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Brasileiros avançam em pesquisa para produção de uvas sem sementes

Chamada de uva apirênica de mesa, essa variedade difere da espécie vinífera, adequada para a fabricação de vinhos finos

 Publicado em  16/07/2017 às 13h00  Brasil  Cidades


Pesquisadores da Embrapa avançam nos estudos para produção de uvas sem semente

Pesquisadores da Embrapa avançam nos estudos para produção de uvas sem semente
Foto: Valtarir Comachio/Embrapa/divulgação/direitos reservados

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Bento Gonçalves (RS) avançaram na exploração de estruturas moleculares que, se alteradas, facilitam a produção de uvas sem semente. Chamada de uva apirênica de mesa, essa variedade difere da espécie vinífera, adequada para a fabricação de vinhos finos.

A estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jaiana Malabarba é uma das autoras de um artigo, publicado noJournal of Experimental Botany, da Universidade de Oxford, que foi fundamental para os trabalhos da equipe do Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho, coordenado pelo pesquisador Luís Fernando Revers.

Os pesquisadores observaram o gene VviAGL11 de duas uvas: a Chardonnay e a Sultanina, que não possui sementes e também recebe o nome de Thompson Seedless. A Sultanina é a responsável por originar a maioria das variações de uvas de mesa comercializadas.

“Nos últimos dez anos de investigação, existiam hipóteses sobre a formação da semente na uva, mas não comprovações. Nós não inventamos a roda. O que nossa equipe conseguiu fazer foi uma estratégia de investigação que comprovou que o gene é importante para a formação da semente. Nas videiras com fruto normal, quando a baga da uva está do tamanho de uma ervilha, a camada ao redor da semente cresce e endurece. Quando o gene não funciona, o rudimento da semente para de crescer", resumiu Revers.

Após dominar as diferenças genéticas entre o gene que compõe a fruta com semente e o da fruta sem semente, o próximo passo é repassar os resultados ao setor de melhoramento da Embrapa, para que elaborem ferramentas de biotecnologia.

“Agora a gente vai usar o conhecimento que utilizou para entender o processo, no desenvolvimento de novas produções de novas cultivares de uvas [uvas melhoradas a partir de uma interferência do ser humano], para ter um cultivo mais acelerado. Usar essas características para fazer cruzamentos e ter uma produção antecipada, uma planta com bases em testes de DNA”, disse Revers.

O estudo foi desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual de Campinas e a Universidade de São Paulo e apresentou, além das análises moleculares e genéticas, fotos e ilustrações. “Esse conjunto de provas foi aceito pelos editores da revista e deu essa repercussão”, comentou o pesquisador.

Histórico

Revers tem se debruçado sobre o tema desde 2004, quando passou a contar com o auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e, posteriormente, da Embrapa. Na primeira etapa do estudo, encerrada em 2007, ele e dois estudantes contavam com um aporte de R$ 90 mil, divididos em dois projetos.

O ingresso de Jaiana na Embrapa marcou a retomada de Revers nas investigações, há cerca de três anos. Para essa etapa, os cientistas contaram com R$ 50 mil.

De acordo com a Embrapa, os primeiros registros brasileiros de aprimoramento genético datam do final do século 19, mas somente em 1940 essa prática passou a ser desenvolvida por instituições públicas. O estado de São Paulo foi o primeiro, seguido pelo Rio Grande do Sul. AEmbrapa Uva e Vinho reúne, em Bento Gonçalves (RS), 166 colaboradores, dos quais 41 são pesquisadores.

De acordo com o levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril deste ano o Rio Grande do Sul concentrava 71,8% de toda área destinada ao cultivo de uvas no país. Na comparação com o mesmo mês de 2016, houve expansão de 8,7% da área plantada e de 115,2% na produção, que atingiu 890 mil toneladas em abril de 2017.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), citada pela equipe no artigo, mostra que, nas últimas duas décadas, o mercado internacional de uvas de mesa tem crescido cerca de 26% a cada ano.

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    Foto: Valtarir Comachio/Embrapa/divulgação/direitos reservados

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