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Epigenética: quando a saúde deixa de ser destino e passa a ser escolha

Cultura

 Publicado em  12/12/2025 às 10h00  Indaiatuba  Cultura e lazer


Foto: Sérgio Zalis

O geneticista Mariano Zalis, referência em epigenética e medicina de precisão no Brasil, revela como hábitos, emoções e ambiente impactam a expressão dos nossos genes e como pequenas mudanças diárias podem transformar a própria biologia.

Em entrevista à Revista Estilo, ele fala sobre saúde, comportamento e o impacto das pequenas escolhas no corpo e nas futuras gerações. Ele é autor do livro recém-lançado Epigenética – A nossa herança invisível (Fólio Digital).

Estilo: “A biologia não é destino, é diálogo” — o que isso significa?

MZ: Os genes não determinam tudo. Eles representam possibilidades que podem ser ativadas ou silenciadas de acordo com nosso estilo de vida, emoções, alimentação, sono, relações e ambiente. A epigenética mostra que pequenas escolhas diárias influenciam profundamente nossa saúde — trazendo, ao mesmo tempo, esperança e responsabilidade.

Estilo:  Como o estilo de vida “liga” ou “desliga” genes?

MZ: O DNA é como um livro de receitas; a epigenética decide quais serão feitas. Hábitos saudáveis ativam genes de proteção e longevidade. Já o estresse, a má alimentação e o sedentarismo ativam vias inflamatórias. O mais importante é que essas marcas podem ser revertidas com mudanças na rotina.

Estilo: Pais não biológicos também influenciam geneticamente?

MZ: Sim. O cuidado, o ambiente emocional e o estilo de vida do lar deixam marcas epigenéticas nas crianças, afetando genes ligados ao estresse, à imunidade e ao desenvolvimento cerebral. Não herdamos apenas DNA, mas também experiências, vínculos e contextos.

Estilo: Emoções e estresse interferem nos genes?

O estresse crônico altera a expressão de genes ligados à inflamação, ao metabolismo e ao humor. Por outro lado, o equilíbrio emocional contribui para ativar genes relacionados à reparação, à estabilidade e ao bem-estar. Em grande parte, essas alterações são reversíveis.

Estilo: O que mais surpreende nas descobertas recentes?

MZ: Experiências traumáticas podem deixar marcas epigenéticas que atravessam gerações. No entanto, essas marcas não são definitivas: ambientes seguros, relações afetivas e hábitos positivos podem revertê-las. Isso reforça que saúde é também resultado do contexto social e emocional.

Estilo: Quais são as aplicações práticas no câncer?

MZ: A epigenética já contribui para: Detecção precoce de riscos, compreensão mais precisa de cada tipo de tumor, tratamentos personalizados, incluindo medicamentos que atuam sobre a expressão gênica

Estilo:  Por que unir ciência, filosofia e comportamento?

MZ: Essa integração mostra que cada escolha diária é um diálogo com o próprio DNA. Isso rompe a ideia de determinismo genético e amplia a consciência sobre o impacto do estilo de vida na saúde e na longevidade.

Estilo: Afinal, é possível “reprogramar” a biologia?

MZ: Não é possível mudar o DNA que herdamos, mas é possível influenciar a forma como ele se expressa. Alimentação adequada, sono de qualidade, atividade física e redução do estresse podem modificar padrões epigenéticos em poucas semanas, dentro dos limites naturais do organismo.

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  • Foto: Sérgio Zalis


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