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Descoberta de ave “extinta” mostra importância da área de conservação

Pato que era considerado extinto foi visto no Parque Estadual da Serra do Mar; é o segundo registro dela em SP, depois de 197 anos

 Publicado em  21/02/2018 às 09h47  São Paulo Capital  Variedades


Um pato-mergulhão, uma das aves mais ameaçadas das Américas e das mais raras do mundo, foi registrado pela segunda vez no Estado de São Paulo, após 197 anos. O histórico registro aconteceu no Núcleo Padre Dória, em Salesópolis, numa área restrita à visitação. Para se ter uma ideia, a espécie denominada cientificamente como Mergus octosetaceus já foi considerado extinta entre os anos de 1940 e 1950.

“O trabalho demonstrou a importância do manejo adequado das Unidades de Conservação e suas zonas de amortecimento para garantir a perpetuação de espécies como esta”, comentou o gestor do PESM-NUCAR, Miguel Nema Neto.

Miguel participou da elaboração de uma nota científica sobre a descoberta histórica na área da ornitologia, feita pelas equipes dos Núcleos Caraguatatuba e Padre Dória.

Intitulada “Segundo registro do Pato-mergulhão Mergus octosetaceus para o Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil, após quase dois séculos”, a nota foi submetida e está em fase de análise do “Bulletin of the British Ornithologist’s Club”, um dos mais importantes veículos científicos voltados para a ornitologia no mundo (http://boc-online.org/bulletin).

Os autores da nota são Miguel Nema Neto, a gestora do PESM – NPDor, Ana Lúcia Wuo, o diretor regional da Fundação Florestal, Carlos Zacchi Neto e também a vigilante e autora do registro, Fabiana Dias Pereira, peça-chave na descoberta, que quase passou despercebida.

Fabiana estava fazendo uma ronda de rotina. Como sempre, ela estava com uma máquina fotográfica. De repente, viu uma ave que chamou a atenção pelo local onde se encontrava e fezer a foto. “Na hora pensei: parece um biguá. Olhando a foto, percebi que o bicho tinha um topete chique, mas não dei muita importância”, comentou.

Uma reportagem na TV, entretanto, fez Fabiana perceber o feito. “Quatro meses se passaram, até que reconheci o pato-mergulhão numa reportagem da TV. Foi aí que caí na real: era uma ave considerada extinta no Estado de São Paulo e eu a encontrei!”, disse, emocionada. “Sou apaixonada pela natureza e esse achado me deixou muito feliz, porque mostra a importância do parque e do nosso trabalho na preservação das espécies”, completou Fabiana.

O pato-mergulhão é uma espécie adaptada a cursos hídricos de regiões montanhosas. Ela vive em rios límpidos e caudalosos de altitude, principalmente em corredeiras, pousando em rochas e árvores caídas na água. Alimenta-se de peixes e outros animais da fauna aquática. Instala ninho nas fendas de rochas e em ocos de árvores mortas, às margens dos rios. Possui cor verde-petróleo, principalmente no macho, pés vermelhos e asas com detalhes brancos.

Diante do registro, agora o trabalho será feito no sentido de preservar o ambiente adequado para o pato-mergulhão. “A partir desta descoberta, buscaremos apoio da comunidade científica para definirmos as estratégias de conservação, a fim de garantir a vida da espécie no local”, declarou Miguel Nema Neto.

Pouco tolerante a impactos ao ambiente, o pato-mergulhão é sensível a impactos ao meio ambiente e requer um habitat muito específico viver. Qualquer alteração hidrológica em seu habitat, como a expansão das atividades agropecuárias, a poluição e barramento de rios e a supressão de vegetação ciliar, podem inviabilizar sua sobrevivência no local.

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