Consumo consciente: roupas que não usamos mais, onde e como descartar?

Quase 50% das pessoas nunca ouviram falar sobre reciclagem de roupas no Brasil
Foto: Istock

Flávia Girardi

O Brasil produz por ano 170 mil toneladas de resíduos têxteis e apenas 20% desse material é reciclado, segundo dados do Sebrae. O restante, 136 mil toneladas de roupas, acaba em lixões e aterros sanitários.

Pesquisa inédita no Brasil feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre impactos socioambientais do algodão, poliéster e viscose, revelou que a falta de informação pública e confiável acerca dos resíduos gerados pela indústria têxtil é grande, 49.9% das pessoas nunca ouviram falar sobre reciclagem de roupas no Brasil e 56,8% estariam dispostas a reciclar suas peças de roupas se soubessem que elas, de fato, estão sendo recicladas.

Mas afinal, o que fazer com uma roupa que não usamos mais? Aquelas peças que ainda estão em bom estado de uso podem ser doadas ou revendidas. O estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que no Brasil, as pessoas preferem doar 87,9% a projetos sociais e igrejas, enquanto 20,3% têm o hábito de revender as peças. Mas e aquelas peças que não servem mais para o uso?

Apesar da legislação brasileira contar com importantes normas, como a resolução CONAMA nº 313/02 e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), nenhuma delas abrange o lixo proveniente das empresas da rede produtiva têxtil, deixando uma lacuna referente ao assunto. O Projeto de Lei 270/2022, que prevê um sistema nacional de logística reversa de resíduos têxteis após o descarte, para fins de conservação e preservação do meio ambiente, com a participação incentivada de fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores do produto ainda aguarda tramitação na Câmara dos Deputados.

Segundo a engenheira ambiental e pesquisadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Resíduos Sólidos (NEPER) da USP, Ana Maria Costa de Castro, o caminho para resolver a problemática da destinação de tecidos seria justamente a criação de um sistema de logística reversa para este tipo de resíduo. “Caberia ao governo dialogar com os diferentes atores e fiscalizá-los, e ao setor produtivo, estruturar e implementar o sistema, criando pontos de entrega para a população destinar seus resíduos e promovendo campanhas de divulgação. Para começar, os programas de logística reversa de outros resíduos poderiam ser usados como exemplos. É muito importante investir também em programas de educação ambiental da população, focando em aspectos como consumo consciente, doação e reutilização, além do descarte correto para a reciclagem”, destaca.

Onde descartar tecidos em Indaiatuba

Em Indaiatuba não há nenhum ponto de coleta ou de descarte de tecidos por parte da Prefeitura Municipal, mas algumas marcas já trabalham com logística reversa e reciclagem, como é o caso da C&A com o Movimento ReCiclo, uma iniciativa que busca estimular o consumidor a destinar suas roupas em boas condições para a doação. Para isso, basta levar a peça à loja da marca no Polo Shopping.

Para outras cidades basta ver os pontos de coleta em: https://sustentabilidade.cea.com.br/pt-br/Documents/Regulamento_Movimento_ReCiclo.pdf

A Renner também possui um programa chamado EcoEstilo, basta levar  suas peças sem utilidade até uma unidade com ponto de coleta e eles se encarregam de enviá-las para reciclagem ou reutilização.

A marca de pijamas e acessórios Puket também recebe meias velhas para reciclar e doar para pessoas em situação de vulnerabilidade.

A Marca HOPE, especializada em peças íntimas, também recebe peças usadas e em bom estado, desinfeta e higieniza calcinhas, sutiãs e pijamas usados de qualquer marca, para doar para ONGs, fundações ou entidades religiosas. Na nossa região, há ponto de coleta em na loja HOPE do  Plaza Shopping em Itu.