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Empreendedorismo feminino se fortalece durante pandemia

Especialista, no entanto, adverte para processo de diminuição de trabalhos formais

 Publicado em  26/11/2021 às 13h14  Indaiatuba  Economia


Lucas Mantovani
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Com o avanço da pandemia e a constante diminuição dos postos formais de trabalho, empreender acabou se tornando uma necessidade, um método encontrado para complementar ou assumir a renda principal do domicílio.

É o caso de Karyn e Mariana Cervera, mãe e filha, que durante a pandemia abriram uma papelaria personalizada para festas.

“Iniciamos a Paparicos em 2019 para renda extra. Com a pandemia, em 2020, a empresa que eu trabalhava precisou me mandar embora e nós focamos na nossa empresa. Foi pela necessidade, eu estava sem trabalho, tinha que fazer dar certo e no final a gente se surpreendeu positivamente”, afirmou Mariana

O empreendedorismo por necessidade acaba por não ser um modelo novo, como aponta a pesquisadora da UFABC, Miriam Algarra. Segundo a especialista, a partir dos anos 2000 essa modalidade vem ganhando força.

“Conforme aumenta a informalidade no mercado de trabalho e vão acabando as oportunidades de emprego formal, as pessoas começam a tentar institucionalizar os bicos, os freelas”, disse Miriam. Em Indaiatuba, por exemplo, o número de cadastros de Microempreendedores Individuais (MEIs) cresceu 46,5%, passando de 12,5 para 18,4 mil, de acordo com o Sebrae SP entre 2020 e 2021. 

Mulheres no comando

Contando com 52 milhões de empreendedores, dos quais 30 milhões (48%) são do gênero feminino, o país é o sétimo no mundo com mais mulheres empreendendo. Segundo os números do Sebrae SP, Indaiatuba não foge muito à regra nacional. Dos 18,4 mil MEIs ativos no município, 47,3% são de mulheres. De acordo com a analista de negócios do Sebrae-SP, Joice Souza de Oliveira, mais mulheres têm buscado o instituto para orientação e consultoria.

“As mulheres que iniciaram seus negócios neste tempo se destacam também pela busca de conhecimento. Elas buscam mais o segmento de comércio, se sobressaindo mais que os homens quando o assunto é vendas pela internet”, conta Joice.

Apesar do número crescente, os desafios referentes ao gênero ainda existem, como aponta Marina Cervera.

“Desde sempre vemos homens como empreendedores, à frente das empresas, então em alguns momentos pensamos se teríamos o perfil para empreender, mas muitas mulheres estão conseguindo principalmente com a internet”, conta Mariana. A jornada de trabalho dupla e os cuidados com a casa, também aparecem como empecilhos. Segundo a organização Rede Mulher Empreendedora, 79% das empreendedoras acreditam que os cuidados com a casa e a família atrapalham mais as mulheres do que os homens que buscam empreender.

Cuidados com o discurso empreendedor

De acordo com Miriam Algarra, o discurso empreendedor vem sendo fortalecido como a única saída para a geração de renda, e de fato ele acaba por gerar, mas deve ser visto com cuidado.

“O empreendedorismo atende a necessidade em uma situação de emergência, mas entendo que não é o suficiente para trazer uma consolidação de um bem-estar social que a gente procura, com a garantia de cidadania plena para todos”, afirmou a pesquisadora da UFABC.

 

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