Curiosidades históricas e culturais: memórias que contam nossa história

Primeiro jornal local: O Indaiatubano, fundado em 17 de agosto de 1913
Foto: SCYLLAS LEITE DE SAMPAIO E CAIO DA COSTA SAMPAIO

Por: Flávia Girardi 
Indaiatuba é muito mais do que ruas e casas: cada objeto, cada documento e cada lenda carregam histórias de gerações que ajudaram a construir a cidade. Dos primeiros povos indígenas à imprensa local, da observação dos céus à vida cotidiana, a memória cultural da cidade revela os sonhos, descobertas e conquistas de seus moradores.

Povos indígenas

No sítio arqueológico Tapajós, localizado próximo ao rio Capivari-Mirim, escavações realizadas em 1972 pelo antropólogo Professor Desidério Aytai, da Universidade Católica de Campinas, e pela pesquisadora Dra. Nobue Myazaki, do Instituto de Pré-história da USP, revelaram mais de um quilômetro de restos arqueológicos. Foram encontrados cacos de cerâmica, urnas e outros objetos de cultura tupi-guarani com idade estimada em 800 anos, pelo método da termo-luminescência. O engenheiro José Luiz Bicudo do Valle, colecionador e conservacionista, possui ainda um machado de pedra polida indígena, encontrado nos campos da fazenda Pau Preto, hoje na área urbana de Indaiatuba, lembrando a presença ancestral desses povos na região.

Primeiro jornal

Fundado em 17 de agosto de 1913, O Indaiatubano é o primeiro jornal registrado a circular em Indaiatuba. Criado por G. Miguel Bosio, trazido para a cidade pelo Professor Galdino Chagas, permaneceu sob sua direção por quase dois anos. Para garantir a sobrevivência do jornal, Bosio contou com apoio do Prefeito Major Fonseca, proprietários de cinemas locais, do Professor Carlos Tancler e de Benedito Taborda. Posteriormente, a redação passou ao advogado C. P. Sampaio Neto. O jornal funcionava na Rua Quinze de Novembro, número 10, e depois, segundo registros de 1917, na Rua Boa Vista, número 17, atual Bernardino de Campos, mantendo viva a memória e informação local.

Bandeira municipal

Em 20 de agosto de 1968, foi criada a bandeira municipal de Indaiatuba, representando a identidade e o orgulho da população, unindo símbolos históricos e culturais da cidade.

O Imperador

Durante seu longo reinado de quase cinquenta anos, o Imperador D. Pedro II passou por Indaiatuba em três ocasiões, sem nunca a visitar oficialmente, mas deixando registros que evidenciam a importância estratégica da cidade.

1846 – Primeira passagem: Em trânsito de Itu para Campinas, D. Pedro II chegou à região em 23 de março, permanecendo até o dia 26. No dia 24, saiu a cavalo para visitar o Salto de Itu, distante uma légua da cidade. No dia 25, assistiu a uma caçada de veados e almoçou na casa de Antônio Paes de Barros, depois Barão de Piracicaba. Ao meio-dia houve Te-Deum e beija-mão pelo aniversário da Constituição. À noite, um grande concurso de povo se reuniu em frente à residência imperial, com poetas recitando suas obras, enquanto o Imperador registrava sua gratidão: “O sincero agradecimento do fiel povo ituano, gravado do peito do seu gato soberano”.

1876 – Segunda passagem: Partindo de Jundiaí às nove da manhã, chegou em Indaiatuba às 10h15. De trem especial, verificou o ramal de Capivari da ferrovia Mogiana. Retornou à cidade às 16h15 e chegou a Itu às 17h30, sendo recebido com aclamações e hospedando-se na casa do Dr. Antonio de Queiroz Telles.

1886 – Terceira passagem: Durante a inauguração do ramal para Poços de Caldas, D. Pedro II passou por Indaiatuba, de passagem para Piracicaba, almoçando na casa de Francisco de Campos Araújo .