vânia Jaconis.
Cenografia: Luiza Curvo.
Aderecista: Marisa Caula.
Produção: Ricco Antony e Andreia Porto.
Assistentes de Produção: Lucas Martins Néia e Priscila Biade.
Apoio de Produção: Felipe Matias.
Duração: 60 minutos.
Classificação: Recomendado para maiores de 14 anos.
Serviço
Campinas:
Data: 01 e 02 de julho, sábado e domingo.
Horário: sábado às 21h; domingo às 19h.
Local: Teatro Iguatemi 3º piso do Iguatemi Campinas
End: Av Iguatemi, 777 – Vila Brandina
Telefone: (19) 3294-3166 – www.teatrogt.com.br
Valores:
Inteira: R$ 70,00
Meia-Entrada: R$ 35,00
Vendas:
Bilheteria do Teatro: 3294-3166 (segunda a sábado das 10h às 22h | domingo das 12h às 20h)
Pela internet: www.ingressorapido.com.br
Regras para Meia-Entrada:
Estudantes (Com Cartão da Instituição Educacional com data de validade ou Boleto – Atestado de Matricula do mês vigente)
Idosos e Terceira Idade (Cartão de Aposentado ou RG para maiores de 60 anos)
Professores Rede Pública (Holerite ou Documento que comprove)
Regras Promocionais:
CLUBE GT – Os sócios do Clube GT tem 50% de desconto mediante cartão.
Clientes Oba Hortifrúti – 50% de desconto nos ingressos. Para garantir esse benefício, é necessária a apresentação do cupom fiscal com o valor mínimo de R$ 30,00, que deve ter sido emitido no máximo 30 dias antes da data do espetáculo escolhido. As compras deverão ser realizadas nas lojas Oba Hortifrúti de Campinas.
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