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História do EC Primavera é preservada por acervo digital

Memórias dos 94 anos do clube são mantidas voluntariamente pelo historiador Roberto Barce

 Publicado em  27/01/2021 às 21h47  atualizado em 28/01/2021 às 10h25 - Indaiatuba  Esportes


Acervo idealizado pelo primaverino Roberto Barce é considerado um patrimônio histórico do clube

Acervo idealizado pelo primaverino Roberto Barce é considerado um patrimônio histórico do clube
Foto: Arquivo pessoal

Jean Martins
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Histórias e memórias foram feitas para ser guardadas! E no Esporte Clube Primavera, clube que completa nesta quarta-feira (27) 94 anos de existência, essas lembranças são muito bem preservadas graças ao historiador Roberto Barce, de 56 anos. Torcedor fanático do Fantasma há 45 anos e conhecedor de ponta a ponta da história do clube, Barce preserva os momentos de glória por meio de um riquíssimo acervo digital.

São fotos, vídeos, recortes de jornais antigos, dados e muita informação dos 1.078 jogos oficiais, além de jogos amadores e amistosos em que o Tricolor de Indaiatuba esteve campo. Um baú virtual carregado de grandes histórias, que só poderia ser preservado por alguém muito apaixonado pelo Fantasma da Ituana.

Confira a abaixo o bate-papo com o historiador:

 

Jornal Mais Expressão (JME) – Desde quando torce para o Primavera e como iniciou essa paixão?

Roberto Barce: Vou ao estádio e acompanho o Primavera desde 1976, portanto em 2021 vou completar 45 anos como torcedor. Iniciei justamente no ano em que o clube voltou a disputar um campeonato profissional. Porque, anteriormente, disputou três competições na década de 50 (52, 54 e 58), mas depois ficou competindo somente em campeonato amadores, tanto em nível estadual quanto municipal. Então nessa volta ao futebol profissional, na segunda divisão de 1976 (equivalia a uma A3 atualmente), tínhamos um time formado principalmente por jogadores da cidade. Neste ano o Primavera fez um campanha mediana e foi um marco importante nessa retomada ao futebol profissional.

JME – Quando viu pela primeira vez um jogo do clube?

Barce: O primeiro que assisti foi no atual estádio do clube, no dia 18 de julho de 1976. Foi a primeira partida do Primavera no seu retorno ao futebol profissional. Nós empatamos em 1 x 1 com o Usina São Jorge, da cidade de Rio das Pedras. O nosso gol foi marcado pelo Liquinho, aos 32 minutos do primeiro tempo. Mas desse campeonato, o jogo que mais me recordo foi contra o Capivariano, em Indaiatuba, em que o adversário venceu por 2 x 0. Na época não existia emissora de rádio em Indaiatuba e a frequência da Rádio Cacique de Capivari pegava muito mal. Então foi o primeiro jogo que consegui ouvir no rádio, no próprio campo do Primavera, com muita dificuldade, num radinho de pilha  

JME – Quando começou a colecionar memórias do clube por meio do acervo digital?

Barce: Eu faço registro do clube há anos, sempre de forma voluntária, guardando minhas lembranças, meus registros. Só que no passado, sem os recursos da internet, você ficava limitado aos recortes dos jornais locais da época. Minha profissão (engenheiro eletricista) também não permitia que eu me dedicasse integralmente a esse assunto. O trabalho de historiador é prazeroso, mas ele nunca tem fim. Quanto mais você descobre, quanto mais detalhes têm, mais informações você quer descobrir. É um trabalho de formiguinha, de persistência. Mas agora, com os recursos de internet, você consegue muita informação. Não é uma coleção do ponto de vista física e hoje é um acervo 100% digital.

JME – O que tem atualmente no acervo?

Barce: O acervo é bastante rico! Praticamente é composto por uma planilha no Excel, com subpastas ano a ano, e em cada uma delas têm planilha com jogos, datas das partidas, autores de gols e o tempo em que os mesmos ocorreram. Temos fotos de alguns jogos e, dependendo do período, até vídeos.

Eu já tenho acordado com o presidente do Primavera (Eliseu Marques), que isso é um acervo do clube, que é o personagem principal, e a razão da existência desse material. Quanto mais se divulga, melhor é! Ao longo desses anos tenho registro de todos os jogos oficiais da Federação (44 Paulistas e 2 Copas Paulistas), com as partidas na sequência e com fichas técnicas de algumas partidas. Tenho digitalizado todos os jornais de Indaiatuba, desde a década de 30, com o primeiro jornal da cidade (O Indaiatubano).

Além das partidas oficiais - que hoje são 1.078 -, tenho ainda cadastrados os jogos amadores, sejam em campeonatos ou durante amistosos. E tem ainda as partidas das categorias base, cujo material vou enriquecendo ao longo do tempo.

JME – Nessa história de glórias do clube, qual fato foi marcante para você como torcedor?

Barce: O importante para clubes do porte do Primavera, diferentemente dos grandes, não são os títulos e sim são os acessos. Porque, como sempre estamos nas divisões inferiores, o que o torcedor quer é subir. Subir de divisão é o bolo de aniversário, o título é apenas a cereja. O acesso de 2003, por exemplo, foi mais importante que alguns títulos. Em 2014, nós também tivemos acesso à Série A3. E voltando mais no tempo, em 1982, todos que viverem essa época consideram que foi o nosso melhor time, com a melhor participação num campeonato. Na época disputávamos uma Segunda Divisão, “inchada”, com 52 times, e ficamos entre os oito melhores. Por detalhes não ficamos entre os quatros que subiram para Primeira Divisão. Então disputamos uma divisão equivalente a A2 e chegamos com reais chances de acesso à A1 do Paulista, o que daria uma magnitude para o clube. Enfim, o melhor time foi o de 1982 e os fatos marcantes foram os quatro títulos e os acessos respectivos, mesmo nos anos em que não tiveram títulos.

JME – Como você vê o clube atualmente, dentro e fora de campo?

Barce: Ano após ano a gente vive um drama sobre como o clube estará estruturado, seja na sua gestão ou dentro de campo. A gente sempre fica na expectativa que algo melhor venha, porque queremos ver esse clube pelo menos numa Série A2. Acredito ser o “local” correto que ele deva estar e se manter, pois não adianta subir e depois cair, é preciso estabilidade.

Essa parceria atual, com o Deco (ex-jogador e parceiro do clube) e sua equipe, gerou muita expectativa, mais em função ao nome do jogador. Mas a gente entende também a dificuldade deles entenderam do nível de qualidade de uma A3, de começar um trabalho do zero, iniciando meio as pressas. Melhoraram a estrutura do clube, com condições mínimas necessárias. Em contrapartida, a diretoria trabalho para adequar o estádio às exigências da Federação Paulista.

O ano passado foi uma experiência muito ruim dentro de campo, ficamos em 13°, apenas duas posições acima dos dois times rebaixados, correndo risco o tempo todo e enfrentando uma pandemia que, entre os clube da Série A3, o Primavera foi o mais afetado, pois teve diversos desfalques de jogadores por conta da Covid-19. A gente entende toda a situação e não dá para cobrar algo no atual cenário. O acesso a Série A2 não é uma obrigação, mas é obrigação “brigar” pelo acesso. Assim, este ano esperamos que o clube tenha um desempenho melhor, as expectativas são boa, apesar de que as informações são muito raras e o que dizem é que os investimentos serão bem pontuais.

JME - Como está sendo a repercussão do acervo nas redes

Barce: A questão do acervo no Facebook foi uma ideia que nasceu justamente para poder compartilhar com os demais torcedores. O Primavera tem certa carência na divulgação junto as mídias, seja local e estadual. Talvez as redes sociais sejam uma forma de expandir o conhecimento. A ideia é que os jovens passem a saber que o Primavera já fez muita coisa nesses 94 anos. Então eu procuro mesclar fatos do passado mais distante, com passado intermediário, com um mais recente. Tudo para cair no gosto da maioria, para que nossa torcida cresça cada vez mais e que possa comparecer ao estádio, lógico, quando todos estiverem vacinados, com segurança e alegria. Espero que o grupo no Facebook seja uma forma agradável de divulgação do clube.  

Participe do Grupo: ACERVO DO E.C. PRIMAVERA

JME – O que você daria de presente para o clube nesses 94 anos?

Barce: Da parte real, eu daria essa minha dedicação, esse trabalho voluntário de divulgação. Daria essa revista comemorativa, lançada essa semana em comemoração aos 94 anos e que resume a história do clube em 44 páginas.  Clique AQUI e baixe a edição da revista! 
Agora, se eu tivesse uma varinha mágica ou fosse o gênio da lâmpada, o meu presente seria uma arena, um estádio novo, numa área mais afastada da cidade, com todos os recursos, com sistema de iluminação, capacidade para pelo menos 25 mil pessoas; além de um time na Série A 2 do Paulista e quiçá em alguma série do Campeonato Brasileiro, na D ou C. Esse é um sonho futuro, mas se a gente pensar e agir em degrau em degrau, quem sabe um dia não chegamos lá.

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    Foto: Arquivo pessoal

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