Quando meus netos ganharam um vira-lata concordei em ajudar a construir uma casinha para ele. Logo no início do projeto, constatei que a participação das crianças seria uma provação para mim. A maior parte da minha energia era gasta chamando os meninos de volta ao trabalho e descobrindo tarefas que fossem capazes de fazer. Mas mantive minha determinação inicial de que a construção seria um trabalho de equipe, um verdadeiro combate. Havia prometido aos meus netos que faríamos um churrasco de salsichas no quintal assim que terminássemos a pintura da residência canina. Selecionei os três maiores rolos de  pintura paredes e me reservei a supervisão da pintura da nossa estrutura feita-em-casa. Crianças e tinta. Como pude menosprezar o potencial de desastre que tal combinação pode criar? Depois de limpar a bagunça – crianças, rolos, local sugeri que poderíamos comer mais cedo se pedíssemos à vovó para ferver as salsichas numa panela de água no fogão a gás. Senti o aguilhão da culpa ao me ver tentando uma evasão da promessa. Os netos ficaram assistindo enquanto eu acendia um fogo de primeira classe na churrasqueira, areava os espetos e me preparava para o evento culinário. Quando acabamos de jantar, deitei-me e me distraí observando os últimos fulgores do fogo. O pequeno de seis anos, estava recostado em meu peito e me detive a pensar no significado de ser avô. O silêncio foi quebrado quando ele me comunicou sua reflexão. - Sabe, vovô? – e sem desviar o olhar das brasas ardentes, prosseguiu. – Hoje foi o melhor dia de toda a minha vida. Continuamos em silêncio até ele olhar para mim e perguntar:- Está chorando, vovô? Tem uma lágrima na sua bochecha. Limpei a garganta e expliquei que devia ser a fumaça. Pedro e Enzo: -  o John Antony, primo, chegará no final de julho de 2013.