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Autismo e Coronavírus: considerações pertinentes

Como explicar o que é coronavírus para os autistas

 Publicado em  01/04/2020 às 10h40  atualizado em 02/04/2020 às 17h26 - Brasil  Saúde


Foto: Divulgação

2 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. No atual contexto, em meio a uma pandemia de Coronavírus (COVID-19), algumas orientações são pertinentes para pessoas/cuidadores/familiares de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Dra. Deborah Kerches*, neuropediatra especialista em autismo e saúde mental infantojuvenil, autora do e-book "Como explicar o autismo para crianças" (http://dradeborahkerches.com.br/ebook/), comenta que, devido às medidas preventivas, as crianças e adolescentes estão sem aula e em casa. "No caso de crianças e adolescentes com autismo, estes sentem mais as mudanças na rotina. Usar de previsibilidade, pistas visuais, criar novos combinados sempre ajuda", orienta.

"É importante que a família se esforce para oferecer a essas crianças e adolescentes uma rotina mais próxima possível do que a rotina com a qual eles estão acostumados, mantendo, por exemplo, o horário de dormir e acordar, os horários de lanches que existem na escola. No período que seria de aulas, vale manter um momento de leitura, uma atividade de desenhar ou de colar, entre outras medidas neste sentido", acrescenta a neuropediatra.

As famílias devem também, conforme destaca a Dra. Deborah, pedir para que a equipe multidisciplinar oriente com programas de brincadeiras que possam ser aplicadas de maneira divertida e com técnica dentro de casa.

"Brincar sempre nos traz grandes oportunidades de proximidade, carinho e aprendizados. "Precisamos conscientizar e explicar de maneira clara que ficar em casa neste momento é importante para saúde deles e de todas as pessoas no Brasil. E, tão importante quanto estar disponível nesses dias, é acolher nossas crianças e adolescentes que podem estar assustados com todo esse movimento. Dar atenção, colo, carinho e amor é sempre uma receita infalível!", ressalta a Dra. Deborah.

Como falar sobre o Coronavírus

Nem todas as crianças e adolescentes com autismo têm compreensão sobre o que é apresentado para eles. "Para podermos explicar, podemos utilizar de imagens e história social para isso, sempre com o cuidado de não amedrontá-las. Vale imprimir imagens que mostrem a rotina de lavar as mãos após usar o banheiro, antes de se alimentar; de cobrir a boca com o braço ou lenço de papel ao espirrar ou tossir, e depois disso, sempre lavar as mãos e a parte do braço (se for o caso) e de jogar o lenço no lixo", sugere a Dra. Deborah.

"É interessante usarmos ainda desenhos que mostrem que qualquer pessoa pode ficar doente e que, quando isso acontece, ela deve ficar em casa descansando, se cuidando. Os pais/cuidadores devem conversar de forma clara com a criança e o adolescente, sempre com o intuito de acalmá-la/o, mostrando que ela/e está sendo cuidada/o e protegida/o. Devem ainda colocar-se à disposição para esclarecer as dúvidas que a criança/o adolescente tiver sobre o assunto", acrescenta a Dra. Deborah.

Outro ponto importante, conforme destaca a neuropediatra, é que algumas crianças e adolescentes com autismo, em vigência de uma gripe, podem não saber se expressar caso estejam se sentindo mal, com cefaleia (dor de cabeça) ou com algum outro sinal de alarme. "Dessa forma, devemos ficar atentos a qualquer mudança em seu comportamento, e se em vigência de gripe ou de outros sintomas, levá-los para avaliação médica", diz.

Terapias

Terapias

A maioria das crianças e adolescentes com TEA fazem diferentes tipos de terapias, ou seja, costumam frequentar espaços por onde circulam muitas pessoas e onde brinquedos/objetos são compartilhados. "Com a maioria das terapias presenciais suspensas nesse momento (clínicas fechadas), há casos em que está sendo possível que uma única terapeuta/assistente terapêutica atue diretamente nas casas e filmem as sessões, possibilitando assim uma supervisão à distância. Essa é uma medida interessante para ser adotada temporariamente nesta fase, mas é essencial que isso seja feito com precaução e protocolos de limpeza reforçados", explica a Dra. Deborah."

"Sabemos que muitas intervenções com crianças/adolescentes com autismo exigem afetividade, o que é muito importante no tratamento. Porém, num momento como este, é interessante reduzir, na medida do possível, atividades com muito contato físico. Vale usar a criatividade para que as crianças se sintam motivadas e amadas durante as sessões", conclui a Dra. Deborah.

Deborah Kerches* (https://www.instagram.com/dradeborahkerches/) é neuropediatra (CRM 102717/SP, RQE 23262-1), especialista em Transtorno do Espectro Autista e Saúde Mental Infantojuvenil, palestrante, diretora do CAPS infantojuvenil de Piracicaba/SP, autora do e-book "Como explicar o autismo para crianças" (http://dradeborahkerches.com.br/ebook/).

 

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