Publicado em 08/04/2022 às 12h58 Indaiatuba Cultura e lazer
Por Hellica Miranda [email protected]
“A Lygia, uma escritora do pós-modernismo, merece esses títulos pela maestria com que escreveu em vários gêneros, sobre variados temas, os quais fazem a sociedade refletir uma realidade e suas mazelas. Numa escrita voraz de sutilezas e força feminina, a autora é implacável”, observa Virgínia de Oliveira, professora de língua portuguesa e escritora, que recebeu das mãos da própria autora o Prêmio Professor Escritor no Concurso Lygia Fagundes Telles, em reconhecimento a seu conto “Um peixe chamado pai”.
“A premiação foi na Academia Paulista de Letras. Quando cheguei, uns atores estavam encenando, dramatizando um trecho do meu texto. Era tudo encantamento para mim, só que eu recebi o prêmio das mãos da Lygia! Que emoção! Uma mulher de olhar doce, de pele linda, com uma voz tranquila me dizendo gentilezas pelo meu texto. Foi inesquecível!”, conta a escritora.
Para ela, como professora de literatura, se um leitor não conhecer um texto sequer da Lygia, está perdendo a chance de ser um ser humano melhor. E ressalta: “O Brasil tem mulheres incríveis na literatura. E Lygia é a grande dama, sim! E certamente ela reconhecia as outras escritoras quando tratava em sua obra essa delicadeza em ser, não uma só mulher, mas várias mulheres dentro de si mesma”.
Virgínia, também uma mulher que tem várias outras dentro de si mesma, lança em breve um novo livro, “Breves Poemas de Amor e Alguns Lamentos”, cuja noite de autógrafos foi adiada pela pandemia, e estrela a peça “Cora de múltiplas cores”, apresentada no Piano, dia 25 de março, e logo no teatro Estrada e outros da região.
Leitora foi impactada pelo conto ‘Venha ver o pôr do sol’
“Posso dizer que Lygia Fagundes Telles deixou a vida terrena, porém o legado de suas obras atemporais será eterno”, declara a professora Siomara Giovannetti, que conheceu a obra da autora ainda no ensino médio, quando mergulhou no conto “Venha Ver o Pôr do Sol”, de 1988, que reapareceu em sua vida na faculdade.
“Nos textos da autora, os finais são abertos e cabe a nós, leitores, imaginarmos o destino das personagens”, destaca a professora. Talvez por isso a escritora paulista que cursou Educação Física e Direito na Universidade de São Paulo tenha conquistado tantos leitores em seus mais de 80 anos de carreira: a facilidade em seduzir tipos diversos de leitores a levou a ter suas obras consideradas patrimônio da cultura e da língua portuguesa, além de conquistar os maiores prêmios de literatura nacionais e internacionais, como o Jabuti e o Camões, além de ter sido a primeira mulher brasileira indicada ao Prêmio Nobel de Literatura.
Dama da literatura brasileira inspira gerações
Ainda que boa parte de suas obras tenham sido publicadas no século passado, Lygia Fagundes Telles conquistou seu lugar como eternamente contemporânea. Suas obras impactaram e influenciaram não somente seus fãs, mas especialistas em literatura, ativistas feministas e dos direitos LGBTQIA+.
Eternizada em mais de 40 produções literárias publicadas, Lygia foi homenageada, em 2016, com o livro “A construção de Lygia Fagundes Telles - Edição Crítica de Antes do baile verde” e, no ano seguinte, no filme “Lygia, uma Escritora Brasileira”, que focam em mostrar a mulher forte por trás do grande nome da literatura, que se apaixonou e, contrariando as leis brasileiras que não permitiam o divórcio, casou-se uma segunda vez; a artista que participou do Manifesto dos Intelectuais, protestando contra o regime militar e a censura da imprensa; a mãe que teve de enterrar o filho e diversas outras facetas da Dama da Literatura Brasileira.
Lygia faleceu na manhã de domingo (3), aos 98 anos, em São Paulo. Segundo Juarez Neto, da Academia Brasileira de Letras, ela faleceu em casa, de causas naturais.
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