Com acesso à informação, domínio digital e influência cultural, a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) parece estar no controle de tudo. Mas por trás dos filtros e feeds, cresce uma realidade silenciosa: a insegurança emocional, profissional e financeira desses jovens está em alta, e a proteção, em baixa.
Mesmo com maior exposição a riscos como burnout, informalidade no trabalho, problemas de saúde mental e instabilidade econômica, a adesão a seguros segue baixa nesse público. Dados da CNseg mostram que a penetração de seguros de vida entre jovens de 18 a 29 anos representa menos de 10% do mercado. No caso dos seguros de renda, invalidez ou previdência, os números são ainda menores.
Segundo especialistas, a geração Z não rejeita o seguro, ela simplesmente não foi convencida de que ele é feito para ela.
"Essa geração vive sob pressão constante: produzir, crescer rápido, performar. Mas ao mesmo tempo, é pouco estimulada a pensar em proteção a médio e longo prazo. O seguro ainda fala uma língua que ela não entende ou não sente que foi feita para ela", afirma Leandro Giroldo, CEO da Lemmo Corretora e professor na ENS.
Entre crises e escolhas
Trabalhos instáveis, falta de CLT, ausência de plano de saúde, e uma rotina marcada por excesso de telas, ansiedade e endividamento formam o pano de fundo para essa nova geração de adultos. O seguro, ferramenta historicamente ligada a planejamento e prevenção, não faz parte da conversa.
Em um momento em que a saúde mental se torna pauta dominante entre jovens adultos, por que ainda é raro encontrar um seguro com foco real em acolhimento psicológico, proteção de renda ou adaptação à vida autônoma?
A contradição digital
Jovens influenciadores contratam assessoria de imagem, terapeuta e marketing pessoal, mas não têm seguro de vida. Profissionais criativos com 2, 3 fontes de renda vivem sem proteção contra acidentes ou invalidez. E startups voltadas a esse público oferecem tudo sob demanda, menos segurança formal.
Essa lacuna mostra um problema do setor: o produto não acompanha o estilo de vida do novo consumidor. "A linguagem, o canal e o timing do seguro ainda são pensados para uma geração anterior. O problema não é o jovem, é a oferta", resume Giroldo.
E o que está em jogo?
A ausência de seguros entre jovens não representa só um problema de mercado, é também uma questão social. Emergências médicas, afastamentos por transtornos psicológicos e instabilidade profissional estão cada vez mais presentes na faixa dos 20 aos 30 anos. Sem proteção formal, a consequência é endividamento, abandono de tratamento e dependência familiar.
Para o setor, o desafio é claro: comunicar valor, criar relevância e adaptar produtos. Para a geração Z, o convite é urgente: proteger não é pessimismo, é liberdade de continuar vivendo, mesmo nos dias ruins.
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