Em uma das últimas conversas que tivemos, falamos sobre o "abraço" do solo nas fundações profundas. Mas e quando o solo firme está logo ali, na superfície? Parece mais fácil, não é? Apenas apoiar a casa em uma base larga e pronto.

Pode não ser bem assim! Na engenharia, o segredo está sempre nos detalhes.

Pense nos seus sapatos. Para andar na neve, você usa aquelas raquetes largas para não afundar. Para nadar, nadadeiras. Para caminhar, tênis. Você jamais usaria um sapato de salto agulha na areia da praia. A lógica é a mesma na construção: o "calçado" precisa ser adequado para o "piso" onde se apoiará, distribuindo o peso da maneira correta.

Na obra, o "calçado" é a sapata de fundação e o "piso" é o nosso solo. Por isso, a pergunta crucial não é apenas "o terreno aguenta o peso?", mas sim: "quanto ele vai afundar (deformar) com esse peso?". É essa deformação, que quando mal prevista, causa as temidas trincas e outros problemas estruturais.

E como descobrimos isso? Primordialmente, com uma "radiografia" do subsolo, a sondagem SPT. Depois, nos apoiando em um profissional de geotecnia, capacitado e experiente. Esse exame de solo que nos revela segredos e a indispensável atuação de um Eng° Geotécnico, nos conduz ao dimensionamento (determinação) do "calçado" ideal, garantindo que a construção fique estável por gerações.

Portanto, uma fundação rasa não é um simples apoio. É uma solução que nasceu do diálogo inteligente da obra com o terreno, garantindo que as fundações e o solo conversem a mesma língua, em perfeita harmonia.