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Brasil precisa incluir 10 milhões de surdos

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 Publicado em  16/10/2025 às 10h33  Brasil  Educação


Por: Flávia Girardi

O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) por professores surdos vem ganhando espaço nas instituições de ensino superior e se consolidando como ferramenta essencial para a promoção da inclusão. Na Faculdade SESI de Educação, todos os estudantes das áreas de Linguagem, Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Educação Física têm a oportunidade de aprender Libras com Rafael Cavichiolli, professor surdo que soma mais de uma década de trajetória dedicada à educação bilíngue. Graduado em Letras Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em Docência da Libras, licenciado em Pedagogia, mestre e doutorando em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP, Rafael é também um defensor ativo dos direitos da comunidade surda e da educação inclusiva. “Professores surdos são fundamentais porque ensinam Libras como língua natural, transmitindo não apenas os sinais, mas também a cultura e a identidade surda. Além disso, servem como modelo de referência para alunos surdos e demonstram que a comunidade surda pode ocupar espaços de ensino e protagonizar sua própria educação”, afirma.

Formação inclusiva

No Brasil, a educação inclusiva tem avançado nos últimos anos, especialmente com o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão por meio da Lei nº 10.436/2002. No entanto, segundo levantamento do IBGE, mais de 10 milhões de brasileiros possuem algum grau de surdez, e essa parcela da população ainda enfrenta inúmeras barreiras para acessar serviços básicos como saúde, educação, transporte e até mesmo ambientes de lazer e alimentação.

Segundo o professor, a fluência em Libras por parte dos docentes ouvintes permite uma comunicação direta com os alunos surdos, reduzindo a dependência de intérpretes e criando um ambiente mais acessível e participativo. Isso fortalece os vínculos entre os estudantes e favorece uma convivência mais respeitosa e empática. Apesar dos benefícios, Rafael reconhece que o aprendizado da Libras apresenta desafios, principalmente para os ouvintes. A estrutura gramatical, por exemplo, é distinta do português e baseada em uma modalidade visuoespacial, o que exige outra forma de percepção e expressão. Para superar essas barreiras, ele utiliza métodos que incentivam a imersão na comunidade surda, com atividades práticas, uso de recursos audiovisuais e debates sobre as especificidades culturais e linguísticas da Libras. Apesar de existirem 269 mestres, 97 doutores e 13 pós-doutores surdos no país, os números revelam a urgência por políticas públicas que ampliem o acesso, a permanência e a valorização desses estudantes.

Para além dos muros das universidades, o ensino de Libras contribui diretamente para uma sociedade mais justa. O escritor, contador de histórias e professor Filipe Macedo, também conhecido como Passarinho, é exemplo dessa transformação. Deficiente auditivo com perda bilateral, ele começou a estudar Libras em 2006 e é autor do livro infantil Família da Libras, que apresenta a comunicação por meio das mãos de forma lúdica e acessível. “Mesmo com o reconhecimento legal da Libras, muitos surdos ainda não conseguem ser plenamente compreendidos em uma consulta médica, em um restaurante ou em um serviço público”, alerta Rafael. Para ele, é preciso garantir acessibilidade comunicacional, física e pedagógica com intérpretes, materiais adaptados, currículos bilíngues e formação continuada de professores ouvintes. “Educação inclusiva não é só presença na sala de aula, é participação ativa com respeito à língua e à identidade do outro.”

Galeria de mídia desta notícia

  • Escritor, contador de histórias e professor, Filipe Macedo é deficiente auditivo e começou se encantar com a Libras há quase 20 anos

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  • Rafael Cavichiolli Teixeira, professor de Libras

    Rafael Cavichiolli Teixeira, professor de Libras

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