Os estudos acerca da cidade nos mostram que ela, escolhida pelos sujeitos historicamente como forma de vivência, tem uma função social. Tal função está expressa no Estatuto das Cidades, legislação que guia os municípios na condução da gestão urbana. A função social da cidade também diz respeito à garantia dos direitos das crianças. Por isso é necessário uma mirada integral.

Se as crianças terão alimentação adequada para o desenvolvimento e para o brincar, se os pais terão tempo e mobilidade para levá-las às praças. O estudo “Lugar importa: O que Nos Rodeia Nos Molda” do Centro de Desenvolvimento Infantil da niversidade de Harvard, destaca as três dimensões que mais impactam as infâncias (e toda vida):

1) Ambiente social: famílias, relações de cuidado, conexão, comunidade, pertencimento e cultura. 2) Ambiente natural e construído: espaços verdes, moradia adequada, segurança nutricional, mobilidade, infraestrutura, saneamento, qualidade do ar, água e clima, segurança. 3) Influências sistêmicas: políticas públicas, distribuição de recursos, racismo estrutural, desigualdade, pobreza, precarização das instituições.

Esses fatores interagem entre si e com o ambiente social da criança de formas profundamente interligadas, por isso sustentar um olhar sistêmico sobre a cidade e sobre as infâncias é fundamental. Em suma - é uma questão de espaço, mas não só.

Precisamos atuar em conjunto para redesenhar políticas públicas e cidades saudáveis, seguras e cheias de oportunidades para as infâncias.

Dayana Araujo - Arquiteta e Urbanista, mestre em Urbanismo e diretora do Instituto Airumã [email protected] @institutoairuma e @dayaraujo.arq