Instrutor de defesa pessoal prepara mulheres para situações de violência

Tamires Ávila

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Celebrado no dia 10 de outubro, o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher foi uma data comemorada pelo instrutor de defesa pessoal Robson Borges, de Indaiatuba. Isto porque ele vem preparando mulheres para reagir a situações violentas e a lembrança evidencia o trabalho. ”Venho me especializando na modalidade devido à quantidade de ocorrências de violência doméstica”, disse.

Segundo estudo da revista The Lancet, 27% das mulheres entre 15 e 49 anos já sofreram violência assim alguma vez.

Ordinariamente, Borges trabalha como escrivão em delegacia, mas ele também é diretor do Combat Operational System na América do Sul, instrutor de boxe, de Direção Tática, Defensiva e Evasiva, de Operações Especiais da GCI, de Tiro e de Krav Magá, conjunto de técnicas de defesa pessoal desenvolvido pelo exército israelense. Por conta disso, ele criou um programa voltado para as mulheres e o chamou de Rosa Choque, no qual mescla o Krav Magá e a iniciação ao tiro.

A advogada criminal Fabiana Duarte Pires é uma das alunas de Borges há mais de 1 ano e já praticava outras artes marciais antes do convite para conhecer a técnica ensinada por ele. Ela conta que já quase foi vítima de estupro e acredita na sua capacidade de sair de uma eventual situação de risco hoje em dia. “Nós, mulheres, não somos educadas para nos defender e sim ensinadas que alguém fará isso por nós. Mas, na realidade social na qual vivemos, nosso agressor pode ser quem acreditávamos ser o nosso defensor”, declara.

Já a dentista Mariane Vieira nunca havia tido contato com treinamentos como o Krav Magá, o qual conheceu em 2017 e se surpreendeu positivamente. Ela fala sobre o controle emocional que é trabalhado nas aulas e como se sente muito mais confiante hoje. “Só vejo vantagens, as aulas ainda nos trazem benefícios para o corpo, coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade, agilidade, força e diminuição do estresse e ansiedade”, explica ela.

Robson Borges conta que tem novos projetos. Ele falou que pretende trabalhar diretamente com as vítimas, em parceria com a Delegacia da Mulher e o Programa de Prevenção à Violência contra a Mulher – Caminho das Rosas, criado em Indaiatuba em 2019. O professor diz que fica feliz de ajudar tantas mulheres. “Que elas entendam que não devem ser submissas a homens covardes, devem sim se defender e procurar as autoridades competentes”, finalizou.

Programa registra aumento de atendimentos e flagrantes

Em quatro anos de atuação, o Programa de Prevenção à Violência contra a Mulher – Caminho das Rosas registrou um aumento no número de casos. Em 2019, foram 240 atendimentos e 71 flagrantes. Em 2020, 308 atendimentos e 63 flagrantes. No ano passado, aumentou para 341 atendimentos e 72 flagrantes. Já neste ano, até 16 de agosto, foram registrados 257 atendimentos e 32 flagrantes. O programa promove projetos de conscientização para auxiliar na identificação e denúncia, por esse motivo que a Prefeitura acredita que houve essa alta.