Publicado em 24/02/2014 às 10h15 Internacional Turismo
Agora entendo porque os antigos navegantes chamavam as Ilhas Galápagos desta maneira. Entendi que o encantamento não vem de algum feitiço ou magia e sim, da natureza intocada e de uma vida selvagem única e variada. Parte deste encantamento vem do fato de que aqui, os animais não temem o homem. Devido a um intenso trabalho de preservação, eles vem o homem não como uma ameaça e sim como um integrante do ecossistema. Seres que chegam em bandos e se vão sem deixar vestígios. É comum, ao se caminhar pelas ilhas, encontrar lobos marinhos, iguanas e tartarugas deitadas placidamente sobre a trilha destinada aos turistas. O máximo de reação que recebemos deles é um olhar que expressa a pergunta: “Quem é este bípede que veio atrapalhar meu sono?”.
Galápagos é um arquipélago composto de 18 ilhas maiores e vários rochedos, localizado a mil quilômetros da costa do Equador. Apenas quatro destas ilhas são habitadas e nelas estão concentrados os hotéis, serviços turísticos e seus dois aeroportos. São por eles que chegam os visitantes e boa parte dos produtos que abastecem as comunidades locais. Há duas maneiras de se conhecer as ilhas. Uma delas é se hospedar nos pequenos hotéis nas ilhas de Santa Cruz e Espanhola. Destes portos, partem diariamente lanchas rápidas que levam o turista para conhecer as ilhas próximas. São lanchas para 15 ou 20 passageiros, que viajam cerca de 2 horas para chegar aos destinos. Nestes passeios é possível ver uma grande variedade da fauna e se ter uma boa ideia da riqueza natural de Galápagos. A outra maneira de conhecer o arquipélago é embarcando em barcos de cruzeiros, que podem ser desde pequenos veleiros até navios para 90 passageiros. Este é o máximo permitido para embarcações locais. Os cruzeiros são uma ótima opção, pois tem autonomia para visitar as ilhas mais distantes. Outra vantagem é que boa parte da navegação é feita a noite, enquanto se está dormindo. Visitando-se mais ilhas, pode-se ter uma melhor visão da variedade deste ecossistema e de suas espécies endêmicas. Uma delas são os pinguins de Galápagos, espécie que se adaptou a viver em latitudes tão distantes do Polo Sul. Outra, são os atobás de asas atrofiadas, aves que não voam e sim mergulham a grandes profundidades para buscar seu alimento. Outro animal que usa a mesma técnica são os iguanas marinhos. Porém, a espécie endêmica mais famosa é certamente a tartaruga Galápagos, cujo nome batizou as ilhas. Estes gigantescos e longevos animais foram perseguidos durante anos pelos navegadores que se abasteciam nas ilhas e chegaram à beira da extinção. Hoje, sua sobrevivência é garantida por rígidas leis de preservação e pelo trabalho incansável da estação de pesquisa Charles Darwin, que investe na reprodução das tartarugas em cativeiros.
Além dos animais endêmicos, existem também centenas de outras espécies que fizeram das ilhas o seu lar. A cada nova ilha, um novo universo de seres se revela ao visitante, sempre sem medo e sem o menor pudor. Nas épocas de reprodução, é possível assistir de camarote todo o processo, desde a corte até a postura dos ovos e o nascimento dos filhotes. A proximidade com os animais é tão grande que se tem a sensação de estar dentro de um filme da National Geographic. As ilhas podem ser visitadas durante todo o ano, embora seja aconselhável evitar os meses de janeiro e fevereiro devido as altas temperaturas e das chuvas. Os cruzeiros tem rotas definidas pelo governo e percorrem todas as ilhas abertas ao turismo a cada duas semanas. Normalmente, os percursos são divididos em etapas menores que podem ser de 4 até 7 noites. Portanto, para se conhecer todo o arquipélago, é preciso fazer 2 ou 3 cruzeiros seguidos. No entanto, vale mencionar que mesmo os cruzeiros mais curtos visitam locais suficientes para deixar satisfeito qualquer visitante.
Galápagos também é muito visitada pelos praticantes de mergulho. A fauna marinha é rica e variada. Isto se deve a correntes submarinas cheias de nutrientes que afloram neste lugar. Uma grande variedade de peixes, baleias e golfinhos, vem até aqui para se alimentar. Os cruzeiros já incluem em seus programas paradas para mergulhos com snorkel, e para quem não quer molhar os pés, oferecem passeios em bote com fundo de vidro. Para quem gosta de mergulho autônomo, sugiro embarcar em viagens especializadas, onde se pode mergulhar várias vezes por dia em diversos pontos do arquipélago. É possível também fazer mergulhos através de passeios diários que partem das principais ilhas.
Galápagos é assim: Rica, linda e inesquecível. É um destino como nenhum outro na terra. O contato em primeiro grau com a natureza certamente vai marcar a sua vida. Se planeja visitá-la, sugiro separar de 5 a 8 dias para conhecer suas principais ilhas. Lembre-se porém, que este é um destino internacional com grandes limitações sobre o número de visitantes. Para conseguir bons preços é preciso reservar com antecedência. Para saber melhor como funciona um cruzeiro e conhecer algumas das ilhas encantadas, sugiro assistir a estes vídeos que fizemos sobre o arquipélago e o navio MN Santa Cruz.
Tenho certeza de que, como eu, você vai se apaixonar pelas encantadas ilhas de Galápagos. Boa Viagem!
Peter Goldschmidt
* Peter é membro da Família Goldschmidt que desde 1999 viaja pelo mundo descobrindo e divulgando novos roteiros turísticos. É também diretor da agência de turismo Gold Trip - www.goldtrip.com.br - Fone: (11) 4411-8254
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