Publicado em 24/04/2025 às 11h21 Indaiatuba Cidades
Foto: Lucas Cardoso/Mais Expressão
Disponível gratuitamente, o Calendário Afrodatas é um instrumento para educadores, escolas e instituições que desejam enriquecer seus projetos pedagógicos com conteúdo afro-referenciados. Desenvolvido pelo Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro (CEAAB) da PUC-Campinas, o material valoriza e dá visibilidade à rica história e cultura afro-brasileira e africana, apresentando marcos históricos, datas simbólicas e personalidades negras fundamentais para a construção da sociedade brasileira.
Fruto do projeto Afrodatas, o calendário tem como missão conscientizar e educar sobre temas étnico-raciais e os saberes ancestrais que por séculos foram silenciados. “Ele reafirma o compromisso de promover marcos importantes da história negra que por séculos foram silenciados na educação”, afirma a Comendadora Edna Almeida Lourenço, integrante do CEAAB e entrevistada no episódio 15 do podcast Os 6 Gatinhos, em parceria com o grupo Mais Expressão.
“Uma criança negra, ao ter contato com esse material, tem sua autoestima elevada. Porque ela passa a se ver, a se reconhecer, a entender que ela pertence. E isso é fundamental”, ressalta Edna Lourenço. “Nós não queremos ser iguais aos outros, porque somos diferentes, mas exigimos o direito de estar nos mesmos espaços, com respeito e dignidade.”
Ela destaca ainda a importância do conhecimento como base para o respeito: “A falta de conhecimento é que faz com que as pessoas tenham atitudes impensadas, que machucam. É por isso que educação é a chave.”
Datas e personalidades
O Calendário Afro-Referenciado contempla, ao longo do ano, uma série de datas simbólicas e figuras históricas que marcaram profundamente a luta e a cultura afrodescendente no Brasil e no mundo. Entre os nomes lembrados estão o médico psiquiatra Juliano Moreira, pioneiro na luta contra o racismo científico, e o engenheiro Teodoro Sampaio, um dos primeiros intelectuais negros do país. A escritora Carolina Maria de Jesus surge como símbolo da resistência feminina negra, enquanto Pixinguinha, Clementina de Jesus e Nat King Cole representam a força da música negra em diferentes épocas e territórios. No campo dos direitos civis, Angela Davis e Martin Luther King Jr., referências globais na luta por igualdade e justiça. Também são lembrados a diplomata brasileira Mônica Veyrac e o ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, reconhecido por seu papel na abolição da escravidão nos Estados Unidos.
Representatividade em todas as esferas
Para Edna Lourenço, que carrega 73 anos de militância e vivência como mulher preta, o calendário é também um grito por igualdade de direitos e oportunidades. “Eu não estou dizendo que quero ser igual a você. Eu sou diferente. Mas eu tenho o direito de estar onde você está. Me preparo, me formo, me qualifico. E por que não posso estar lá?”
Ela também reforça a importância de ações afirmativas, como cotas, que ajudam a corrigir desigualdades históricas. “As pessoas precisam entender que há critérios. A pessoa precisa ter nota, precisa passar pela banca de heteroidentificação. Não é simplesmente ‘sou preto, entrei’. Existe preparo e verificação”, esclarece.
A fala de Edna é um chamado ao engajamento social e à construção de um mundo mais justo. “Não basta dizer ‘eu não sou racista’. É preciso ser antirracista, anti-homofóbico, anti-xenofóbico. Só assim vamos viver de forma fraterna, cantando, dançando, comendo um pedaço de pão, tomando água.”
Ela conclui com emoção: “Me apaixono quando vejo uma criança negra com uma boneca negra no colo. Isso é pertença. Isso é dizer: ‘isso aqui é meu, eu faço parte’.”
Clique aqui para acessar o calendário, e assista o episódio no YouTube do Mais Expressão.
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