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Cinema brasileiro no século 21

Baseado em dois anos de entrevistas com os mais importantes nomes do cinema nacional

 Publicado em  04/04/2012 às 13h52  Brasil  Cultura e lazer


 

Investigar o cinema brasileiro ao longo de dois anos trouxe ao jornalista Franthiesco Ballerini muitas surpresas, perspectivas otimistas e algumas decepções. Baseado em entrevistas com os mais importantes nomes do cinema nacional, além de pesquisas e dados da indústria, ele fez um retrato fiel da produção cinematográfica hoje nas áreas de atuação, direção, roteiro, exibição, distribuição e legislação, entre outras. O resultado está no livro Cinema brasileiro no século 21 (304 páginas, R$75,90), lançamento da Summus Editorial. Mais do que fornecer dados, defender teses ou aprofundar questões, Ballerini apresenta reflexões de profissionais atuantes no cinema brasileiro. "Somente conhecendo a fundo nossa história audiovisual e refletindo intensamente sobre os rumos da cinematografia contemporânea, conseguiremos difundir entre todos os brasileiros o hábito de assistir a filmes nacionais", afirma o autor. O lançamento acontece no dia 17 de abril, terça-feira, das 19h às 22h, na Livraria do Espaço (Rua Augusta, 1475).



Para Jean-Claude Bernardet, que assina o prefácio do livro, o cinema brasileiro deste século 21 pode - e precisa - passar por uma mudança de valores. Até hoje, diz ele, trabalhar para o público não é algo bem-visto entre os cineastas. "O ideal é vislumbrarmos um cinema absolutamente diversificado, que corresponda ao gosto do público e do grupo dos intelectuais, sem que seja necessário optar por um deles", afirma. Entre os cineastas, documentaristas, roteiristas, distribuidores, produtores, atores e especialistas entrevistados estão Leon Cakoff e Gustavo Dahl (ambos falecidos em 2011 e que deram uma das suas últimas entrevistas em vida), Marco Woldt, Alberto Flaksman, Inácio Araújo, Fernando Meirelles, Cacá Diegues, Marçal Aquino, Fernando Bonassi, Andrucha Waddington, José Wilker, Leona Cavalli, Leonardo Medeiros, Léa Garcia, Selton Mello, Wagner Moura, Daniel Filho e Luiz Carlos Barreto. A obra é ilustrada com fotos de várias produções brasileiras, entre elas: Central do Brasil, Bicho de sete cabeças, Tropa de elite e Cidade de Deus.



A obra, dividida em 12 capítulos, traz uma análise do cinema nacional, incluindo história, internacionalização, ensino do cinema e documentários. Em sua vasta pesquisa, Ballerini constatou que, hoje, grande parte dos profissionais envolvidos na teoria e prática do cinema brasileiro acredita que seja necessário buscar cada vez mais um cinema que se comunique com o espectador, para a ampliação do público. Mas essas mesmas pessoas também inscrevem projetos nos editais de incentivo para falar de experiências pessoais ou temas que lhes agradem, sem levar em consideração a vontade do público.



"Trata-se de algo no mínimo preocupante", afirma o autor. Segundo ele, das quase 70 produções brasileiras feitas, em média, por ano, provavelmente menos de 10% têm capacidade de atingir o grande público e aumentar o market share do cinema nacional, fomentando, assim, o hábito de ir ao cinema para assistir às produções feitas internamente, crucial para a formação de uma indústria menos dependente de recursos do Estado. No entanto, diz ele, praticamente todos os filmes nacionais utilizam recursos públicos durante o processo de produção. Só no ano de 2010, por exemplo, foram captados mais de R$154 milhões para a realização de produções audiovisuais. "É muito dinheiro, especialmente levando-se em conta que tal investimento não retorna para o governo e nem para o contribuinte", afirma Ballerini.



O livro começa pela análise da história do cinema brasileiro no século 20, para que o leitor compreenda como se chegou ao cenário atual, detalhando fatos importantes da cinematografia brasileira desde o seu nascimento. O autor conta que a "belle époque" do cinema nacional se deu graças à regularização da distribuição da energia elétrica no Rio de Janeiro. A obra trata ainda das eras Atlântida e Vera Cuz, passando pelo Cinema Novo, o Cinema Marginal e a Embrafilme, que culminou com a morte do cinema nacional. Conta também como foi a retomada: as bases para o século 21.



"Podemos admitir que a Retomada começou em 1995, com Carlota Joaquina, e terminou em 2002, com Cidade de Deus, já que, com o início do século 21, foram apresentadas novas peças para um maquinário cinematográfico que já estava a toda velocidade", afirma Ballerini. Segundo ele, entre 1997 e 2002, a afluência dos espectadores brasileiros às salas de exibição cresceu de 52 milhões para cerca de 90 milhões, ou seja, 70%. E os filmes nacionais foram vistos por um público cada vez maior, que pulou de 2,5 milhões para sete milhões de espectadores.



O foco do livro é justamente o que Ballerini chama de Pós-Retomada, com uma herança composta de mais de um século de alternância de ciclos, vícios, fracassos, sucessos comerciais e artísticos e experiências. A obra mostra que, apesar dos problemas, no século 21 também houve avanços na cinematografia brasileira. A começar por sua maior diversidade: a produção nunca foi tão heterogênea. Atualmente, diz o autor, não há apenas uma tendência no cinema nacional - como ocorria com o Cinema Novo - mas várias, sendo produzidos desde filmes espíritas até boas e velhas comédias. "E a diversificação da produção contribui para o estabelecimento de novos públicos", complementa.



Segundo o jornalista, no período em que as entrevistas eram realizadas alguns mitos ruíram, como o de que a indústria norte-americana é autossustentável. Se nem mesmo Hollywood conseguiu prescindir da proteção governamental, como isso seria possível para cinematografias muito menos desenvolvidas - em termos de produção para o mercado -, como a brasileira?



Na sua avaliação, o cinema de arte vem surpreendendo o Brasil e o mundo no século 21. Porém, diz ele, o ideal é que as exceções virem regra e que predominem produções que sejam igualmente louváveis como filmes de arte, mas que também consigam um grau tão sofisticado de comunicação com o público, a ponto de garantir tudo o que qualquer produtora ou cineasta almeja: críticas positivas, prêmios nacionais e internacionais e sucesso de bilheteria. "Por isso, que venham mais filmes como Central do Brasil, Cidade de Deus e Tropa de elite, as principais produções do período compreendido entre o início da Retomada e o final da primeira década do século 21", conclui Ballerini.



O autor



Franthiesco Ballerini, jornalista, foi crítico de cinema do Jornal da Tarde por sete anos e colaborador de O Estado de S. Paulo, produzindo reportagens especiais e entrevistas em Hollywood. Mestre em Comunicação Social, especialista em história do cinema mundial, colaborou com as revistas Bravo!, Contigo!, Quem e Sci-fi News e foi colunista cultural da Rádio Eldorado e da TV Gazeta. Autor de Diário de Bollywood - Curiosidades e segredos da maior indústria de cinema do mundo (Summus, 2009), é crítico e colunista da Revista Valeparaibano, além de professor e coordenador da Academia Internacional de Cinema. Também ministra palestras e cursos sobre cinema e cultura em instituições do Brasil e do mundo. Mais informações: www.franthiescoballerini.com.



Título: Cinema brasileiro no século 21 - Reflexões de cineastas, produtores, distribuidores, exibidores, artistas, críticos e legisladores sobre os rumos da cinematografia nacional.

Autor: Franthiesco Ballerini

Editora: Summus Editorial

Preço: R$ 75,90

Páginas: 304 páginas - 17 x 24 cm

ISBN: 978-85-323-0706-4

Atendimento ao consumidor: 11-3865-9890

Site: www.summus.com.br

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