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Empresas se reinventam para vencer a crise da pandemia em Indaiatuba

Mais de 5 milhões de empresas em todo o Brasil tiveram de mudar processos por conta da crise

 Publicado em  23/04/2021 às 12h05  atualizado em 23/04/2021 às 13h47 - Indaiatuba  Coronavírus


Eloy de Oliveira
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Quem não se reinventar, morre. A frase do consultor Paulo Sérgio Maso, que atua em projetos de gestão estratégica e de reestruturação de empresas em Indaiatuba, pode parecer fatalista, mas é a realidade.

“Ao menos enquanto durar a pandemia, se reinventar é a palavra de ordem para quem pensa em manter o seu negócio e para quem quer aproveitar as oportunidades surgidas”.

A razão é muito simples, ele diz: nada está como antes e as mudanças exigem mudanças.

Pesquisa do Sebrae - SP revela que mais de 5 milhões de empresas em todo o Brasil tiveram de mudar processos por conta da crise.

A informação é confirmada pela gerente do Ciesp em Indaiatuba Cristiane de Donato. Ela afirma que as indústrias maiores mudaram suas linhas de produção, enxugaram custos e reduziram pessoal para enfrentar a crise.

Mas há também aquelas que se reinventaram completamente, mudando o seu foco. Os produtos mais consumidos por conta da pandemia, como álcool, máscaras, luvas e protetores de rosto ganharam investimentos.

Existem empresas que montaram frotas para entregas de produtos e a logística ganhou status muito acima do que tinha antes.

O secretário de Governo da Prefeitura, Luiz Alberto Cebolinha Pereira, que responde pelo Sebrae na cidade, afirma que as pessoas correram fazer cursos de empreendedorismo para aprenderem a reinvenção. “Os nossos cursos estão todos lotados”, diz.

O Sebrae mantém parceria com a Prefeitura para a realização e essa combinação se estende ainda com o Senai e com o Senac, formando novos empreendedores tanto para a indústria quanto para o comércio e os negócios próprios.

O presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Indaiatuba, Jair Sigrist, diz que a maioria dos empresários do comércio teve de se reinventar para se manter.

Ele lamentou que as medidas de isolamento social tenham punido com mais rigor o comércio, em vez de atacar as festas clandestinas, o transporte público e outros locais onde há a aglomeração de fato.

“Espero que não haja mais fechamentos. Apostamos agora no Dia das Mães para uma recuperação. Mas ainda será pequena”, diz.

Para o presidente da Câmara, Pepo Lepinsk (MDB), o foco agora deve ser o da união de esforços no sentido de favorecer as reinvenções. Vários vereadores fizeram propostas com esse objetivo.

Leandro Pinto (DEM), por exemplo, sugeriu à Prefeitura que haja isenção ou adiamento de pagamentos das obrigações tributárias para micros e pequenas empresas.

O assunto ainda está em discussão entre os técnicos da área tributária da Prefeitura.

Consultor acompanha passo a passo

O consultor Paulo Sérgio Maso se dedica a ajudar empresas a se reinventarem na crise. Só neste primeiro ano de pandemia foram 15 reestruturações. Ele acompanha passo a passo.

“O mais difícil é transformar as pessoas. Mudar hábitos e costumes. Tirar o empresário da zona de conforto dele e mostrar uma nova realidade, que exige transformações rápidas”.

A estratégia para isso é explicar cada detalhe e acompanhar a implementação. “Primeiro eu oriento, depois estabeleço controles rigorosos e, por fim, a gestão estratégica a partir dali”.

Um dos entraves mais complicados, diz o consultor, é que muitas empresas não têm administradores profissionais. “As pessoas acham que vão dar conta e não dão”.

Ele afirma que a pandemia expôs mais essa deficiência. “Hoje eu vejo o medo do empresário com facilidade. Ficou evidente. Além dos traços de personalidade. O pavio curto”.

Para Paulo Maso, é patente neste momento que quem não se reinventar, morre, até porque a crise não vai terminar da noite para o dia. “O empresário precisa ter foco e orientação”.

Delivery é uma das principais apostas

Uma pesquisa, realizada pelo Sebrae – SP, aponta que, apesar da crise, pequenos empreendedores estão evoluindo neste momento, seja na forma de trabalhar, seja na dinâmica da promoção de vendas, e o delivery é uma das principais apostas deles.

Além disso, a rede social se tornou o meio de divulgação mais usado por esses empresários.

Um exemplo é o Dona Maria’Ana Restaurante, um pequeno negócio que funciona nas proximidades da Câmara de Vereadores.

Antes da pandemia oferecia um self-service que era bastante frequentado pelas pessoas que trabalham naquela região. Com o fechamento compulsório, os clientes sumiram.

Kelly Rodrigues, filha dos fundadores do negócio e administradora hoje, diz que teve de mudar depois de ser obrigada a desligar seis funcionários e ver o faturamento cair 30%.

A saída foi transferir o self-service para a marmitex e oferecer o serviço também para indústrias, apostando no delivery.

“Fizemos muita divulgação pela rede social”.

A nova montagem individualizada da marmitex permitiu ao cliente fazer as combinações que já fazia presencialmente, com a vantagem de receber em casa, e os custos foram adaptados a isso também.

Em relação às indústrias, elas têm retorno fixo, pois assinam contratos por períodos.

Hoje as indústrias representam 40% do faturamento do restaurante e estão crescendo.

“Não aumentamos o faturamento, mas mantivemos o negócio e aprendemos a lidar com a crise. Agora estamos apostando no que deu certo para aprimorar a oferta e ajustar ainda mais o que temos com o cliente”, diz Kelly.

O restaurante mantém nove funcionários.

O delivery também foi a saída para a Ovos Marucci, um negócio que foi criado em maio de 2020, no meio da crise, aproveitando a oportunidade gerada pela pandemia.

Elaine Marques, uma das sócias, conta que o marido Dênis perdeu o emprego no início da crise e ela ficou sozinha para manter o orçamento da casa (eles têm três filhas).

“Ele ouvia passar aqueles carros de gente que vende ovos nos bairros e teve a ideia de criar o ovo delivery, com o diferencial de não fazer estoque e de ajustar a entrega no dia e horário que o cliente quiser, e eu ajudei sugerindo a estratégia de pegarmos os condomínios”. O negócio deu certo.

Na primeira venda foram 12 cartelas, cada uma com 30 ovos, com um investimento de R$ 100 por cartela. Hoje são mais de mil cartelas vendidas por mês e o faturamento já atingiu R$ 20 mil e deve dobrar até julho.

Toda a divulgação é pela rede social. Para incrementar as vendas e personalizar o serviço, Elaine e Dênis agregaram produtos que conversam comercialmente com os ovos.

“Hoje vendemos queijo artesanal de uma família que tem produção própria e é sem conservantes e preparos para bebidas, como capuccino, chocolate e café com leite, que vem de outra família da região”, diz ela.

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