Cerca de mil funcionários da Toyota protestam contra projeto de terceirização

Funcionários da produção de dois turnos Toyota realizaram uma paralisação de 24 horas nesta quarta-feira, dia 15, em protesto ao projeto que visa regulamentar a contratação de empregados terceirizados pelas empresas. De acordo com a Intersindical, ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, foram cerca de 700 funcionários do turno da manhã e 300 do turno da noite. 

A primeira paralisação ocorreu por volta das 6 horas, quando os trabalhadores ficaram por horas parados em frente à sede da empresa e retornaram para casa. O ato voltou a acontecer às 17 horas, horário de entrada dos funcionários do segundo turno, que também foram orientados a retornarem para casa.  

A reportagem acompanhou o movimento dos protestantes e ao Jornal Mais Expressão o diretor da Intersindical, Eliézer Mariano da Cunha, informou que a paralisação seria de somente 24 horas. “Não é uma greve, amanhã (quinta-feira, dia 16) eles retornam normalmente ao trabalho. É uma paralisação para mostrar aos empresários que somos contra a terceirização dos trabalhadores”, diz. 

Segundo o diretor, os protestos são contra: o projeto de terceirização, os baixos salários e o crescente número de acidentes de trabalho. “A cada dia temos a notícia de um trabalhador que se machucou ou morreu em decorrência de um acidente de trabalho, por falta de segurança, estrutura e treinamento”, ressalta. “E com relação à terceirização somos contra por que trabalhadores terceirizados têm salários mais baixos, fazem as refeições em restaurantes diferentes dos demais trabalhadores, não fazem parte do Sindicato dos Metalúrgicos, recebem uniformes diferentes, enfim, há uma diferenciação perante os outros trabalhadores, é mais um boicote aos direitos dos trabalhadores”. 

Além da Toyota em Indaiatuba, a Intersindical informou que houve paralisação de 24 horas na Mercedes – Benz e Honda em Campinas. 

A reportagem conversou com alguns funcionários que preferiram não se identificar. Eles afirmam que são contra a terceirização, pois isso certamente ira colocar seus empregos em risco. “Sou contra por que com essa opção eles vão preferir terceirizar os funcionários a contratar normalmente e isso coloca nossos empregos em risco”, disse um deles. “O trabalhador terceirizado perde os seus direitos e isso quer dizer mais lucro para as empresas, por isso sou a favor da paralisação”, destacou outro entrevistado. 

Votação 

O texto principal do projeto de terceirização foi aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 8 por 324 votos a favor, 137 votos contrários e duas abstenções. As propostas de destaques (alterações do texto) seriam discutidas nesta quarta-feira, dia 15, mas um acordo entre os partidos determinou pelo adiamento e a votação deve ocorrer na próxima quarta, dia 22. 

Criticada pelo PT e algumas centrais sindicais e defendida por empresários, a proposta permite que empresas contratem trabalhadores terceirizados para exercer qualquer função. 

Atualmente esse tipo de contratação é permitido apenas para a chamada atividade-meio, e não atividade-fim da empresa. Ou seja, uma universidade particular, por exemplo, pode terceirizar serviços de limpeza e segurança, mas não contratar professores terceirizados.

Depois de concluída a votação, o texto ainda precisa passar por análise no Senado.