Encontrar detalhes que jamais imaginamos, se deparar com sons, cheiros, uma fresta, uma calçada sem buracos outra com muitos, uma vitrine, uma escultura, pessoas diversas, cores, um parque, bancos, praças, um museu. Entramos ou não entramos?

Vamos pensar, mas seguimos a flanar ou no popular e bom portugês seguimos a perambular. É uma sensação única, não ter necessariamente um destino, caminhar com o olhar da descoberta. É o tempo do percurso e não o destino final que nos coloca à disposição para caminharmos muitos quilômetros e com uma criança as percepções do flanar são potencializadas.

Grandes pensadores dizem que flanar ilumina o espírito ou que se é possível conhecer as almas das ruas flanando, eu considero que flanar faz o adulto ver as cidades com olhos de criança, porque ao flanar é possível se encantar mas também se indignar, flanar é aprendizado contínuo. Seja flanando ou caminhando cotidianamente, o deslocamento a pé é muito mais saudável para o corpo e para mente, no entanto, nossas cidades estão pouco preparadas e nós nos acostumamos ao deslocamento automotivo.

Por aqui estamos flanando de férias por Londres, Paris e Barcelona, esta experiência com uma criança de dois anos nos mostra a potência do aprender na prática, do aprender com a vida, com o convívio, com o diverso, com as cidades. Bento é um explorador de miudezas, de delicadezas e nos conta com seus gestos a importância das pausas, dos questionamentos, do movimento e do olhar para o novo.

Dayana Araujo - Arquiteta e Urbanista, mestre em Urbanismo e diretora do Instituto Airumã [email protected] @institutoairuma e @dayaraujo.arq